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sexta-feira, 29 de julho de 2022

‘Casas de ferro’: quanto custa viver num imóvel de contêiner no Ceará?



A alternativa é mais sustentável e evita imprevistos no processo de construção; tamanho, estrutura e valor do dólar estão entre as variáveis do custo

Escrito por Lucas Falconery, lucas.falconery@svm.com.br 07:00 - 29 de Julho de 2022.CEARÁ


Legenda: Márcio reúne a família aos fins de semana na casa de ferro em Beberibe, litoral do Ceará
Foto: Acervo pessoal



Confira a proposta de moradia: entrega em um mês, custo entre 10% e 50% menor e com um método mais sustentável e prático de execução. Isso é possível nas construções feitas em contêineres, que se tornaram realidade para erguer pontos comerciais e, num movimento mais recente, alternativa de moradia no Ceará


Não há um levantamento sobre quantas edificações de contêiner existem no Estado, mas cearenses optam pelo modelo para construir o lar, casas de praia e até para empreender em imóveis para aluguel feitos com os blocos. Quem vê a fachada metálica, logo fica curioso.

Os contêineres são usados pela indústria de transporte e descartados após 15 anos. Para a transformação em moradia, os blocos são recuperados, recebem isolamento térmico e adaptação ao projeto. A instalação acontece com apoio de guindaste e a vida útil da estrutura pode ser superior a 90 anos.



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Essa alternativa pode baratear a construção até pela metade, conforme o projeto arquitetônico e o preço do contêiner, que é avaliado em dólar. Quem opta por alugar - possibilidade ainda escassa - deve encontrar um valor médio de mercado.


Na próxima semana, por exemplo, um condomínio de kitnetes construídos com contêiner será inaugurado em Fortaleza na Rua Tenente Benévolo, entre os bairros Praia de Iracema e Centro. Os preços variam conforme o tamanho da moradia:15m²: R$ 650
18m²: R$ 850 (com varanda)
30m²: R$ 1.100 (com espaço para 2 quartos)

Para ter uma noção do custo, em imóveis antigos no Centro - em áreas mais afastadas - o aluguel num espaço de 15m² está a partir de R$ 550,00, conforme pesquisa feita no buscador Zap Imóveis.

Em contato com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE) e com a empresa BMB Containers não foi obtido registro de imóveis do tipo ou informações sobre outros espaços para aluguel.




Legenda: Kitnetes recebem isolamento térmico por causa da facilidade com que o metal transmite calor
Foto: Kid Júnior



O proprietário do local, David Rodrigues, de 40 anos, explicou ao Diário do Nordeste que também não teve nenhuma referência de moradias de contêineres para aluguel no Ceará.


“Quando eu fui fazer, o meu medo era esse: não tinha nenhum projeto além do meu, pelo menos eu não achei. Tem motéis, escritórios, lanchonetes, pousadas, mas moradia assim em condomínio não tem”, frisou.



Legenda: Condomínio deve receber primeiros moradores em agosto
Foto: Acervo pessoal



Um kitnete de 16m² feito de contêiner sai, em média, por até R$ 35 mil enquanto os modelos tradicionais de alvenaria custam entre 30% e 40% a mais - ou seja, até R$ 42 mil, como estima Bel Arruda, 42 anos, administrador de empresa na área.


“Os contêineres postos para a venda tem 15 anos de uso, porque na área de transporte não tem mais validade, e são descartados para venda ou sucata. Nós fazemos uma recuperação com lixamento e pintura”, destaca. Os blocos de metal usados com produtos químicos ou radioativos não são disponibilizados.



Legenda: Método construtivo começa a ganhar espaço no Ceará
Foto: Kid Júnior


LAR NO EUSÉBIO

Um lar de 150 m² no Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), deve ser construído por um preço menor do valor de mercado com base em várias técnicas de construção a baixo custo e os contêineres deram partida nessa jornada.


A iniciativa é da engenheira civil Amanda Alves, de 27 anos. “A ideia é mostrar para as pessoas como elas podem sair do aluguel investindo o mínimo possível. A construção convencional se torna muito cara, porque tem de criar um canteiro de obras e você só pode morar quando a casa está pronta”, destaca.

O processo, que acontece de forma ativa pela engenheira e pelo marido, é compartilhado nas redes sociais. Amanda estima que a obra pode reduzir em até 80% quando algumas etapas são feitas pelos proprietários.



Se eu fosse construir 15m² por construção tradicional, estimo que teria gastado por volta R$ 45 mil, no mínimo, para começar a obra. Em contêiner, dá baixar para R$ 30 mil com tudo pronto ou fazer, como eu e meu marido, e puxar parte dos serviços, como os acabamentos
AMANDA ALVES
Engenheira civil



Em geral, uma casa desse tamanho pode ser comercializada por cerca de R$ 830 mil num condomínio. Amanda não compara o valor final da obra com base apenas na economia dos contêineres. Outras soluções, como tijolos ecológicos e parede de pedras, também são usadas.


“A gente optou por fazer 90% das esquadrias com o próprio material do contêiner, eliminando a necessidade de comprar vidros para a casa. A laje aproveitamos como forro e o cuidado mesmo é proteger do excesso de insolação”, completa.

Para reduzir tanto o custo do sonho da moradia, ela frisa a importância de buscar quem entende do assunto. “As pessoas negligenciam muito a função do engenheiro de criar estratégias para baratear a construção de forma segura e mantendo a qualidade”, conclui.
CASA DE PRAIA DE CONTÊINER

Os fins de semana são no cenário da casa de ferro em meio ao verde natural próximo da Lagoa do Uruaú, em Beberibe, para o empresário Márcio Bezerra, de 42 anos. Em 2019, ele resolveu usar o terreno em um condomínio na região.


“Se você entrar lá, todas as casas são de alvenaria e eu queria fazer uma proposta diferente e também gastar menos. Passei um ano pesquisando vídeos e tive essa ideia”, lembra. A casa de praia tem 30 m² divididos em cozinha, duas suítes e um depósito.






Márcio estima que não tenha economizado com o valor final, avaliado em cerca de R$ 100 mil, mas conseguiu investir mais na qualidade dos materiais. A casa de praia possui piso de porcelanato, paredes com gesso e portas de vidro, por exemplo, que elevam o valor do imóvel.

Nesse caso, a vantagem principal foi o tempo de execução. “Foram mais ou menos dois meses entre eu pegar o contêiner no porto e tudo ficar pronto”, destaca.




Legenda: Estética da casa chama atenção no condomínio
Foto: Acervo pessoal





Estou muito satisfeito, porque a minha proposta é usar aos fins de semana e é prático, fácil de limpar. Minha experiência é muito bacana. As pessoas passam no condomínio, param e olham
MÁRCIO BEZERRA
Empresário

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