domingo, 5 de março de 2017
‘Sempre fui agitada e estou mais tranquila, madura e tolerante’
SAÚDE
SÃO PAULO
Depoimento de Francine Ferreira Freitas Gertner, de 42 anos, dona de casa
Fabiana Cambricoli ,
O Estado de S.Paulo
Foto: Amanda Perobelli/ Estadão
SÃO PAULO - Eu namorava desde os 15 anos, cheguei a ficar noiva, e, aos 19, engravidei, antes de casar. Não programamos esse bebê. Eu ainda fazia faculdade de Direito. Nenhuma menina de 19 anos, no meio da faculdade, espera ter um filho.
Com o apoio da minha família, acabei enfrentando bem a situação, mas me separei um ano depois que a Isadora nasceu. Apesar da assistência familiar e de ter condições financeiras para criar uma criança, a parte emocional pesou. Fiquei confusa porque eu tinha aquela responsabilidade com a minha filha e, ao mesmo tempo, queria estar livre para sair com meus amigos.
Eu era muito jovem. O tempo passou e eu vivi outros namoros longos, mas que não deram certo. Tive depressão. Resolvi ficar sozinha por um tempo e me mudei do interior de São Paulo para a capital. Nessa época, com mais de 30 anos, eu já tinha desistido de casar. Coloquei na cabeça que ia criar a Isadora e tocar a minha vida. Nem cogitava ter outros filhos. Quando estava com 35 anos, conheci uma pessoa. Em seis meses, namoramos, noivamos e casamos. Logo depois, parei de tomar pílula e, seis meses após o casamento, estava grávida da Betina.
Como a diferença de idade entre a Isadora e a Betina é muito grande (quase 20 anos), a segunda experiência de ser mãe foi totalmente distinta da primeira. Para começar, eu nem sabia mais cuidar de um bebezinho. Também me sentia menos confusa e com mais estrutura emocional, mas fiquei mais protetora, preocupada, com um senso de responsabilidade maior. Isso às vezes trazia muita culpa e medo.
Eu e meu marido queríamos outro filho, tanto por nós quanto para dar um irmãozinho da mesma faixa etária para a Betina. Decidimos tentar de novo e, para a nossa surpresa, eu, com 42 anos, engravidei de gêmeos. Fiquei chocada por algumas semanas com a notícia. Tivemos de mudar um monte de coisa. Compramos um carro de sete lugares, estamos querendo nos mudar para uma casa, mas estou muito feliz. A Ana e o Levi nasceram no último dia 25 de janeiro, de cesárea. As duas primeiras meninas tinham sido parto normal. Eu brinco que, hoje, com uma filha de 22 anos, outra de 2 e um casal de gêmeos de 1 mês de vida, eu poderia fazer um blog ou dar consultoria sobre todas as questões da maternidade.
Vivi os dois tipos de parto, tenho filhos de diferentes idades, já passei por quase todas as fases. Outro dia, por exemplo estava dando de mamar às 3 horas ao mesmo tempo em que escrevia uma mensagem para a Isadora perguntando que horas ela voltaria do barzinho.
Mesmo com todas essas experiências, percebo que cada gestação muda a gente. Claro que estou cansada de cuidar de duas crianças, mas elas estão me fazendo uma pessoa melhor. Sempre fui muito agitada e estou mais tranquila, madura e tolerante. A gravidez tardia me trouxe mais segurança.
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