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quinta-feira, 6 de julho de 2017

Patativa do Assaré segue como um marco na história do cordel


O legado de Patativa do Assaré ainda ressoa do Ceará para o mundo e é reverenciado por pesquisadores e trovadores da nova geração

01:30 | 06/07/20170

Fotografia feita por Tiago Santana para o livro Patativa do Assaré - O sertão dentro de mim, parceria com Gilmar de Carvalho TIAGO SANTANA/ESPECIAL PARA O POVO

Há exatos 15 anos morria Patativa do Assaré. Figura emblemática da cultura nordestina, o poeta popular deixou um legado de cantorias, textos e improvisações. Do município de Assaré, o homem de fala mansa fez fama ao redor do mundo. Aos 93 anos, em 2002, quando morreu, Patativa acumulava honrarias e prêmios nunca antes conferidos a uma figura tão popular. Recebeu o festejado título de Doutor Honoris Causa por cinco instituições, incluindo a Universidade Federal do Ceará (UFC).

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“Na simplicidade, ele conseguia dizer coisas fortes de forma muito singela. Às vezes, nós lemos poetas modernos com linguagem rebuscada e acabamos não entendendo”, aponta a escritora e cordelista Julie Oliveira. Filha de Rouxinol do Rinaré, ela teve contato com as narrativas de Patativa durante toda a infância. “Se perpetua a imagem dele como cordelista, mas ele foi um poeta matuto. São linguagens diferentes. Ele é um ícone. É uma inspiração”, diz Julie.

O cordelista e pesquisador Klévisson Viana dialoga com esse pensamento. Para ele, Patativa era um homem de habilidades, autodidata e com múltiplas possibilidades de escrita. “O trabalho dele, se você for procurar nas antologias de cordel e de cantadores de viola, o nome dele não consta. Por quê? Como cordelista, ele não teve uma obra voltada para os folhetos. Era sempre em livros. Como cantador, a voz dele não era boa para ser um cantador. No entanto, o nome dele se sobressai como um dos maiores nomes da poesia de todos os tempos, pela grandeza e pelo nível de inspiração”, aponta o cordelista.

Klévisson esteve com Patativa em apenas em uma ocasião, na Secretaria da Cultura do Estado (Secult). Na memória guardou a figura do “homenzinho bem pequeninho, fumando um cigarro atrás do outro”. Com sua sensibilidade, acredita o cordelista, Patativa do Assaré deixou um legado enorme, que não pode ser negligenciado. “A literatura de cordel é festejada e cultuada no mundo todo. Como ele foi um nome muito midiático, ficou nele. Existem monografias sobre literatura de cordel, mesmo de poetas da minha geração, publicados ao redor do mundo, principalmente na França. Eu vejo que a dimensão do trabalho dele é inegável, o valor do trabalho dele é imensurável”, explica.

O cordelista Rouxinol do Rinaré, logo que começou a produzir escritos artísticos, enviou uma carta a Patativa. “Eu sempre o admirei, mas eu não tinha nada publicado, aí escrevi uma carta para ele em verso, pedi que ele mandasse um poema autografado, então ele me respondeu ‘Caro amigo colega, o Patativa não nega enviar a poesia para apreciação sua, mando o ‘Menino de rua’ que é de minha autoria’, e ele escreveu a poesia ‘Menino de rua’ no resto da carta. Isso foi três anos antes dele morrer. Quando a gente admira muito uma pessoa, fica se perguntando se vai ter resposta, até hoje eu guardo”. (João Gabriel Tréz, Isabel Costa, Teresa Monteiro e Larissa Pacheco/Especial para O POVO)

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