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sexta-feira, 2 de junho de 2017

Carta aberta a Camilo não tem aval da direção

Um grupo de petistas ligados a Luizianne publicou carta cobrando posição do governador, que a desconsiderou

00:00 · 02.06.2017
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Para o vereador Acrísio Sena, presidente eleito do diretório municipal do PT, o governador Camilo Santana não tem desrespeitado o partido ( Foto: Helene Santos )
Uma carta aberta, assinada por 50 filiados do PT no Estado, foi divulgada na tarde de ontem, pedindo que o diretório estadual do partido e a comissão executiva convoquem o governador Camilo Santana para discutir suas decisões políticas no "quadro regular do partido" e se "decida" sobre seu posicionamento no PT que, segundo eles, tem "atordoado os militantes que estão nas ruas lutando contra o golpe". Camilo disse que não falaria sobre o movimento.
Encabeçado por membros da ala ligada à ex-prefeita Luizianne Lins (de deputados só ela assinou), o manifesto é uma reação às declarações do governador, dadas na semana passada, de que, em eventuais eleições indiretas no País, "se for para escolher entre os nomes que estão lá no Congresso, o nome do senador Tasso Jereissati é muito respeitado e seria muito bom para o Estado do Ceará e para o Brasil", comentou Camilo Santana durante visita ao Polo Industrial e Tecnológico do Eusébio.
Diante desta afirmação, os filiados do partido justificaram na carta que é preciso "um posicionamento público dirigido à sua militância" e escreveram que o posicionamento do governador diverge, mais uma vez, "das resoluções partidárias, que, em sintonia com nossa base social e com a opinião pública, posicionaram-se oficial e claramente, conclamando-nos e a sociedade a uma grande mobilização pelas diretas já".
Eles continuam: "A presente manifestação se impõe por já não se tratar da primeira oportunidade em que as posições pessoais do governador divergem pública e frontalmente das do partido, ou, pelo menos, da opinião majoritária de sua militância, em questões centrais da política".
Prerrogativa
Conforme explica a carta, o governador tem direito de divergir das decisões do Partido dos Trabalhadores, como no que diz respeito à candidatura de Lula, à campanha pelas diretas ou a sua posição na campanha de Luizianne para Prefeitura de Fortaleza, ou ainda a decisão de nomear como um de seus secretários, quadro do PSDB, em referência à nomeação de Maia Júnior (atual secretário de Planejamento e Gestão).
No entanto, como militante do PT, Camilo não tem "prerrogativa de aplicar uma conduta oposta à do partido, ainda mais quando sequer submeteu suas posições e teses à discussão nas instâncias partidárias".
Já o presidente estadual do PT, De Assis Diniz, ponderou e disse que a direção do partido debaterá no momento certo as suas divergências internas.
"O governador, enquanto pessoa, pode dizer o que quiser, ele não pode falar pelo partido. Ele disse: 'se o Temer sair, se o processo for nesse cenário, eu defendo isso'. Não posso por uma fala (do governador), embora não concorde, eu particularmente sou a favor das diretas, não posso emparedar o governador".
"Quando o diretório aprovar uma Resolução, vamos apresentar ao governador: 'olha, essa é a posição do seu partido', e vamos dialogar com ele sobre ela". De Assis afirmou que só depois do Congresso Nacional do PT, iniciado nesta quinta (1) e que segue até domingo (4), onde serão debatidas questões relacionadas às eleições e a atual conjuntura política, é que o diretório estadual do PT decidirá sobre os rumos no cenário local.
"Não é um filiado, um militante, que tem todo direito de expressar seus posicionamentos, que vai nos emparedar. O diretório toma posse no dia 16 de junho e vamos debater (a resolução), mas não será feito por pressão de A, B, C ou D. O partido funciona por espaço de deliberação, não porque um filiado, que tem um documento, vai conduzir o processo. O PT tem uma coisa chamada correlação de forças, antes de qualquer discussão, é um espaço das forças que constroem suas resoluções, a partir das deliberações".
O presidente municipal do PT em Fortaleza, vereador Acrísio Sena, mais próximo ao governador, também minimizou os efeitos da carta e defendeu que nem a fala de Camilo Santana e nem o documento são posicionamentos oficiais do partido.
"Em nenhum momento, o governador desrespeita as deliberações do partido. Ele foi indagado sobre uma circunstância que se, porventura, houvesse eleição indireta. Em nenhum momento ele externou que é contra a candidatura do Lula, que defende indiretas, foi dentro de um recorte".
Acrísio nega que essas divergências acirrem divisões internas dentro do partido. "Isso aflora o debate de maneira tão intensa que dá o direito de filiados de lançarem uma nota divergindo. Até porque o partido não tem esse posicionamento de dar ultimato ao governador de permanecer ou não no partido. A partir dessa resolução, vamos construir um debate e aplicar nos estados. Divergência pública no PT, ter pontos de vistas distintos, isso faz parte da cultura do PT".

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