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quarta-feira, 21 de março de 2018
Educação Profissional no Ceará beneficia 52 mil estudantes
Em 2008, havia 25 escolas no Estado, com 4.091 estudantes. Hoje, são 119. A meta do Governo é chegar a 160
O governador Camilo Santana e a vice, Izolda Cela, estiveram na cerimônia de comemoração dos 10 anos da Educação Profissional ( Foto: Yago Albuquerque )
01:00 · 21.03.2018 por Nícolas Paulino - Repórter
Com a proposta de formar os anos finais da educação básica e capacitar os estudantes para o mercado de trabalho, as Escolas Estaduais de Educação Profissional (EEEPs) completam 10 anos de criação em 2018. Se elas eram 25 em 2008, com 4.091 estudantes, serão 119 na próxima quinta-feira, quando será inaugurada a unidade de Baturité. Ao todo, atualmente, as EEEPs beneficiam 52.571 alunos em 95 municípios cearenses. Segundo o governador Camilo Santana, a meta é chegar a 140 unidades com atendimento a mais de 60 mil pessoas.
Nas EEEPs, os 53 cursos oferecidos atualmente têm duração de três anos - integralizando 5.400h -, com funcionamento diário em tempo integral, das 7h às 17h. Conforme a Secretaria da Educação (Seduc), o currículo é composto por disciplinas da base nacional comum aliadas a componentes como Empreendedorismo, Projeto de Vida, Mundo do Trabalho e Formação para a Cidadania.
"Sou um árduo defensor do tempo integral, e a educação profissional vai além. Ela deixa o jovem com uma profissão, reunindo, além de um espaço físico adequado e moderno, toda uma grade que oferece opções dentro das vocações regionais e as demandas do mercado de trabalho do Estado", destacou Camilo Santana em solenidade de comemoração realizada ontem, no Centro de Eventos do Ceará.
Hoje, há mais 20 unidades de educação profissional em construção no Ceará. Para o secretário estadual da Educação, Idilvan Alencar, a ampliação das EEEPs é uma política pública "sólida e vitoriosa".
Por isso, o também presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) não recebeu bem a notícia de que o Governo Federal quer liberar até 40% da carga horária total do Ensino Médio para ser realizada à distância. Com a medida, os estudantes passariam até dois dias da semana fora da sala de aula. Já na Educação de Jovens e Adultos (EJA), a proposta seria ter 100% do curso à distância. "Eu me posiciono veementemente contrário. A interação professor-aluno, nessa etapa de ensino, é fundamental. Isso não foi pauta de discussão no Consed e eu não sei que caminho legal ela vai percorrer", declarou, afirmando que é uma decisão "excludente". "Quem perde são os mais pobres", disse.
Trabalho
Apesar dos avanços educacionais, um desafio permanente das EEEPs do Ceará ainda é ampliar as oportunidades de acesso à prática profissional. Durante o 3º ano do Ensino Médio, o Governo do Estado propicia um estágio curricular obrigatório com direito a bolsa remunerada. Hoje, 4,5 mil empresas são parceiras nos programas de promoção de estágio profissional, dando suporte a 15 mil estudantes.
"É sempre bom abrir o leque de parcerias", defende Idilvan Alencar. Além disso, segundo o secretário, um estudo feito pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF) e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) fará a avaliação do impacto da educação profissional do Estado no mercado de trabalho, para obter "um feedback mais aproximado".
Entrevista
'É muito mais caro não investir em educação'
João Marcelo Borges. Chefe de Projetos do BID
Qual é o impacto da Educação Profissional em uma comunidade?
Uma escola dessas, pelo projeto pedagógico, significa, em cálculo médio econométrico, que cerca de 20 a 25 mil pessoas serão tiradas da pobreza depois de passarem por ali. Esse é o tamanho do investimento que se está fazendo. Eu sei que é caro sair de 0 a 119, mas é muito mais caro não investir em educação.
Que competências o profissional formado deve ter hoje?
Passa por entremear a criatividade e a capacidade de ser inovador, que não significa apenas usar a tecnologia, em todas as ações formativas desde o início da trajetória educativa, porque vivemos num mundo em que a mudança é a norma.
Dado que o Ensino Técnico é um modelo mais caro, per capita, vale a pena mantê-lo?
Vale, mas o País terá de lidar com o grau de valor social que ele dá ao Ensino Técnico-profissional. Muito provavelmente, em 10, 15 anos, o Ensino Superior vai ser muito mais parecido com o Ensino Técnico. As pessoas vão buscar múltiplas competências em tempos menores. E uma das coisas que o Ensino Técnico tem e o Superior ainda não conseguiu é uma proximidade com o real, reciclar-se constantemente em função das demandas do mercado.
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