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quarta-feira, 1 de junho de 2022

BRAZ CORTEZ : COISAS DA MINHA TERRA – “Faça graça Zé Baleco...”





Há em toda e qualquer comunidade, a circular circunscritamente naquele espaço geográfico, determinadas expressões, gestadas ali mesmo, entendidas e bem entendidas por seus habitantes, mas estranhas, exóticas aos forasteiros, que alheios pasmam-se perplexos. Cai no gosto, e paulatinamente incorporam-se ao vocabulário comunitário naturalmente

2. Até bem pouco tempo, o transporte para pequenas distâncias se realizava em bicicletas. Através delas se promovia a venda de verduras, leite, cereais etc, etc., servindo também para os passeios urbanos, das mocinhas e varões no final da tarde. Assim, cabia em qualquer lugarejo, casas especializadas na venda de peças para esses veículos...E uma delas, na nossa Campos Sales-CE (ex-Nova Roma), tinha como proprietário o nosso saudoso Zé Baleco que bem como o nome indica, de tradicional família, uma das precursoras na formação de nossa cidade

3. Eis que, em determinado dia, nosso Zé Baleco perde sua carteira, contendo bastante dinheiro, além de todos os documentos. Ora, nada mais desconfortável – além do dinheiro, toda a burocracia e despesas para obtenção dos documentos, naquela época só possível a reedição na capital!

4. Egresso do estado de Alagoas, residia já há muitos anos na nossa cidade o Mestre Jonas, cidadão respeitável, e do consorte com Dona Juvenilia, adveio diversos filhos, um deles o Demontier, conhecido abreviadamente por “Tier”. Bonachão, alto e magro, desengonçado, despreocupado, adepto do conceito “....deixa a vida me levar....”, perambulava o dia todo, sem ocupação, quase sempre bebericando aqui, acolá umas “onofrinas”. Inofensivo, de boa índole, submetido a que fora a uma criação severa, seguia o comportamento dos pais em termos de honestidade e retidão nas ações... E assim, nessa ociosidade acabou por encontrar, incólume, a tal carteira do Zé Baleco, a quem incontinenti mandou avisar, não só pelo desejo da RECOMPENSA anunciada, mas fitando ainda o bem e a satisfação que promoveria ao seu conterrâneo...

5. E assim, mal amanhece o dia, Zé Baleco, já na sala da casa do “Tier”, que se encontrava ainda deitado, se desmanchava em elogios ao mestre Jonas e a todos os seus filhos, enaltecendo as qualidades morais e as suas despretensões por bens materiais, concluindo por afirmar, em voz alta, que com certeza o “Tier”, JAMAIS ACEITARIA QUALQUER TIPO DE RECOMPENSA! Dito isso, “Tier” , até então, ainda deitado, com a cabeça sob um lençol fino, escutava silente todo o discurso, e expondo a cabeça ressacada, irrompeu pausadamente com a expressão ...”FAÇA GRAÇA ZÉ BALECO.....” , expressão, traduzindo, que hoje se presta para desqualificar todo e qualquer argumento ou intenção que contrarie a pretensão do interlocutor, hoje usada e abusada por toda comunidade!!!




Brazcortez/18.05.2022.


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