CARLOS ALBERTO ALBUQUERQUERESPONSÁVEL PELO BLOG CONEXÃO REGIONAL

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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Hospitais do Estado carecem de medicamentos e materiais



Profissionais do Hospital de Messejana denunciam a falta de insumos e o atraso de pagamentos



Funcionários do Hospital de Messejana bloquearam uma das faixas da Avenida Frei Cirilo, na manhã de ontem, em protesto pelas dificuldades enfrentadas na unidade de saúde, como o atraso no pagamento de salários ( FOTO: JOSÉ LEOMAR )
01:00 · 17.11.2017 por João Lima Neto - Repórter
O Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec) afirma que a situação é semelhante em outras unidades, como o Hospital Geral ( FOTO: HELENE SANTOS )

Falta de medicamentos, materiais de cirurgia e até salários atrasados. Esse é o retrato de algumas unidades hospitalares do Estado. Pacientes transplantados no Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, o Hospital de Messejana, estão enfrentando dificuldades para ter acesso a medicamentos. Outro problema denunciado por profissionais da saúde é a ausência de materiais cirúrgicos, além no atraso de pagamentos de enfermeiros e técnicos de enfermagem. Na manhã de ontem, funcionários da unidade de saúde bloquearam uma das faixas da Avenida Frei Cirilo em protesto pelas dificuldades enfrentadas no hospital.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec) afirma que a situação é semelhante em outras unidades do Estado. Em ofício enviado à Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública, o órgão cita problemas iguais no Hospital Geral de Fortaleza (HGF).

Paula Rodrigues, transplantada do coração, mora em Maranguape e segue, a cada 10 dias, ao Hospital de Messejana para pegar sua medicação. Nas últimas semanas, no entanto, ela esteve no local apenas para escutar o "não temos medicamento". A jovem chegou a se deslocar três vezes à unidade de saúde, sem sucesso. "Eu moro longe. Tenho dificuldades de respiração. Enfrento o sol. Gasto dinheiro que não tenho. Minha família que ajuda. É triste".

Em defesa de enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do Estado do Ceará (Sindisaúde) conta que o pagamento dos funcionários do Hospital de Messejana está atrasado desde outubro. "Nossa intenção é chamar atenção da Secretaria da Saúde do Estado. O problema é que, quando os cooperados procuram a direção do Hospital, eles não apresentam perspectivas de pagamento para o que está atrasado, além dos futuros", diz Marta Brandão, diretora do sindicato. Durante o ato na Avenida Frei Cirilo, os trabalhadores decidiram que, não havendo o pagamento dos salários até este sábado (18), na segunda-feira (20), haverá nova paralisação.

A situação atingiu também outras regiões do Estado. No mês passado, um memorando assinado por Carla Suelen Carneiro Soares, coordenadora Médica da Neonatologia do Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, determinou o fechamento dos leitos neonatais. A crescente falta de insumos tais como cateteres, antibióticos, suplementos alimentares, entre outros itens, além da sobrecarga de trabalho e reajuste de plantões dos profissionais da saúde, geraram má condições de trabalho.

A coordenadora comunicou, pelo memorando, que o fechamento da regulação de pacientes para a neonatologia do HRN se daria até que houvesse a redução de pacientes. No informe, a gestora fecha, também, a regulação de gestantes.

Intervenções

O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) informou, em nota, que recebeu ofício dos profissionais de saúde. Segundo o promotor Luciano Percicotti, as entidades serão convidadas na próxima segunda-feira (20) para o repasse de mais detalhes sobre a denúncia e, assim, substanciar futuras ações, como a notificação dos eventuais responsáveis para prestar esclarecimentos. Em seguida, será a vez dos secretários de saúde do Estado e da Prefeitura de Fortaleza.

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informou, por nota, que a descontinuidade pontual de alguns insumos médico-hospitalares deve-se a fatores que envolvem o fornecimento, como realinhamentos de preços, atrasos de entrega, requerimentos de troca de marca por parte dos ganhadores das licitações, além de trâmites burocráticos necessários para dar mais segurança ao processo de aquisição.

Sobre o serviço da cooperativa Coosaúde no Hospital de Messejana, a Sesa esclarece que o pagamento reclamado pelos cooperados refere-se ao serviço prestado no período de 21 de setembro a 20 de outubro. "De acordo com o contrato firmado, a Cooperativa precisa prestar contas com o Estado logo após o período do serviço prestado e, a partir da data da prestação de contas, a Sesa tem 30 dias para efetivar o pagamento", diz a nota.
Entrevista com Huygens Garcia - Médico especialista em transplantes

Rede deve prestar assistência contínua

Quais as consequências da falta de medicamentos para pessoas transplantadas?

Qualquer pessoa transplantada necessita de medicamentos contínuos para que o órgão não seja rejeitado. Caso isso não aconteça, este paciente muito provavelmente terá que fazer uma nova cirurgia ou até mesmo pode ir a óbito. Por isso, defendo que a falta desses medicamentos é algo inadmissível e deve ser uma prioridade do sistema de saúde público do Estado.

Como isso impacta na fila de transplantes?

Se as pessoas transplantadas não têm medicamento consequentemente a fila de espera não andará. Os transplantes nesses hospitais devem ser cancelados. Não faz sentido, já que não há medicamento para o pós-operatório. Isso seria antiético. O Ceará acaba pagando um preço por ser uma referência, já que muitos pacientes vêm de regiões como norte e nordeste do País.

Para classe médica, o quanto esse problema é prejudicial?

O médico, de maneira geral, já carrega muita responsabilidade. A partir do momento que ele não tem estrutura, insumos e medicamentos para trabalhar da maneira correta esse problema acarreta graves consequências. Quem acaba pagando é o paciente, que não é tratado da forma adequada.

Patrício Lima
Repórter

Enquete

O que está faltando para você?

"Eu moro longe. Gasto dinheiro que não tenho com passagens. Preciso pedir aos meus tios. É triste. Já foi tão difícil fazer a cirurgia. Já foi tão difícil entrar em uma fila e esperar. Um medicamento tão simples".

Camila Soares
Transplantada

Minha filha é transplantada há seis, do coração. Já faltou medicação e ela está internada. Tem criança que passa meses internada. Ela toma imunossupressores. Estão esperando pessoas morrerem para resolver o problema".

Ane Caroline Pereira
Dona de casa

Saiba mais

Material cirúrgico em falta no hospital de Messejana:

Cateter venoso central
Conjunto descartável de circulação
Dispositivo de infusão venosa
Dreno cirúrgico
Enxerto arterial
Equipo copo
Fio de sutura (marcapasso)
Kit Impermeável
Liga clip
Sensor bis
Sistema de aspiração
Sonda foley
PAS adesivas

Medicamentos ausentes:

Amiodarona
Dexmedetomidina AMP
Obutamina AMP
Dopamina AMP
Fibrinogênio humano
Milrinona AMP

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