CARLOS ALBERTO ALBUQUERQUERESPONSÁVEL PELO BLOG CONEXÃO REGIONAL
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
Chuvas de pré-estação animam Região do Cariri
Em novembro e dezembro, as médias das precipitações no Cariri ficam em 22mm e 66, respectivamente
Na vista do Município de Crato para Juazeiro do Norte (ao fundo), é possível vislumbrar o céu carregado, que vem fazendo a alegria dos moradores das zonas urbana e rural, amenizando o calor do "BRO bró" ( Foto: Antônio Rodrigues )
00:00 · 30.11.2017 por Antonio Rodrigues - Colaborador
Crato. As chuvas fortes nos últimos cinco dias na região do Cariri, além de diminuir o calor, indicam a chegada do período de pré-estação. A maior delas foi registrada na madrugada do último sábado (25), em Barbalha, com 71mm. Nos meses de novembro e dezembro, as médias das precipitações no Sul do Ceará são acima de todas as outras regiões do Estado, com 22mm e 66mm, respectivamente.
Mas isso não significa que, no ano que vem, a quadra chuvosa (fevereiro a maio) será melhor que nos anos anteriores. De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), as chuvas em novembro e dezembro são comuns na região devido o fenômeno de vórtice ciclônico de altos níveis, que causa instabilidade atmosférica e facilita a formação de nuvens mais significativas.
No entanto, isso causa chuvas irregulares, às vezes, muito fortes, mas que podem ser fracas ou, até mesmo não acontecerem nos dias seguintes. "Variam muito de ano a ano. Tem anos que nem acontecem", afirma Raul Fritz, supervisor da unidade de Tempo e Clima da Funceme. No mês de janeiro, as chuvas de pré-estação devem abranger o restante do território cearense.
Até agora, os modelos climáticos não conseguem precisar se as chuvas fortes continuarão nos próximos meses. "Os fenômenos que acontecem são de baixa previsibilidade a longo prazo. Os sistemas não têm sensibilidade boa para captar e assimilar os fenômenos que trazem chuvas na pré-estação", completa Fritz.
O "inverno" em 2018 independe do fenômeno das chuvas de pré-estação, pois a quadra chuvosa é proveniente da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que só costuma aparecer em fevereiro. O modelo climático da Funceme, que roda em novembro, indica apenas os três próximos meses. Ou seja, apenas em janeiro poderá saber se no ano que vem teremos precipitações mais regulares.
La Niña
Segundo Raul Fritz, o fenômeno La Niña, que acontece no Oceano Pacífico, poderá ajudar a trazer mais chuvas. Por outro lado, a regularidade de chuvas depende do Oceano Atlântico. "Estamos observando a temperatura do mar. Se o Oceano Atlântico se mostrar desfavorável, a presença por si só da La Niña não ajuda" explica. Foi o caso de 2012, quando as chuvas ficaram abaixo do 50% da média. "É interessante em março ou abril. Se o Oceano Atlântico estiver favorável, espera-se chuva mais regular. Mas estamos precisando de uma estação chuvosa muito boa", completa. A chance de o Fenômeno El Niño, que agravou a seca no Nordeste, acontecer é quase nula.
Bacias
Os reservatórios do Ceará estão, em média, com 8% da sua capacidade e as chuvas em 2018 poderão indicar se os municípios entrarão em colapso hídrico. O Açude Castanhão, maior do Estado e que abastece a região de Fortaleza, está com 3,15% do volume total. A situação é ainda mais grave na região do Sertão de Crateús, em que apresenta, apenas, 0,3% de sua capacidade.
A Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) está aguardando a previsão da Funceme para a quadra chuvosa, mas, mesmo com as precipitações mais regulares, os reservatórios podem ou não encher. "Isso é bem imprevisível. O Açude do Rosário, que atende Lavras da Mangabeira, começou o ano em torno de 10%. Em uma semana de chuvas, chegou a 37%. O açude é grande. É muita água para pouco tempo. Do mesmo jeito que ele pegou, o Olho D'água, em Varzea Alegre, fez foi perder água. Depois que a quadra chuvosa terminou, estava menor", lembra o gerente da Cogerh no Crato, Alberto Medeiros.
Esperança
A agricultura Maria Ana da Silva conta que as chuvas, nos últimos dias, não foram tão fortes na sua comunidade, o Assentamento 10 de Abril, em Crato. "Choveu pouquinho. Nem plantei, porque a terra não molhou ainda, mas, se Deus quiser, vai chover", acredita. Ela crê que o "inverno" será muito bom, pois a natureza demonstra isso. "A gente, que é agricultor desde de criança, tem nossa previsão. O pé de angico está 'chorando' uma resina na madeira, como se fosse uma vela. É sinal que vai chover. A aroeira tá florando muito e botando cacho de fruta. A imburana não tá carregada, também é sinal de que vai chover" garante Ana.
Maiores chuvas (mm)
Sábado (25)
Barbalha - 71.0
Crato (Lameiro) - 57.0
Juazeiro Do Norte - 48.0
Aurora - 16.5
Farias Brito - 12.0
Cariús (Sao Sebastiao) - 11.0
Mauriti 9.0
Aurora (Sitio Tipi) 7.2
Terça-feira (28)
Santana Do Cariri - 25.0
Crato (Lameiro) - 25.0
Abaiara - 20.0
Barbalha - 19.0
Juazeiro Do Norte - 17.0
Crato (sede) - 12.8
Aurora - 7.0
Fonte: Funceme
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