A presidente da ACERT-Associação Cearense de Emissoras de Rádio e Televisão, Carmen Lúcia, dá entrevista hoje a O Povo, ocasião em que fala sobre a migração das emissoras de rádio AM para a faixa AM.
Ela considera que isso deve melhorar a qualidade do sinal de transmissão das emissoras de rádio, ao mesmo tempo em que adverte não ser apenas uma simples mudança. O empresariado precisa ter em conta que necessidade de alterações na parte técnica das emissoras. "Elas vão ter que fazer uma nova rádio, do zero. Você vai ter que comprar uma mesa de boa qualidade de som, uma nova antena, uma nova torre, um transmissor novo... É uma nova rádio, é um investimento em um novo produto".
Ela considera que isso deve melhorar a qualidade do sinal de transmissão das emissoras de rádio, ao mesmo tempo em que adverte não ser apenas uma simples mudança. O empresariado precisa ter em conta que necessidade de alterações na parte técnica das emissoras. "Elas vão ter que fazer uma nova rádio, do zero. Você vai ter que comprar uma mesa de boa qualidade de som, uma nova antena, uma nova torre, um transmissor novo... É uma nova rádio, é um investimento em um novo produto".
O Governo Federal divulgou, na última terça-feira, 24, os critérios de migração das emissoras de rádio AM para a faixa FM em todo o País. Nesse mesmo dia foi entregue aos empresários do ramo uma tabela com os valores que cada emissora em cada Estado e cidade deverá arcar para transmitir na nova frequência. O anúncio dos valores, que estava sendo aguardado há dois anos, inicia, a partir de agora, um movimento concreto das emissoras de rádio a operarem em nova frequência.
O estudo apresentado em forma de tabela com os valores era uma das barreiras que os empresários encontravam para usufruir do decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff (PT) em 2013. O POVO entrevistou a responsável pela coordenação da rádio Tempo FM e presidente da Associação Cearense Emissoras Rádio e Televisão (Acert), Carmen Lúcia Dummar, que discutiu esse novo momento do rádio no Brasil.
Confira os principais trechos da entrevista:
O POVO – Qual o principal atrativo dessa mudança de frequência das rádios AM?
Carmen Lúcia Dummar – É um pleito do empresariado já antigo. Nas grandes cidades o sinal da rádio AM sofre muita interferência. Essa mudança já está sendo feita em outros países, mas não dessa forma como no Brasil, em bloco. A migração deve melhorar a qualidade do sinal de transmissão das emissoras de rádio. Quando a gente está pleiteando uma demanda assim, tem que ver o usuário final, que é o ouvinte. Quem faz rádio, no fim das contas, está pensando acima de tudo no ouvinte. É preciso atender ao interesse dele, prestar o melhor serviço que puder para conquistar aquela audiência. o objetivo final disso é prestar o melhor serviço possível. O espaço da frequência FM em Fortaleza está completamente lotado. É preciso ocupar uma faixa estendida que ainda não está nos aparelhos de rádios vendidos atualmente. Serão precisos novos aparelhos comuns. No entanto, no celular ou automóveis basta a atualização de um software para alcançar a frequência estendida. A extensão na Capital só deverá ficar pronta em 2017.
OP: Qual o prazo para iniciar as migrações?
Carmen: Agora que tem o preço, as empresas têm que apresentar a documentação ao Ministério das Comunicações. Depois a pasta emite o boleto e o empresário tem até 90 dias para pagar. Na sequência, já estarão autorizados a entrar. Nas cidades que têm espaço na frequência FM pode entrar de imediato.
OP: Esse processo pode acabar com a frequência AM?
Carmen: Não acredito que acabe porque existem diferença entre os sinais. Se o AM encontra uma barreira pela frente, como montanhas no interior, por exemplo, ele não interrompe a transmissão. Já o FM perde quando encontra barreiras pelo caminho. Algumas emissoras de rádio AM priorizam ir mais longe ao invés da qualidade do sinal. Se você tem uma emissora que atinge vários municípios, e há uma barreira, ela vai ter que optar entre qualidade ou alcance. Mas é preciso pensar no futuro.
OP: Tecnicamente, o que as rádios precisam fazer nesse processo de adaptação?
Carmen: Elas vão ter que fazer uma nova rádio, do zero. Você vai ter que comprar uma mesa de boa qualidade de som, uma nova antena, uma nova torre, um transmissor novo... É uma nova rádio, é um investimento em um novo produto. Todos os empresários estão cientes disso. Se quer fazer um negócio tem que estar ciente do que vai fazer e investir. Nós, da Acert, fizemos um convênio com o Banco do Nordeste (BNB) e já temos uma linha para o financiamento desses equipamentos com juros de 7% ao ano. O dono de rádio que definir que vai mudar, ele pode procurar o BNB para obter uma linha específica negociada com a Associação. Nós fizemos essa negociação tanto para a migração quanto para a modernização. Quem tiver sua rádio FM e quiser se modernizar também pode contratar o crédito. É um investimento significativo e o rádio está preparado para isso, os empresários estão acreditando que vai ser o melhor investimento e acho que foi uma inovação brasileira.
OP: Como se deu a negociação do valor do pagamento das emissoras para a migração?
Carmen: Isso foi muito discutido. Faz dois anos que a gente estava aguardando e ninguém conseguia chegar a um preço. Quanto custa AM e FM? Qual a diferença de preço? Ninguém conseguia uma base. Chegou-se a um valor absurdo que ninguém migrava. Você tinha que chegar a um preço que somado à compra de equipamentos fosse viável para o empresário de radiofusão. Finalmente um trabalho liderado pelo ministro André Figueiredo (PDT) juntamente com o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel Slaviero, chegou-se a uma boa conclusão porque analisaram as diferenças regionais e apresentou-se os valores justos. Nós temos que reconhecer o empenho do ministro André Figueiredo e a batalha do Daniel Slaviero nesse processo. Quando entrou, o ministro prometeu até novembro apresentar o preço da migração. Preço esse que foi justo. Porque você não pode ter em São Paulo (o maior PIB do País) uma rádio com preço semelhante a uma do interior do Amazonas ou do Ceará. O Brasil é muito diferente. É preciso mapear toda essa diferença. O setor ficou exultante porque o ministério chegou a um resultado que o dono de rádio vai poder colocar o negócio para frente.
OP: O que essa migração vai mudar no cotidiano de quem ouve rádio no Brasil?
Carmen: Algumas emissoras que estão transmitindo AM, e que tem dificuldade, vão melhorar a qualidade de som. É mais beneficio para o ouvinte. Nessa nova frequência, é possível atingir mais segmentos. E quantos mais segmentos você atingir, mais público vai alcançar.
OP: Em pleno ano de 2015 e o rádio se reinventando...
Carmen: Não para nunca. Não vai parar nunca, eu não acredito nessa história que um veículo ou outro vai acabar, isso é muito antigo. O consumidor de informação ou entretenimento de rádio ou televisão tem uma característica: ele quer facilidade. Ele quer simplicidade. Então, se existe uma rádio que faz a programação certa para você, com a música que você gosta, com toda a sua variedade, por que ele (ouvinte) vai ter o trabalho de fazer seleção musical para ficar ouvindo? Isso cansa, enjoa. No rádio, esse serviço todo dia é feito por uma pessoa especializada, que conhece música e que sabe para quem está trabalhando, se é para um ouvinte jovem ou ouvinte adulto. Enquanto a gente tiver um bom conteúdo é o que importa.
OP: Qual a perspectiva da rádio no Brasil após a mudança?
Carmen: O rádio vai continuar, cada vez melhor, sendo a voz da população. A gente ajuda a desenvolver o Estado. O papel do rádio também é dar acesso a informação à população, zelando sempre pela liberdade de expressão porque é fundamental para uma democracia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário