CARLOS ALBERTO ALBUQUERQUERESPONSÁVEL PELO BLOG CONEXÃO REGIONAL

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sábado, 23 de novembro de 2024

Cinco cidades do Ceará deverão ter novos investimentos de fábricas de calçados; veja locais


Empresa de produtos infantis, Kidy está de olho no Estado para ponto de apoio logístico
Escrito por Luciano Rodrigues* , luciano.rodrigues@svm.com.br
Negócios

Legenda: Ceará deve continuar na rota de expansões das fábricas de calçados, consolidando a posição de maior produtor de pares do Brasil
Foto: Antônio Rodrigues/Diário do Nordeste




A liderança do Ceará na produção de calçados no País faz a indústria do setor enxergar o mercado local com mais atenção. De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), só em 2023, o Estado foi responsável por produzir quase 225 milhões de pares, superando o Rio Grande do Sul. A expectativa é de que pelo menos três grandes empresas do segmento utilizem o território cearense para expansões.

Somente em empregos, a Abicalçados aponta que, dos principais produtores de pares do País, o Ceará, até setembro deste ano, centralizava aproximadamente 70 mil postos de trabalhos diretos, atrás somente do Rio Grande do Sul.

Principalmente no Sertão Central, estão concentradas algumas das principais indústrias do setor do País, fazendo de municípios como Quixeramobim e Senador Pompeu um importante polo calçadista.

Durante a BFShow, principal feira de calçados do Brasil realizada em São Paulo, o Diário do Nordeste conferiu com exclusividade quais as principais novidades de pelo menos três grandes marcas do setor calçadista para o Ceará, que incluem ampliação de fábricas, entrada mais agressiva no varejo e novo centro de distribuição.


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Aniger Calçados: expansão das três plantas fabris

Uma das principais empresas calçadistas do Ceará é o Grupo Aniger, responsável por fábricas nos municípios de Caridade, Quixeramobim e Tauá e pela produção de calçados de marcas como a Petite Jolie.

Segundo Leandro Winter, diretor de negócios da Petite Jolie e da Aniger Calçados, as três unidades, uma em cada município, são responsáveis por "toda a produção em larga escala da companhia".

No Rio Grande do Sul, sede administrativa da empresa, estão concentradas atividades de "desenvolvimento, administração e matrizaria, a produção de moldes", bem como uma fábrica de calçados finos em Campo Bom.

A maior e mais antiga, a de Quixeramobim, inaugurada em 1998, passou por uma "expansão significativa" em 2023, aumentando "em cerca de 1 mil pessoas contratadas" em relação ao efetivo existente. O assunto foi destaque em agosto do ano passado. Caridade, a mais recente, e Tauá, atualmente em obras, também passarão por processos significativos de ampliação das fábricas.



São cenários bastante diferentes pelo perfil de produtos. Nesse momento, a gente tem expansão acontecendo em Tauá, a área industrial deve crescer praticamente duplicando a capacidade, em etapas. Em Quixeramobim, a gente já veio em um processo de bastante crescimento no último ano. Devemos passar por um processo inicial de estabilização para poder se preparar também para novas fases de crescimento. Devemos seguir também com uma expansão na unidade de Caridade.Leandro Winter
Diretor de negócios da Petite Jolie e Aniger Calçados



O gestor da empresa, no entanto, não detalhou como devem ser as novas expansões, apenas que diversos empregos serão gerados nas três cidades. Outro ponto que está na mira do Grupo Aniger no Ceará é duplicar as chamadas lojas monomarcas.

Ao contrário de estabelecimentos de departamento de calçados populares, que vendem diversas marcas e são conhecidas como 'lojas multimarcas', no conceito da monomarca, comercializa-se apenas uma bandeira, com diversos calçados. O carro-chefe no caso da empresa é a Petite Jolie, voltada para o público feminino.


Legenda: Fábrica da Aniger está em Quixeramobim em 1998 e é a maior da empresa no País
Foto: Divulgação/Aniger Calçados



Desde 2021, quando começou a incursão no setor varejista, o Grupo Aniger atingiu a marca de 27 unidades monomarcas. Somente no Ceará, onde mantém todas as fábricas de produção de calçados, são cinco unidades, mas a promessa de Leandro Winter é dobrar esse contingente "no curto prazo".

"O Ceará, até por ser um mercado conhecido, vai sendo um caminho de expansão para nós muito importante para o varejo da Petite Jolie. A marca está muito bem distribuída em um segmento de multimarcas, mas tinha espaço de crescimento em um caminho que estava inexplorado e visa adquirir um consumidor que não tinha acesso à marca. Já são cinco lojas no Ceará, com potencial e um objetivo de, no curto prazo, chegar a dez lojas no Estado", projeta.
Sugar Shoes estuda expansão das três fábricas no Ceará

Outra indústria que tem força no mercado local é a Sugar Shoes, que produz calçados das marcas Coca-Cola Shoes, Flamengo, Vasco, Colcci, Diversão, Aramis, Street e Netflix.

Com cinco unidades fabris, sendo duas no Rio Grande do Sul (Capela de Santana e Picada Café) e três no Ceará (duas em Senador Pompeu e uma em Solonópole), a empresa estuda possíveis ampliações no território cearense, principalmente pela alta produtividade que ocorre no Estado.

"O Ceará é onde a gente tem mais de 75% da nossa produção. A gente tem produzido hoje quatro marcas hoje no Ceará. Nossa maior marca, a Coca-Cola Shoes, e as nossas marcas próprias, que também representam muito do nosso negócio, a Diversão e a Street, são produzidas no Ceará", explica Rodaika Diel, diretora-executiva do Grupo Sugar Shoes e Neorubber.


Legenda: Fábrica da Sugar Shoes Senador Pompeu. Município cearense concentra duas unidades fabris da empresa no Brasil
Foto: Divulgação/Sugar Shoes



Após um crescimento tímido em 2024, principalmente em virtude das complicações pelas quais o setor calçadista atravessou, como as enchentes no Rio Grande do Sul, Rodaika aponta que a ordem para o próximo ano é buscar "otimização e aumento de eficiência, aumentando a produção com a estrutura que existe", e que novas oportunidades de expansão das fábricas estão atreladas essencialmente ao Ceará.



Estamos, sim, prospectando novos negócios e qualquer chance de crescimento hoje está dedicada no Ceará, que é onde a gente tem espaço também para crescimento nessas duas cidades especificamente. Havendo a necessidade de ampliação a mais, estamos sempre abertos para o estado do Ceará.Rodaika Diel
Diretora-executiva do Grupo Sugar Shoes e Neorubber


Kidy Calçados prevê primeiro Centro de Distribuição no Nordeste em Fortaleza

Enquanto a produção das empresas, que produzem pares voltados majoritariamente para adultos, sofreram com 2024, principalmente pelas questões climáticas, no segmento infantil, a Kidy Calçados deve encerrar 2024 com otimismo, como ressalta Rafael Menezes, gerente comercial da empresa.

"A realidade nossa já é de ganho de mercado e crescimento. A gente vai fechar com 26% (de crescimento) em 2024. Estamos projetando 40% em 2025, e não é só no mercado brasileiro. Hoje a gente já exporta para 40 países. Existe uma abertura de países, principalmente, na Europa, na África e no Oriente Médio, para crescer", classifica.

A produção da companhia hoje é concentrada principalmente em Birigui (SP), tradicional polo calçadista infantil do País, onde mantém cinco fábricas, além de uma em Três Lagoas (MS).


Legenda: Kidy Calçados mira o Ceará para instalar centro de distribuição
Foto: Divulgação/Kidy Calçados



Uma possível expansão, pelo menos de fábrica para o Nordeste, não está no radar. Conforme Rafael Menezes, isso acontece em virtude das mudanças de impostos que serão causadas no Brasil pela Reforma Tributária.

"São movimentos bem sensíveis que a gente precisa ter finalizado esse processo para depois definir. Uma expansão fabril, hoje, é muito custosa. Quando a gente fala disso em uma Reforma Tributária em execução, precisamos finalizar esse processo para definir as expansões. Talvez faça mais sentido hoje ter um entreposto, ou seja, ter um centro de distribuição no Nordeste para abastecer. Geraria empregos para a região", avalia.

Esse entreposto já tem localização quase definida pela Kidy Calçados. A cidade mais cotada para receber o primeiro centro de distribuição da empresa fora do Centro-Sul do Brasil é Fortaleza, mais especificamente na Região Metropolitana. Um dos motivos é a localização estratégica para outros locais da América Latina.



A projeção hoje é que, em três anos, a gente possa ter esse entreposto. Por que três anos? Porque também envolvem questões de medidas fiscais. A projeção é de até 2026 tenha um (centro de distribuição) na região Centro-Oeste e um no Nordeste. Estudamos principalmente ao redor da Grande Fortaleza, porque também pode ser algo para exportar mercadorias para a região da América Latina. É um local para escoar mercadorias para a região Norte também.Rafael Menezes
Gerente comercial da Kidy Calçados



Como o próprio gerente comercial da empresa destaca, as principais regiões de atuação da Kidy no País são o Norte e Nordeste - esta, por sua vez, responsável pela maior fatia de mercado da companhia.

“É onde a gente esforça e foca o atendimento pelo consumo ser muito pujante por lá. A gente aproveita esse momento que é forte, as lojas do Nordeste são vitrines fundamentais para o Brasil, inclusive cases de sucesso que a gente traz para outras regiões”, reforça Rafael Menezes.

Locais que devem ter novos investimentos do setor calçadista:Tauá
Caridade
Senador Pompeu
Solonópole
Grande Fortaleza

*O repórter viajou a São Paulo a convite da BFShow.

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