O deputado federal Danilo Forte deixa o PMDB rumo ao PSB, em evento de filiação marcado para a próxima sexta-feira, já com a missão de substituir Roberto Pessoa, recém saído do PR, no comando estadual da sigla. Indagado se as intensas negociações para mudança de legenda registradas nas últimas semanas representam a ineficácia da Lei da Fidelidade Partidária, o parlamentar alega que a legislação não pode favorecer a opressão hierárquica e obrigar os representantes das siglas a seguirem a orientação dos dirigentes sem a possibilidade de alternativas.
Danilo Forte ainda defende que a instabilidade do quadro político exige que alternativas sejam buscadas. "Num quadro político instável como o nosso, num formato político como esse, precisamos encontrar alternativas para que possamos mostrar que há algo novo. Se continuar da forma como está, vão continuar o mesmo erros, o mesmo atraso, os mesmos problemas. Temos que tentar algo novo", ressalta.
CorrupçãoQuestionado se a imagem desgastada dos partidos político é ampliada com as trocas intensas de partido, Danilo Forte destaca que a sociedade está enojada é com a corrupção e justifica que superar esse problema passa pela construção de alternativas.
O presidente estadual do PR no Ceará, Lúcio Alcântara, já integrou o PFL e PSDB antes de assumir o comando do PR, mas é duro ao afirmar que a Lei da Fidelidade Partidária foi enterrada e avalia que o cenário só aumenta o desgaste dos partidos políticos. "A Lei de Fidelidade Partidária está se enterrando, estão encontrando brechas. Agora mesmo está se falando em abrir janela partidária. Isso é uma anarquia partidária. Como esperar respeito diante de um quadro desse?", questiona.
Lúcio Alcântara alega que a saída de Roberto Pessoa para o PSB se deu sob uma ótica diferente ao justificar que teve como foco a estratégia de fortalecer a oposição, mas lembra o impacto negativo registrado em 2013, quando o PR perdeu dois vereadores de Fortaleza para o PROS, Márcio Cruz e Adelmo Martins, enfraquecendo o partido na Câmara Municipal, além do deputado federal Vicente Arruda.
O deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB) também é crítico ao destacar as limitações da Lei da Fidelidade Partidária em combater as migrações partidárias. Para ele, o mais grave é que as mudanças ocorrem para garantir projetos pessoais. "Se indagar cinco itens sobre a linha programática de seus partidos a muitos dos detentores de mandatos, muitos terão dificuldade em detalhar, porque adentraram no partido sem nem ter participado de debate", diz.
Gomes de Matos atribui o problema ao modelo de governo de coalizão. "No Congresso, é espécie em extinção aqueles que permanecem no mesmo partido. Na Câmara, são 28 partidos e isso gera toda uma instabilidade. Você vê até posicionamentos indefensáveis feitos por quem muda de partido, mas não existe defesa para quem troca de partido".
Dos 22 deputados federais do Ceará, só seis parlamentares foram filiados apenas a um partido: André Figueiredo (PDT), Cabo Sabino (PR), Luizianne Lins (PT), Moses Rodrigues (PPS), Odorico Monteiro (PT) e Vitor Valim (PMDB), mas os dois últimos já estão em negociação para ingressar em novas legendas até o fim de setembro.
Quanto aos demais representantes cearenses, Adail Carneiro já integrou o PDT antes do PHS, o peemedebista Aníbal Gomes passou pelo PSDB, Arnon Bezerra, antes de ingressar no PTB, fez parte do extinto PFL e do PSDB.
DitaduraO deputado federal Chico Lopes, no período em que o PCdoB não era reconhecido legalmente como partido durante a Ditadura Militar, filiou-se ao PMDB. Já Danilo Forte, que sai do PMDB para o PSB, também integrou o PCdoB entre 2001 e 2008.
Domingos Neto, apesar de ter apenas 27 anos, já foi do PSB, é hoje líder do PROS na Câmara Federal e espera a recriação do PL para dirigir a nova sigla no Ceará. O deputado federal Genecias Noronha, antes de comandar o Solidariedade, integrou o PMDB. A deputada federal Gorete Pereira está no PR, mas já fez parte do PFL e do PMDB.
O petista José Airton chegou ao PT em 1987 e antes integrava o PMDB, assim como José Guimarães, que ingressou em 1985 ao partido que defende até hoje. O histórico partidário do deputado federal Leônidas Cristino é extenso, pois ele acompanhou as mudanças do grupo político liderado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes. Até chegar ao PROS, ele se filiou ao PSDB, PPS e PSB.
Moroni Torgan, antes de chegar ao PFL e permanecer no partido após a sigla mudar o nome para DEM, representou o PSDB. Raimundo Gomes de Matos, antes de ir para o PSDB, foi filiado ao PFL. Já Ronaldo Martins preside o PRB no Ceará, mas passou por PL e PMDB. O suplente Vicente Arruda (PROS), que substitui o deputado Antônio Balhmann, já fez parte do PSDB e do PR.
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