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segunda-feira, 30 de julho de 2018

Mais de 15% dos adolescentes entre 15 e 17 anos estão fora das salas de aula no Brasil





Colocar na escola os 2,5 milhões de crianças e adolescentes que ainda não estudam é apenas uma das tarefas dos próximos governantes que se comprometerem com a melhora na educação. É preciso garantir que essas pessoas conseguirão completar o ciclo educacional, o que tem se mostrado um dos maiores desafios do país, de acordo com especialistas.

A maior prova disso é que, embora 98,5% das crianças de 6 a 14 anos estejam nas escolas, o mesmo não acontece nas etapas seguintes. Entre os adolescentes de 15 a 17 anos, que deveriam estar no ensino médio, só 84,3% estudam. O maior desafio, atualmente, se concentra nessa faixa, aponta Olavo Nogueira Filho, diretor de políticas educacionais do movimento Todos Pela Educação. “Alguns índices têm melhorado, mas, quando chega aos anos do ensino médio, ainda há problemas”, diz. O número de matrículas nessa faixa etária caiu de 8,1 milhões, em 2016, para 7,9 milhões no ano passado.

Além de ter menos pessoas chegando ao ensino médio, há um alto índice de evasão escolar nessa fase, que, segundo o Ministério da Educação, chega a 11,2%. É o caso de Lucas Gomes, 23 anos, que só estudou até o primeiro ano dessa etapa e, agora, pensa em voltar. Morador de uma das regiões mais pobres de Brasília, a Estrutural, ele abandonou as salas de aula para trabalhar. “Não terminei por necessidade de trazer sustento para a casa. Meus familiares não tinham boas condições financeiras”, conta ele.

Hoje, oito anos depois da interrupção do ensino, o serralheiro considera a possibilidade de frequentar novamente a escola, por melhores condições de vida e acesso ao mercado de trabalho. A preocupação dele não é à toa. De acordo com estudos, a renda do brasileiro pelo menos dobra com a obtenção de um diploma universitário. Na faixa etária de 30 a 39 anos, a renda mensal com Ensino Médio completo é de R$ 1,8 mil. No entanto, quando analisado o mesmo grupo com quem tem diploma, chega a R$ 4,7 mil, 2,6 vezes maior.

Como Lucas, praticamente metade dos homens de 15 a 29 anos que não estudam alegam que precisam trabalhar. O motorista Vilmar de Souza, 51, parou na quarta série, pelo mesmo motivo. “Não dava para fazer os dois. Trabalhava de manhã e estudava à noite, mas não tinha horário certo para sair do serviço”, explica. Apesar de se dizer arrependido de ter saído tão cedo da escola, quando questionado sobre uma possível volta, ele nega a possibilidade, diante da crise econômica vivida no país. “No momento, estou pensando em trabalhar de dia e de noite, ter dois serviços”, revela.

Souza acredita que o importante foi ter conseguido investir no ensino dos filhos. “Os três concluíram os estudos em dia”, conta, alegre. Uma vitória em um país que tem um grave problema de defasagem escolar, lembra Marina Águas, analista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o órgão, 14,4% dos jovens de 11 a 14 anos estão em séries atrasadas em relação às suas idades. Na faixa de 15 a 17 anos, um terço dos adolescentes ainda está no ensino fundamental ou já abandonou a escola.

Um dos fatores que tornam o ensino médio pouco atrativo para os estudantes no Brasil é a média de quatro horas de aula por dia, abaixo do que ocorre em países desenvolvidos. Entre os 30 países que lideram o ranking do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA, na sigla em inglês), nenhum tem menos de sete horas por dia, ressalta a professora Cláudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (Ceipe-FGV).

Além disso, o Brasil tem 13 disciplinas obrigatórias para dividir nesse tempo, enquanto a média desses países é oito. “É uma tragédia anunciada. O currículo acaba sendo enciclopédico, com aulas não muito engajadoras. Como um professor consegue dar uma aula interessante com tão pouco tempo para desenvolver o conteúdo?”, questiona.

Falta interesse de alunos e professores

A dona de casa Maria Aparecida, 60 anos, consegue evidenciar várias deficiências na educação brasileira em apenas uma frase. “Eu não gostava (das aulas), e também tinha dificuldades”, diz, como justificativa por ter deixado as salas de aula aos 11 anos de idade, no primeiro ano do ensino fundamental. A falta de atratividade das escolas e o despreparo de professores, para citar apenas dois dos problemas que ficaram claros para ela, levam a estatísticas preocupantes, como o fato de que 24 em cada 100 crianças que entram na escola seguem o mesmo caminho que a dona de casa e a abandonam ainda no ensino fundamental. Dos 76 alunos que continuam, 17 não completam o ensino médio.



Apesar de Maria Aparecida ter largado a escola no fim da década de 1960, quando apenas 48% das crianças entre quatro e 17 anos estudavam, números mais recentes mostram que a falta de interesse dos brasileiros nos estudos ainda é forte. Tem, inclusive, aumentado nos últimos anos. Entre as pessoas de 18 a 24 anos, 28% não trabalhavam nem estudavam no ano passado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A fatia é maior que a observada em 2016, de 26%. Passada quase meia década desde que Maria Aparecida abandonou as salas de aula, nenhum governo conseguiu fazer com que os jovens tenham interesse em estudar.
Desmotivados

Um dos motivos para tanto desinteresse é que, no Brasil, ser professor não é a opção dos melhores estudantes, o que interfere na atuação dos profissionais na sala de aula, um dos fatores primordiais para manter os alunos na escola. Estudo do movimento Todos pela Educação aponta que sete em cada 10 brasileiros que ingressam no curso de pedagogia tiram notas abaixo da média no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Dois não têm nota suficiente nem mesmo para pedir o certificado de ensino médio.

Além disso, de acordo com a pesquisa, 49% dos professores não recomendam a profissão para um jovem, o que mostra que eles não estão satisfeitos com pontos como plano de carreira e remuneração. “A atuação dos profissionais tem impactos muito fortes no aprendizado. Se não conseguirmos reverter esses números, dificilmente veremos mudanças”, afirma Olavo Nogueira Filho, diretor de políticas educacionais do Todos pela Educação.

Para que o país possa contar com melhores professores, além de garantir que eles terão condições de trabalho dignas, é preciso que os cursos de pedagogia sejam mais profissionalizantes, “com mais chão de escola e menos matéria burocrática”, afirma a professora Cláudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (Ceipe-FGV). “Os bons sistemas educacionais do mundo inserem o futuro professor nas escolas desde o começo da formação, até que se tornem prontos para assumir. O ensino tem que ser muito mais prático”, defende.

Regulamentar esses fatores é, segundo ela, responsabilidade do governo federal. Cláudia lembra que o Ministério da Educação anunciou, recentemente, que prepararia uma base nacional docente, no mesmo molde da base nacional curricular aprovada em 2017, que padroniza o currículo dos estudantes. “É fundamental. Como o assunto já foi levantado, será tarefa para o próximo presidente criá-la”, espera.

Com informações do Jornal Correio Braziliense

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