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quarta-feira, 29 de maio de 2024

Opinião |Aumento das expectativas inflacionárias pode contaminar formação de preços


Por enquanto, ainda não há uma sensação de que a inflação está fora de controle




Por Fábio Alves (Broadcast )



Analistas dizem que o aumento das expectativas inflacionárias de médio prazo para bem acima da meta perseguida pelo Banco Central – por um período prolongado – pode acabar contaminando a formação de preços e, por tabela, a inflação corrente. Há quem considere que já há um risco de esse cenário ocorrer no Brasil em breve, caso as projeções do mercado para o IPCA em 2025 e 2026, por exemplo, não comecem a recuar em direção ao alvo do BC.

A mediana das estimativas de analistas para a inflação em 2025 está em 3,75%, enquanto a meta é de 3%. Já para 2026, o consenso das projeções subiu para 3,58%, após ficar parado em 3,50% por 46 semanas. Seriam esses níveis os gatilhos suficientes para levar os agentes da economia a remarcarem os preços de bens e serviços em antecipação à alta da inflação?

Se levarmos apenas em conta o histórico recente das expectativas inflacionárias no Brasil e o comportamento dos índices de preços ao consumidor nos meses seguintes, a resposta seria não. Mas essa equação é mais complexa, e o resultado depende de outros fatores.

Ainda não percepção de inflação fora do controle do BC Foto: DIDA SAMPAIO / ESTADÃO

Do fim de dezembro de 2022 (antes, portanto, de o presidente Lula tomar posse) até a segunda quinzena de abril de 2023, as projeções de inflação para 2025 subiram 0,75 ponto porcentual, para atingir 4%, em reação à ansiedade do mercado em relação à nova âncora fiscal que iria substituir a regra do teto de gastos. Sem falar nos ataques de Lula ao BC. Também as estimativas do IPCA para 2026 subiram até 4%. O governo só entregou a proposta do novo arcabouço fiscal no dia 19 de abril, quando, a partir de então, o mercado passou a precificar um menor risco fiscal.

E o que aconteceu com a inflação no ano passado? O IPCA desacelerou de 5,79%, em 2022, para 4,62% em 2023, apesar de, nos primeiros meses do ano, o nervosismo em relação às novas regras fiscais ter contribuído para a alta das projeções de inflação para bem acima da meta de 3%. Uma das explicações para isso é que, além do aumento das expectativas, seria necessária também a percepção por todos os agentes econômicos de uma desorganização mais profunda da política econômica para que a formação de preços fosse contaminada a tal ponto de afetar a inflação corrente. Foi o que ocorreu durante o segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, além da instabilidade política que culminou no impeachment.


Por enquanto, não há uma sensação de inflação fora de controle. Mas a mudança da meta fiscal de 2025 e a percepção de intervenção na Petrobras geram incerteza e reduzem o espaço para novos ruídos.

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