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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

80% das ações de queima são de origem criminosa


Levantamento do Ibama alerta para destruição de mata na Caatinga que vem se propagando nos últimos meses
   
 por Honório Barbosa - Colaborador 
Fogo na mata, no distrito de José de Alencar, em Iguatu, é uma das ocorrências que têm se configurado como crime ambiental. O Ibama apela para que denúncias cheguem ao órgão, a fim de que sejam apuradas ( Foto: Wandemberg Belém )
Iguatu. Com a vegetação cada vez mais seca nesse período do ano, as temperaturas elevadas e os ventos, a propagação do fogo está cada vez mais favorecida no sertão cearense. Nos últimos dias, cresceu o número de queimadas em áreas da Caatinga, nas regiões Centro-Sul, Sertão Central e nos Inhamuns. O Ibama denuncia que 80% dessas ações são criminosas, mas a fiscalização do órgão tem dificuldade em encontrar os responsáveis pelos incêndios nas matas.
Neste município, a Chapada do Moura foi novamente espaço de uma queimada que destruiu flora e fauna em uma área estimada em 30 hectares no distrito de José de Alencar. O incêndio ocorreu justamente após um ano de uma outra, que destruiu milhares de hectares. O problema torna-se recorrente nesta época do ano.
Muitas vezes, as queimadas começam por causa de uma prática antiga dos agricultores que, para limpar o terreno e fazer o preparo de solo para o cultivo de culturas de sequeiro, fazem fogo em coivaras (amontoados de galhos, arbustos) ou diretamente nos restos culturais. Para combater o modelo tradicional de limpeza do terreno com o uso de fogo, o escritório regional do Ibama ampliou a fiscalização nos últimos dias.
O agrônomo e ambientalista Paulo Maciel, especialista em meio ambiente, observou que recentemente outro grande incêndio destruiu parte da reserva de mata nativa na Chapada do Moura. "Nós vivemos numa região semiárida e por vários fatores, práticas erradas, a nossa Caatinga está sendo destruída a cada ano", frisou. "Isso é um dano ambiental grave, que contribuiu para o avanço de áreas em processo de desertificação", informa.
Maciel alerta para o que denomina "triângulo do fogo": baixa umidades, altas temperaturas e a presença de material de fácil combustão, que é a mata seca. "O fogo se alastra com facilidade, traz prejuízo para os agricultores, para as comunidades e para o meio ambiente", observou.
CapimOs moradores de áreas próximas às queimadas temem o fogo atingir casas e currais. "Essas queimadas têm provocado morte de aves, animais silvestres", disse o criador Josias Lima. "Há casos em que fogo chega bem perto".
A introdução de capins de origem africana para a formação de pastagem para o gado é outro fator que contribui para que o fogo se espalhe com mais facilidade. "O capim andropogon foi disseminado, nos últimos anos, e tornou-se um verdadeiro risco, pois é levado pelo vento, e tem o fogo como aliado, para germinar e se espalhar ainda mais", observou. "O caule fica seco e queima com facilidade e depois rebrota".
Há vários relatos no sertão de agricultores que sofreram queimaduras ou mesmo morreram tentando controlar o fogo nos roçados. O ambientalista defende o controle do cultivo do capim andropogon. Por onde o fogo passa, deixa um cenário de destruição. Na região, há o Corpo de Bombeiros e uma unidade do Prevfogo que tentam controlar as chamas.
O chefe do escritório do Ibama, em Iguatu, Fábio Bandeira, disse que a fiscalização foi intensificada. "Estamos sempre em campo, tentando identificar os responsáveis pelas queimadas", disse. "A maioria dos incêndios é criminoso, pessoas que acham bonito ver a mata queimando", disse. Todas as semanas há queimadas, na região. O chefe do Ibama pede o apoio da população porque a área de atuação do órgão é ampla e o número de fiscais, reduzidos. "Se houver denúncia vamos prender os criminosos, porque é um crime ambiental", afirmou.
Mais informações:Escritório do Ibama em Iguatu
Região Centro-sul
Telefone: (88) 3581. 2349

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