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sábado, 18 de março de 2017

Plantações de milho estão sendo dizimadas no Interior do Ceará


Esse é um desafio para quem começou a plantar milho e feijão nos roçados do Sertão Central do Ceará


As ansiadas chuvas trouxeram as lagartas, um novo problema ( Fotos: Alex Pimentel )


Como ainda é início da quadra chuvosa, os agricultores aguardam o auxílio dos técnicos das secretarias municipais e da EmaterceQuixadá. "O sertanejo é antes de tudo um forte". Quando o escritor Euclides da Cunha fez esse registro em um trecho do seu clássico literário "Os Sertões", havia motivo para a expressão, que permanece tão contemporânea como nunca. Passados um século e mais 15 anos, aqueles detalhes, embora na esfera da Guerra de Canudos, na atualidade refletem metaforicamente a luta do povo do sertão pela sobrevivência. Hoje, as adversidades como a seca, continuam. Após um longo período de estiagem, a chuva começa a chegar, mas, com ela, o homem do sertão é obrigado a enfrentar outra guerra, contra a lagarta.

Esse é um desafio de quem começou a plantar milho e feijão nos roçados do Sertão Central do Ceará, no início de fevereiro. "Um bichinho miúdo, rastejante e esfomeado está acabando com tudo. Não deixa nem a rama do milho começar a crescer. A lagarta veio e devorou todo o verde, antes mesmo da próxima chuva chegar", comentou o lavrador Raimundo Edvan Castelo Branco. A lavoura dele foi uma, dentre as dezenas espalhadas pela zona rural de Quixadá, prejudicadas pelo ataque desse inseto.
Para ele e os vizinhos, o surgimento da peste, logo após um período longo de estiagem, foi uma surpresa. Não imaginavam enfrentar o problema tão cedo. Acreditavam que a seca tinha acabado com tudo, inclusive com essa espécie predadora dos vegetais. Não foi bem assim. Bastou surgir o intervalo das chuvas na região para as lagartas aparecerem, aos montes. Da noite para o dia, se não houver combate, o plantio fica comprometido. A semente mal germina, reclama.
Como ainda é início da quadra chuvosa, os agricultores aguardam o auxílio dos técnicos das secretarias municipais e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ematerce).
Enquanto o socorro não chega, os trabalhadores rurais viram como podem. Alguns compram agrotóxicos e aplicam nas plantações. Outros recolhem as lagartas com as mãos e recomeçam o plantio, mas as muitas dúvidas permanecem.
Uma dessas dúvidas é quanto à utilização da estratégia certa para o combate à praga, se possível evitar a infestação nos roçados. A maioria não acredita nos defensivos naturais, como a urina da vaca. Outros associam a proliferação exagerada ao ciclo do mosquito Aedes aegypti.
"Esses bichos põem os ovos na mata, como o mosquito, e quando a chuva chega, eles se transformam nas lagartas. Quando já estão bem cheios e crescidos viram borboletas. Voando, põem ovos em todo lugar", comenta o agricultor Antônio Clodoaldo Marinho.
Para alguns, a maneira mais rápida de combater a praga é o retorno das chuvas. Com elas as lagartas caem das plantas e são arrastadas pelas águas. Há até quem diga que os trovões e raios assustam e espantam a espécie. Essa é a opinião do presidente da Associação dos Produtores Rurais de Riacho Verde, Francisco Rodrigues, conhecido como Chicão. Em nome dos associados ele reivindica o auxílio técnico dos órgãos públicos. Se comprarem agrotóxicos, os custos vão se elevar e ainda contaminar as lavouras, acredita.
Assistência
Apesar das dificuldades financeiras, as secretarias municipais de Agricultura e os escritórios da Ematerce estão começando a se mobilizar. Algumas já estão planejando visitas no campo. É o caso da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar de Quixadá. O secretário, José Kleber Júnior, pretende visitar com sua equipe as áreas afetadas e auxiliar os lavradores dentro das possibilidades da Pasta.
O diretor técnico da Ematerce, Itamar Marques, reconhece as dificuldades enfrentadas pelos agricultores familiares nestes últimos cinco anos. Foram momentos difíceis. Tiveram perdas consecutivas de safras, refletindo na descapitalização da classe. A situação só não foi mais dramática em razão das ações governamentais de proteção social, se destacando o Garantia Safra.
Neste ano, apesar das mudanças meteorológicas favoráveis, mais regulares, mas ainda com espaçamentos ensolarados entre os períodos de chuva, os veranicos, esses pequenos períodos de estiagem trazem as pragas para o campo. Há diversos tipos delas, como as de ação sugadora, a exemplo dos pulgões e percevejos, e as de hábitos mastigadores, dentre as quais se destacam as lagartas.
Os insetos, de maneira geral, têm hábitos noturnos. Uns atacam as folhas mais novas da planta. Outros agridem as folhas desenvolvidas, flores e até frutos. Alguns dizimam as plantas na sua fase inicial, outros já no meio do ciclo da cultura e há ainda os ataques aos grãos armazenados.
No caso das larvas de borboleta ou de mariposa que pertencem à ordem dos lepidópteros, elas põem seus ovos, esses se transformam em lagartas e depois em pupa para em seguida virarem novamente adultos. Esse ciclo se dá, dependendo da espécie, em torno de cinco a dez dias. Existem inúmeros tipos, como a das maçãs e curuquerê, do algodão, a da mandiocultura, mandarová da mandioca, a dos capinzais, dentre outras e também as dos milharais e do cartucho do milho.
Sobre as lagartas se assustarem com relâmpagos e trovões, Marques explicou não haver relação, todavia, embora pareça uma lenda rural, a experiência do homem do campo deve ser respeitada. Não podendo se dizer o mesmo quanto à associação do primeiro estágio larval dos insetos da ordem dos Lepidoptera ao do mosquito Aedes aegypt. "O ciclo da lagarta é muito rápido, e ocorre mais rapidamente com o calor e a umidade", reforçou o especialista.
Natureza
"A natureza do agricultor é assim: quando começa a chover a gente trata o roçado e planta. A natureza da lagarta é destruir o nosso trabalho"
Antônio Clodoaldo Marinho
Agricultor

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