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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Seca e crise financeira são desafios dos novos prefeitos

Somado às dificuldades, os gestores municipais iniciam administrações com desmonte herdado dos seus antecessores

00:00 · 25.01.2017 por Marcus Peixoto - Repórter
Desmonte, como acontece em Saboeiro, é uma das provações encontradas nos municípios cearenses
Fortaleza. Reservas hídricas em estado crítico, redução de receitas, aumento de despesas e quadro de desmonte. Estes são os desafios que os prefeitos estão encontrando no início de suas gestões e que passam a ter na entidade de convergência e enfrentamento dos conflitos, no caso a Associação dos Prefeitos e Municípios do Ceará (Aprece), um candidato a presidente, Gadyel Gonçalves (PC do B), prefeito de São Benedito. Como nova liderança, terá, ainda, o desafio de ganhar a confiança da classe e buscar saídas imediatas que atenuem a crise nas cidades.
A indicação de Gadyel, que sucede a Expedito José do Nascimento na presidência da Aprece, se dá com chapa única, mas nem por isso se pode dizer que foi consensual. Ele é o primeiro a admitir que os problemas de gestão deverão se agravar neste ano. Isso porque não há sinais de a quadra chuvosa solucionar o aporte necessário de água para os açudes, nem há dinheiro para fechar o caixa, diante do aumento de despesas, com destaque para os reajustes do salário mínimo e o piso do magistério.
Obstáculos
Diante do leque de dificuldades, Gadyel promete, caso a eleição de amanhã ratifique seu nome, que fará uma gestão baseada no diálogo com todos os que integram a Aprece. "Meu primeiro ponto é me reunir com os prefeitos, mostrar para eles o quadro de adversidade esperado para 2017 e ouvir sugestões", afirma o candidato. Para ele, a seca é o problema mais sério a ser enfrentado pela maioria das cidades cearenses, inclusive o seu Município, localizado na Chapada da Ibiapaba.
O fato, conforme diz, é que os efeitos dos anos seguidos de chuvas abaixo da média ainda se farão sentir muito fortemente em 2017, caso não haja uma recarga à altura nos reservatórios. Para piorar, nunca como agora, conforme salientou, as prefeituras se vêm tão privadas de recursos para atender às demandas hídricas das populações, que somente encarecem na medida em que a oferta de água se torna mais rara e com obtida com engenhos mais sofisticados.
Outro problema é a redução das receitas e aumento de despesas. Ele diz que, diante da seca, se torna até uma segunda questão, porque obrigará os prefeitos, no início da gestão, a se adaptarem a essa realidade.
A candidato a presidente da Aprece entende, porém, que ainda é possível sensibilizar e provocar uma ação dos governos estadual e federal para socorrer os municípios, pois não podem, sozinhos, enfrentar uma economia tão adversa. Por fim, o candidato único à presidência da Aprece reconhece que o desmonte agravou ainda mais a situação da engrenagem administrativa de dezenas de cidades, não obstante as medidas preventivas adotadas antes das eleições municipais do ano passado pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) e o Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará (TCM-CE). Ele diz que está longe de ser uma situação generalizada, mas suficientemente danosa para os gestores e os cidadãos dos municípios envolvidos.
Agenda
Somando todo o leque de obstáculos a serem enfrentados pelos novos prefeitos, Gadyel disse que é mais do que necessário se fazer uma agenda sobre os rumos a serem tomados pela entidade. "O que precisamos é ou ouvir cada gestor, saber de suas demandas e como se espera que sejam atendidas", afirmou. A partir disso, ressaltou que pretende realizar um planejamento e atacar questões que são vitais para a manutenção da boa qualidade administrativa.
Para o prefeito de São Benedito, o legado deixado por Expedito José do Nascimento inspira bastante na busca por essa união e sentido de participação de cada membro da Aprece. Lembrou que foi assim que a entidade tornou-se pioneira em todo o País na mobilização por mais recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), depois tornando-se uma bandeira da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Além disso, Gadyel cita a mobilização em torno da destinação para os municípios de recursos da repatriação como uma providência que demonstrou a força da articulação dos prefeitos e foi salvadora para que se honrassem as dívidas de 2016. "Fico imaginando como estaria sendo difícil para as cidades se não fossem o aporte de recursos que aconteceu já no fim da gestão passada", disse.
Antes de ser prefeito, exercendo o segundo mandato consecutivo, Gadyel atuava como servidor público e, agora, aos 39 anos, sente-se ainda mais vocacionado para a política.
Encontro
A eleição do novo presidente da Aprece se dará um dia após a abertura do VI Seminário Aprece - Novos Gestores Municipais, que acontece hoje a amanhã, no Hotel Praia Centro. O evento tem como finalidade fomentar a criação de um grande espaço de reflexão e discussão sobre os recursos da nova gestão. "É uma grande oportunidade também para que os novos gestores conheçam a Aprece e todo o seu corpo técnico, mapeando todos os recursos e benefícios que a entidade pode oferecer explicou Expedito José do Nascimento, presidente da Aprece.
Entrevista com Gadyel Gonçalves, candidato a presidente da Aprece
Que problemas são mais desafiadores para a Aprece neste início de gestão?
Há uma diversidade de dificuldades. Seca, redução de receitas, aumento de gastos e a herança do desmonte deixada pelas gestões passadas em algumas cidades. Porém, são os açudes secos que mais nos preocupam e não há como os municípios resolverem sozinhos a situação.
Que ações o senhor propõe?
Em primeiro lugar, devo me reunir com os prefeitos para ouvi-los em suas demandas e suas sugestões. Acredito muito em trabalhar com planejamento e com a mobilização. Acho que esse foi um grande legado deixado pelo presidente anterior (Expedito José do Nascimento).
O senhor acredita que contará com essa colaboração?
Sim, a nossa chapa única foi formada com representantes de cidades de todas as regiões. Queremos sempre manter o diálogo e mostrar que não há outra forma de superar as dificuldades que não seja por meio da união. Não existe saída individual e vamos encontrá-la com a junção das nossas forças.

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