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sábado, 18 de fevereiro de 2017

ONG revela, em sessão da Câmara, que o Soldadinho do Araripe está em extinção



Weber Girão descobriu o Soldadinho do
Araripe em 1996. FOTO: Robson Roque

Ave característica do Cariri e que só existe em Crato, Barbalha e Missão Velha, o Soldadinho do Araripe poderá ser extinto em até quinze anos caso não seja preservado. A informação foi revelada pela organização não-governamental (ONG) Aquasis durante a sessão de segunda-feira, 13.
Biólogo que descobriu o Soldadinho do Araripe em 15 de dezembro de 1996, Weber Girão afirma que o Cariri perde sua identidade com a extinção da espécie. Na busca por impedir que isto aconteça são realizadas ações desde a conscientização de populações próximas a Chapada do Araripe até pesquisas, preservação e restauração florestais.
Coordenador de educação ambiental da Aquasis, Fabiano de Cristo explicou, durante a sessão da Câmara, que a ameaça de extinção do Soldadinho do Araripe ocorre pela perda de ambiente que ocasiona a redução de população da espécie.
“Existe uma chave internacional para a classificação de uma espécie ameaçada de extinção e o Soldadinho do Araripe entra pelo pequeno contingente”, aponta Fabiano. “Ele só tem uma população apenas que está nesses três municípios e numa área menor do que cinquenta quilômetros quadrados. Então está muito longe de sair dessa grave ameaça de extinção”.
De acordo com pesquisas realizadas pela ONG que, com parcerias, mantém o Projeto Soldadinho do Araripe, nos últimos anos foi contabilizada a diminuição do pássaro em taxas de 9% em Missão Velha, 11% em Crato e 15% em Barbalha. “Isso resultou na redução da população do pássaro em 12,3%. A essa taxa, fazemos o cálculo de que a espécie só dura mais quinze anos e esse é o dado grave”, revela Fabiano.

Soldadinho-do-araripe. FOTO: Jornal do Cariri


Ave, água e florestas
O Soldadinho do Araripe é uma ave que está intimamente ligada às nascentes dessas três cidades. A pouca recarga de água das chuvas e a seca dos últimos anos podem ter influenciado a redução. Segundo os pesquisadores, contudo, os maiores vilões são a degradação ambiental, o desmatamento, as queimadas e a especulação imobiliária, ou seja, o mal uso da área localizada principalmente na encosta da Chapada do Araripe.
Focos de incêndio
Para a preservação desses locais é necessário e urgente, conforme a ONG Aquasis e o Projeto Soldadinho do Araripe, manter brigadas de incêndio nas cidades de Crato, Barbalha e Missão Velha onde a ave vive. Existe apenas uma brigada que seria destituída em 2016, ano que registrou o maior percentual de focos de incêndio entre dez anos, e cujo contingente foi reduzido à metade.
“Porque não avaliarmos que esse estouro do foco de incêndios no ano passado não foi devido a uma brigada menor?”, questiona Fabiano. “Então, realmente precisamos ter brigadas municipais nessa área de encosta e mata úmida da Chapada que garantem para nós qualidade hídrica, térmica, de paisagem e biodiversidade”.
Weber Girão
Em dezembro de 1996 Weber Girão descobriu o Soldadinho do Araripe, que logo foi classificado e já dado como ameaçado de extinção devido, dentre outros fatores, à população restrita a apenas 50 km² em três cidades. Girão destaca que “o Soldadinho do Araripe é uma ave ameaçada justamente por não ter mais florestas”.
Desde a sua descoberta há 20 anos, o Soldadinho do Araripe passou a ser utilizado como símbolo do Cariri, especialmente do Crato, na literatura didática e de Cordel, selos de cartas, etc. Ele simboliza os taxistas associados em Crato que estampam a ave em seus carros e figura no brasão da Universidade Federal do Cariri (UFCA).
Para Weber Girão, o único meio de preservar a espécie é igualmente proteger a floresta contida na Chapada do Araripe. “O Soldadinho precisa de mata e água”, comenta Weber. “A nossa sociedade também precisa. Então, conservar o Soldadinho do Araripe é conservar a qualidade de vida das pessoas que vivem na região”, avalia.
Perda de identidade
O pesquisador que descobriu a espécie é enfático ao dizer que o Cariri perderá sua identidade caso o Soldadinho do Araripe seja extinto. Ele cita os casos da Jandaia, ave que é símbolo do Ceará e que praticamente está extinta, bem como as ações de preservação da Águia Careca, nos Estados Unidos, que se tornou símbolo em cédula e nas Forças Armadas daquele país, por exemplo.
“No momento que você perde a sua identidade você não é mais ninguém e uma vez que nós adotamos essa ave como símbolo e nós deixarmos que ela se acaba é deixarmos que a nossa identidade também se perca”. (Assessoria de Comunicação)

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