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quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Focos de incêndio aumentam e estão mais perigosos no Ceará



A preocupação é maior nos municípios do Interior, pois a maioria não tem uma guarnição do Corpo de Bombeiros



Para o coordenador estadual do Prevfogo/Ibama, Kurtis Bastos, o quadro mais crítico ocorre de novembro para dezembro, quando a mata está ainda mais seca e a umidade do ar mais baixa no Nordeste ( Foto: Marcelino Júnior )
00:00 · 01.11.2017 por Alex Pimentel/Sucursais - Colaborador

Quixadá/Sobral/Crato/Iguatu. Os últimos números registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora os focos de incêndios florestais no País, demonstram aumento no mês de outubro no território cearense. Foram 726 de primeiro a 30 de outubro. No mês anterior, setembro, foram registrados 505. No ano já somam 1.520 queimadas em todo o Estado. Entretanto, além de outubro, os meses com maiores índices são novembro e dezembro.

A situação é de preocupação nos municípios do Interior. A maioria não tem uma guarnição do Corpo de Bombeiros por perto. Quando o socorro chega, o fogo já consumiu tudo. Para agravar mais o problema, os ventos estão mais fortes, espalhando mais rápido as chamas. "Com as chuvas deste ano beirando junho, a vegetação cresceu, mas pouco mais de dois meses foram suficientes para secar tudo. A mata está mais alta e mais cheia", comenta o diretor da Federação dos Trabalhadores Rurais no Sertão Central, José Militão.

Para o coordenador estadual do Prevfogo/Ibama, Kurtis Bastos, o quadro mais crítico ocorre de novembro para dezembro, quando a mata está ainda mais seca e a umidade do ar mais baixa no Nordeste.

Por esses motivos ele não recomenda nesse período a brocagem das terras com o uso de fogo para o cultivo na quadra chuvosa seguinte. Mesmo assim, ressalta que o mapeamento do Inpe aponta para focos de calor, não especificamente para a quantidade elevada de queimadas ou incêndios.

Essa também é a avaliação do coordenador de Biodiversidade da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) do Ceará, Leonardo Borralho. "Esses focos de calor nem sempre são queimadas ou incêndios. O satélite detecta qualquer radiação nesse sentido, até mesmo os metais de um ferro velho. Eles se aquecem rapidamente com a radiação solar. As grandes formações rochosas são outro exemplo. Sem cobertura vegetal, podem expor calor e erroneamente serem classificadas como focos de incêndio", aponta.

Zona Norte

Há pouco mais de uma semana, os motoristas passaram a ter mais atenção cruzando a CE-362, em Sobral, principalmente durante as viagens à noite. A crescente quantidade de focos de incêndio, ao longo da estrada, tem dificultado o tráfego de veículos e prejudicado a vegetação local que, muitas vezes, arde consumida pelas chamas dia e noite.

Próximo à sede de Sobral, o sopé da Serra da Meruoca também tem boa parte da vegetação devastada pelo fogo, vez ou outra, que avança com rapidez sobre os arbustos secos, com ajuda do vento forte. Em muitos casos, a queimada, localizada numa área de Zona Rural, é iniciada para limpeza de terrenos a serem utilizados para o cultivo da agricultura familiar. A constatação é do Corpo de Bombeiros Militar, que tem atendido cerca de 15 ocorrências por dia: os agricultores iniciam a limpeza dos terrenos e acabam por perder o controle do fogo.

De acordo com o monitoramento das atividades feito pelo Corpo de Bombeiros Militar de Sobral, os incêndios são mais frequentes no segundo semestre, devido à estiagem que se manifesta, à medida que o período das chuvas no Estado se finaliza. A zona urbana também contabiliza grande incidência de fogo, em terrenos baldios e relacionados à eliminação do lixo doméstico. Os números apontam que, ao longo do ano passado, foram contabilizados, na região Norte, 763 incêndios em vegetação e 137 em lixo doméstico.

Cariri

Na área da Floresta Nacional do Araripe (Flona), neste ano, foram registrados pequenos focos, mas nenhum incêndio. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) acredita que a diminuição se deu por conta da Portaria da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), que proibiu a utilização de fogo controlado até dezembro. No entanto, só no fim do mês novembro poderá saber do impacto dessa medida na diminuição das queimadas.

O agrônomo Paulo Meier, diretor da APA Chapada do Araripe, aponta que, entre 2007 e 2015, 72,5% dos focos de calor são detectados entre os meses de outubro e novembro, na Unidade de Conservação, de bioma Caatinga, que está presente em 33 municípios do Ceará, Pernambuco e Piauí. Este aumento também indica maior área queimada no território. Segundo Paulo, quatro fatores potencializam o surgimento de incêndios florestais nesse período: baixa umidade relativa do ar, quantidade de ventos, altas temperaturas e ausência de chuvas.

Isso afeta diretamente a reprodução do Soldadinho-do-Araripe, ave em extinção nativa da Chapada do Araripe. Estudos revelam que, nos meses de outubro e novembro, o pássaro entra em seu período reprodutivo, começando a proteger o território e fazer seus ninhos. "Em outubro e novembro aumenta o risco de o fogo chegar aos ninhos. Apesar de as aves adultas conseguirem fugir, os filhotes e os ninhos se perdem", explica Paulo Maier.

Além disso, é nesse período que começa a floração do pequi, fruto local que movimenta a economia e está presente em boa parts das mesas, na Região do Cariri. "Há a possibilidade de o fogo prejudicar a floração do pequizeiro. Uma parcela importante de extrativistas depende do fruto para sua renda", completa o agrônomo.

Centro Sul

No Centro-Sul do Estado, nessa época do ano, aumenta o número de queimadas. Colunas de fumaça que sobem no horizonte são indícios de que há incêndios criminosos na mata nativa ou que alguns agricultores ainda mantém o hábito de fazer coivaras para limpar o terreno e preparar o solo para o plantio na próxima quadra chuvosa. O capitão Marcos Acácio, da Seção de Combate a Incêndios do Corpo de Bombeiros em Iguatu, explica que esses incêndios são fruto da ação humana, de forma criminosa ou involuntária. Alguns começam por um lixo, em uma pequena área e o fogo se espalha.

A prática de atear fogo na mata é criminosa, mas raramente são localizados os autores. Na maioria das vezes, a mata incendiada não estava pronta com roço e coivara para a tradicional broca (queima de restos culturais). Nos três últimos anos, a Chapada do Moura, na zona rural de Iguatu, registrou incêndios florestais.

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