CARLOS ALBERTO ALBUQUERQUERESPONSÁVEL PELO BLOG CONEXÃO REGIONAL
sábado, 28 de abril de 2018
CONEXAO REGIONAL REGISTRA FATO HISTÓRICO PARA PAZ NO MUNDO: Coreias fazem as pazes e acertam fim das armas
Cúpula histórica resulta em compromissos de "desnuclearização" e provoca repercussão otimista no mundo
Líder norte-coreano Kim Jong-un (segundo à esquerda) e sua mulher Ri Sol Ju (e) brindam com o presidente sul-coreano Moon Jae-in (segundo à direita) e sua mulher Kim Jung-sook (direita), durante jantar oficial da cúpula histórica ( Foto: AFP )
00:00 · 28.04.2018
Goyang. Os dirigentes das duas Coreias se comprometeram na sexta-feira (27) a trabalhar pela eliminação das armas nucleares da península e por uma paz permanente, durante uma cúpula histórica na Zona Desmilitarizada. Após um aperto de mão simbólico na fronteira com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, afirmou que a Coreia está "no início de uma nova história". Kim disse ter se sentido "embargado pela emoção" ao cruzar a linha de cimento e se tornar o primeiro dirigente norte-coreano a pisar em território sul-coreano desde a Guerra da Coreia (1950-1953).
"Coreia do Sul e Coreia do Norte confirmam o objetivo comum de obter, por meio de uma 'desnuclearização' total, uma península coreana não nuclear", diz a Declaração de Panmunjom publicada após a reunião. Após a assinatura do texto, que proclama que "não haverá mais guerra na península da Coreia", Kim e Moon se abraçaram, ao final de um dia de demonstrações de amizade. Em uma cerimônia de despedida, os dois viram imagens de seu encontro reproduzidas em um espetáculo de luz e som, parados e de mãos dadas durante vários minutos. Depois disso, Kim voltou a cruzar a fronteira e foi para a Coreia do Norte.
> Paixão pela música une mulheres dos presidentes
Em imagens transmitidas pela TV, ele foi visto saudando de seu veículo os anfitriões na Zona Desmilitarizada. Os dois vizinhos disseram querer se reunir com os EUA e, talvez, também com a China - signatários do armistício que acabou com a guerra há 65 anos- "visando declarar o fim da guerra e estabelecer um regime de paz permanente e sólido" na península. Por falta de um tratado de paz, tecnicamente os dois vizinhos continuam em guerra.
Esta cúpula histórica foi elogiada por várias capitais estrangeiras. A China saudou a "coragem" de Kim e Moon; o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, falou da "passagem positiva para uma resolução em conjunto de várias questões relativas à Coreia do Norte"; e o Kremlin celebrou "notícias muito positivas".
O presidente americano, Donald Trump, saudou o encontro, embora tenha declarado que "o tempo dirá" se os resultados foram bons. Além disso, afirmou que não será "manipulado" pelo líder norte-coreano em seu encontro, para o qual estão analisando "duas ou três sedes" onde poderá ser organizado. Para a Otan, esta cúpula "é um primeiro passo. É encorajador, mas temos que compreender que resta muito trabalho difícil à frente".
Próximos passos
O Norte e o Sul decidiram que Moon viajará no outono a Pyongyang para a 4ª cúpula intercoreana desde o fim da guerra - as duas anteriores foram em 2000 e 2007. Outra medida simbólica é a decisão de retomar em agosto as reuniões das famílias que ficaram divididas pela guerra.
Os acontecimentos da sexta-feira são a última e mais forte amostra desta excepcional distensão surgida na península desde que Kim anunciou, surpreendendo a todos, em 1º de janeiro, que seu país participaria dos Jogos Olímpicos de Inverno organizados pelo Sul.
Kim esteve acompanhado por Kim Yo Jong, sua irmã e conselheira próxima, e por seu responsável de Relações Intercoreanas. Moon estava acompanhado pelo chefe da Inteligência sul-coreana e por seu diretor de gabinete. Em outro momento simbólico, Kim e Moon plantaram uma árvore perto da linha de demarcação militar, um pinheiro de 65 anos, tantos quanto o armistício.
Além disso, Moon o regou com a água do rio norte-coreano Taedong, enquanto Kim fez o mesmo com a água do rio sul-coreano Han. Recentemente, Kim anunciou o fim dos testes nucleares e disparos de mísseis, além do fechamento das únicas instalações conhecidas de testes atômicos. Apesar disso, alguns especialistas suspeitam que o último teste, em setembro, tenha deixado as instalações inutilizáveis.
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