SISTEMA FECOMÉRCIO CEARÁ

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sábado, 4 de março de 2017



Chuvas e garantia de mais 200 mil toneladas de grãos aumentam a crença no crescimento do rebanho regional



A Conab assegura que, além de maior oferta, o preço do insumo fica mais barato ( Fotos: Honório Barbosa )
Marcus Peixoto - Repórter

Fortaleza. Com a esperança de uma quadra chuvosa dentro da média histórica e, principalmente, com precipitações que já estimulam a agricultura de sequeiro, a oferta de milho reduziu a pressão sobre os pecuaristas cearenses. Atualmente, os estoques da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nas unidades mantidas no Estado somam 3.500 toneladas de grãos. A ameaça de faltar o produto, a partir de maio próximo, quando cessam as chuvas, tem sido, inclusive, atenuada com o governo federal anunciando nova oferta para os estados nordestinos ao longo de 2017.

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Também tem contribuído para afastar o temor de falta de alimento para a pecuária o fato de que as chuvas caídas nestes últimos três meses já ocasionaram uma mudança na paisagem da Caatinga. O elemento mais positivo é o surgimento da pastagem. Mesmo assim, as demandas dos produtores vão bem mais além, exigindo não apenas a segurança alimentar dos animais, como uma boa logística que implique na redução de preços dos insumos.

Na enxurrada de boas notícias, destacou-se, na semana passada, o anúncio da destinação de 250 mil toneladas de milho para o Nordeste, com o preço subsidiado, como foi até 2015. Deste total, o Ceará deve ser abastecido com cerca de 70 mil toneladas de milho em grãos ao longo deste ano, conforme informou a Conab.

No entanto, a apreensão persiste entre os produtores cearenses. Em Quixeramobim, onde está localizada a maior bacia leiteira do Estado, a grande queixa é a logística precária para a aquisição do milho vendido pela Conab. O presidente do Sindicato Rural de Quixeramobim, Cirilo Vidal, diz que há ainda uma propensão dos pecuaristas locais em adquirir muito mais o produto em Estados do Piauí e Maranhão do que comprar nos balcões da Conab.

Como não há um posto da Companhia no Município, o mais próximo é em Senador Pompeu. Com isso, há um encarecimento com o transporte para que o alimento chegue até as fazendas.

No caso de Quixeramobim, uma alternativa para reduzir custos com esse insumo foi a criação de uma cooperativa, formada por médios e grandes produtores, que detém cerca de 80 mil cabeças de gado, afora os rebanhos caprino, suíno e ovino, conferindo à região o status de maior bacia leiteira do Estado, apesar da seca. Com a cooperativa, os gastos com a compra em estados vizinhos passaram a ser mais compensadores, uma vez que se dá diretamente com o produtor.

Crítico

O titular da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Dedé Teixeira, diz que o fim do subsídio ao milho foi o momento mais crítico para a produção pecuária no Estado. Conforme lembra, uma saca, que chegou a custar R$ 23, passou a ser vendida entre R$ 51 e R$ 52. "Além do preço ser muito caro, o pecuarista também reclama da distância dos postos de venda até suas fazendas, o que encarece ainda mais a aquisição do insumo com os gastos destinados ao transporte", afirma Teixeira.

Dedé reconhece o papel fundamental da Conab na regulação dos estoques, inclusive para evitar a especulação no mercado interno. No entanto, acredita que se pode avançar mais na questão da logística.

Apesar do milho em grãos estocado nas unidades armazenadoras localizadas em Crateús, Icó, Iguatu, Juazeiro do Norte, Maracanaú, Russas, Senador Pompeu e Sobral totalizar 3.500 toneladas e estar disponível para venda àqueles criadores devidamente cadastrados no Programa, no próximo dia 2 de março, a Conab fará um leilão para contratar frete para remoção de milho para diversas regiões, com previsão de envio de 14,5 mil toneladas para o Ceará.

De acordo com os normativos e legislações que respaldam o Programa, o preço da saca é calculado quinzenalmente pela Conab com base no praticado nos mercados atacadistas locais de cada Estado. Para essa segunda quinzena de fevereiro, o valor da saca de 60Kg no Estado do Ceará é de R$ 46,20.

Maior aquisição

Para que a Conab possa comercializar ao produto por um valor inferior ao do mercado, é necessária autorização especial, por meio de Portaria Interministerial ou legislação específica.

No ano passado, a Conab proporcionou o acesso direto de 25,3 mil pequenos criadores e agroindústrias de pequeno porte de todo o Brasil a mais de 165 mil toneladas de milho em grãos, para utilização na ração animal. O produto foi vendido sem intermediários, a preços compatíveis com os dos mercados atacadistas locais.

Devido à seca, a atuação da Conab foi intensa no Nordeste no ano passado. Foram vendidas 91,2 mil toneladas para 15,5 mil pequenos criadores e agroindústrias da região. Os criadores do Ceará foram os que mais adquiriram o milho do programa (27 mil toneladas), seguidos do Piauí (19,5 mil toneladas).

Subsídio

A queda do subsídio do milho do Programa Venda em Balcão, chegou a elevar o preço do produto em 41% e preocupar o governo do Estado e os pecuaristas, com a elevação do custo de produção do rebanho. A saca, que estava sendo vendida nos postos da Conab, passou para um valor acima dos R$ 55.

O fim do subsídio afeta todo o Estado, em vista dos cursos de produção que já vinham sendo impostos para aqueles que se beneficiavam do programa do governo federal.

No Ceará, há mais de 40 mil produtores inscritos, entre pequenos e médios, uma vez que os grandes são obrigados, por lei, a participar de leilão do produto promovido pela Conab.

O governo do Estado por meio da SDA, tem tentado estimular alternativas para a alimentação do rebanho em épocas de estiagem. Uma das alternativas é o incentivo aos pastos nativos. No entanto, a palma forrageira e o sorgo são exemplos de projetos que vêm sendo incentivados no Interior.

A palma, conforme a SDA, é uma planta adaptada ao Semiárido e serve para alimentar bovinos, caprinos e ovinos. Já o sorgo é mais resistente ao clima da região, podendo ser cortado até quatro vezes em um mesmo plantio.

Os projetos Repalma e Chesf promovem a disseminação das duas culturas, mas é o milho que se constitui num dos principais elementos de sustentação do rebanho cearense.

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