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sábado, 11 de março de 2017

Combate à fome



Também houve investimento na melhoria do manejo da terra. Foto: Marcelino Júnior


Pesquisa realizada na Unifor pretende melhorar o leite das cabras e a nutrição e saúde infantil
00:00 · 11.03.2017 por Karine Zaranza / Marcelino júnior - Repórteres

Das experiências pioneiras de clonagem e transgênicos do Ceará, devem surgir, em pelo menos quatro anos, leites de cabras geneticamente modificadas ricos em lactoferrina, proteína encontrada no leite materno humano que tem efeitos antibacterianos, antifúngicos e antivirais, que devem prevenir e tratar a diarreia infantil. É esse o objetivo do estudo pioneiro, intitulado "Desenvolvimento de Imunocompostos no Leite de Caprinos Transgênicos para Prevenção e Tratamento da Diarreia Infantil no Semiárido do Brasil", dos pesquisadores da Universidade de Fortaleza (Unifor).

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Os experimentos, que começaram em 2010, estão ainda em fase laboratorial para garantir que o produto é protetor e seguro para seguir para os testes clínicos em humanos. Segundo o pesquisador Leonardo Tondello, o estudo é bastante promissor e deve beneficiar muito a sociedade. "É imensurável o impacto do projeto. Desde o início, foi pensado para resolução de problemas em regiões mais carentes. A incidência de diarreia e mortalidade infantil ainda permanecem alta na região. Seria um ganho e um modelo a ser explorado em outras regiões do Brasil e até em outros países", pondera.

A cabra foi escolhida por ser um animal que reúne características importantes para a pesquisa: baixo custo de manutenção, fácil e precoce reprodução. Os resultados com a proteína lisozima, antibiótico natural e em alta concentração no leite materno, também foram favoráveis. Agora, o desafio é o cruzamento genético entre as duas linhas para animais duplo-transgênicos, capazes de produzir leite com lizozima e lactoferrina.



Leonardo explica que o objetivo não é a substituição do leite materno: "A lógica é que se consiga um leite semelhante ao materno. Poderia ser utilizado de forma complementar e em casos em que a substituição é o único caminho". Além do leite, outras inovações em biofármacos também estão sendo desenvolvidas. O pesquisador explica que - por meio de parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) - outros caminhos vêm sendo traçados e remédios para vários tipos de câncer e até inibidores das atividades do zika vírus e da chikungunya estão sendo desenvolvidos.

Mudança

Em Sobral, no Norte do Ceará, Francisca Rodrigues da Silva, 55, moradora do Sítio Areias, no distrito Boqueirão, trabalha para criar a primeira associação, com o objetivo de atrair parcerias na execução de novos projetos sociais para proporcionar aos moradores mais autonomia e melhoria de vida. "Nos últimos anos, muito já foi conquistado, como a garantia de água e projetos agroecológicos", afirma. Entre 1989 e 1993, a pobreza e a miséria se alastravam na região. Na época, diversas providências emergenciais foram tomadas, não apenas pelos governos, mas também pela Igreja Católica, que realizou campanhas de arrecadação de alimentos e roupas. O então pároco da Paróquia do Patrocínio, João Batista Frota, iniciou mobilização nas comunidades da zona rural. Foi decidido, pelas próprias famílias afetadas, que o caprino seria o animal ideal no combate à fome e à desnutrição infantil.

Cabra Nossa

Com apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o padre recebeu o primeiro plantel de animais, iniciando, em julho de 1993, o "Projeto Cabra Nossa de Cada Dia", com acesso pela avaliação da carência familiar, sendo repassada uma cabra, de preferência prenhe. O município dispõe de dois apriscos comunitários. Um, na localidade de Ipueirinhas, com capacidade para 200 animais, e o outro, na comunidade de São Domingos, para 150 animais. Além do distrito de Boqueirão, onde se localiza o Sítio Areias, o projeto existe em outras 16 localidades rurais.

Ovinocaprinocultura

Sendo o Semiárido brasileiro uma das regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas, a produção de caprinos e ovinos tem sido um dos desafios para a sustentabilidade, tanto para criadores, quanto para a Embrapa Caprinos e Ovinos. Daí, a relevância das pesquisas em melhoramento genético focada nas raças localmente adaptadas, que mobilizam cinco centros de pesquisa da Embrapa no Brasil, com núcleos de conservação no âmbito da Plataforma de Recursos Genéticos, sendo o de Sobral um deles, onde se desenvolvem projetos com as raças Morada Nova, Santa Inês e Somalis (ovinos); e Moxotó e Canindé (caprinos).



Pesquisadores trabalham na melhoria qualitativa do rebanho caprino do Ceará. Foto: José Leomar

A boa adaptação às adversidades locais, reforçada com cruzamentos que possibilitem crias mais resistentes, torna ovinos e caprinos aptos aos programas de melhoramento genético especializados, realizados pela Embrapa, com objetivo de ter rebanhos com mais resistência contra estresse térmico, doenças, oscilações de chuvas e oferta de alimentos, o que também pode representar boa produção de leite ou carne para geração de crias com tendência a serem produtivas e adaptadas ao ambiente.

Sustentare

Em 2011, com o Projeto Cabra Nossa de Cada Dia (PCNCD) já consolidado, e sendo uma das referências de combate à pobreza no meio rural no País, as comunidades reconheceram a necessidade de ampliar as estratégias de inclusão social e produtiva dos agricultores assistidos, e solicitaram à Embrapa um projeto de pesquisa que possibilitasse a construção de soluções para a ampliação de parcerias, o que resultou no projeto Sustentare, iniciado em 2012, para administrar projetos multi-institucionais e interdisciplinares voltados ao desenvolvimento sustentável da agricultura familiar e de comunidades tradicionais.

"Essa mediação entre agricultores e técnicos tem permitido aproximar as comunidades das tecnologias. O manejo animal é um passo importante para chegarmos na fase do trabalho de integração das atividades", afirma Jorge Luís Sales Farias, pesquisador da Embrapa e um dos idealizadores do Sustentare.

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