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sexta-feira, 6 de maio de 2022

COISAS DAMINHA TERRA = Vexame no Futebol - BRAZ CORTEZ

 



O povo brasileiro, de um modo geral  há muito padece dessa imensurável paixão  por um esporte inventado pelo inglês, mas que  se  assentou de modo muito especial na  nação brasileira. De quando em vez uma decepção humilhante esmaece o ânimo, mas logo retoma com maiorímpeto esse sentimento forte pela pelota.

Das maiores metrópoles, às mais acanhadas cidades, o  sentimento pelo futebol desperta singular interesse. Campos Sales, não é  exceção e jamais foi. Aliás, há algum tempo, esse gosto permeava bem mais todos os estratos da nossa sociedade.

E nesse clima, eis que nossa terra, na década de 50, participa de um torneio de futebol de campo na cidade do Crato. Ora,  Crato naquela época afigurava-se como uma verdadeira metrópole! E então, a “comissão técnica”, zelosa, capitaneada pelo entusiasmado Chiquinho de Helvídeo, convocou, organizou e treinou o “scret” para a partida na Princesa do Cariri, exatamente contra ela própria, que dispunha de fortíssima seleção.

Ocupação na cidade, praticamente não existia. A moçada, ociosa, torcia por um acontecimento dessa natureza para mudar de “ares”, paladar e gogó. Embarca, então, dentre tantos, o nosso folclórico Orlando Duarte, ostentando toda a sua vitalidade de vinte poucos anos, e de moço bem criado.  Bairrista por natureza, não veria, com certeza, sobriamente, tão emocionante embate.  Lá chegando, dinheiro escasso, encontra-se com ex-colega de nome Wiliam, rapaz egresso do seminário, inteligente e muito preparado. Feito os cumprimentos de praxe e com a intimidade de amigos, concluem  que o montante de níqueis, era insuficiente para  o “assistir” da  partida que exigiria “equilíbrio” dos nervos, e que só conseguiriam  com  seguidas doses de “Onofrina”   E então,  inteligências tão lúcidas, óbvio que encontrariam maneira de atender a  essa premente necessidade. Foi então que Wiliam lembrou-se de uma senhora, dona de um barzinho próximo ao cemitério, muito distinta e muito mais ainda emotiva, a ponto de ir a prantos, desligar-se- da atividade, para solidarizar-se com a “dor” de um  mero infeliz, simulando sob soluços a perda de um ente querido!  Passada as informações ao nosso perspicaz “artista” Orlando, e já no bar, deglutem uma após outra doses de bebida , no preparo para as emoções que a partida de futebol proporcionaria! Recitam, uma após outra, poesias melancólicas, ao estilo de Álvares de  Azevedo, Cruz e Sousa, ou Augusto dos Anjos, porém, sem resultado prático. Enquanto isso, nosso ator Orlando já próximo ao horário do jogo, enxerga o trânsito de muitas pessoas, de luto completo, certamente  de uma mesma família,  em direção ao cemitério, em visita de cova. Ocorreu o estalo.  Ora, armara-se o palco, cenário convidativo. Não hesita, e assim,de forma muito triste, debruça-se na mesa a observar o séquito. Súbito, irrompe emsoluços, principiando-os em baixo tom e elevando aos poucos.A esta altura, já piedosamente consolado  pelo amigo Wiliam, fato que chama a atenção da emotiva dona do Bar. 

-“Tadinho”, Oh! Meu Deus, deve tá se lembrando de alguém seu que deve ter morrido! Terá sido a mãe? Ou um irmão? Dizia a dona do Bar, acariciando sua cabeça  - A história dele é muito triste, senhora. Faz muita pena!   Não gosto nem de falar nisso! – reforçava o Wiliam que nesse clima, aproveita para“pedir a conta”. – Não moço, não se preocupe com isso. Não tenho cabeça para fazer conta, numa situação dessa!  Console-o, console-o. Leve-o conformando e depois a gente acerta a conta!!!

Dobrada a esquina, após efusivo abraço, os amigos se separam, pois Wiliam não apreciava futebol. Orlando Duarte, com alguma dificuldade consegue entrar no“estádio”, na época cercado  com folhas de palmeira, postando-se  bem próximo a rústica entrada.

Não tardou.....,  o juiz apita e a bola rola no chão  de areia. No primeiro lanche machuca-se um jogador nosso e uma estrondosa vaia ecoa campo a fora....., autorizado pelo juiz, nosso massagista, com o seu 1.50 m de estatura, vestido de branco,  percorre, em desenfreada carreira, toda a extensão do campo. Tratava-se de nosso amigo Pedrinho Barreto, que “atordoado” tomba ao chão, antes mesmo de fazer o atendimento!

E o placar?  A exemplo da Alemanha e Brasil, era um gol atrás do outro, contra nós. E a cada tento, um “gaiato” do lado fora, abria as folhas das palmeiras, exatamente onde se encontrava nosso torcedor Orlando, a  repetir jocosamente  “Crato é Crato....” em voz estridente . Orlando a esta altura, irritado, vislumbrara já ,uma pedra de paralelepípedo. Buscou e a escondeu detrás do seu corpo. E não demora!  Outro gol...., e   logo se abre a “janela” na palmeira. Antes, porém, de concluir a humilhante frase, encontrou a mão de nosso torcedor com a pedra a chocar-se com o seu rosto. Feito isso, e logo, estando a dois passos da porta, sai disfarçadamente e presencia a mãe da vítima, dona de uma barraquinha de bebida, a limpar-lhe os dentes e o nariz quebrados.  –, diz Orlando, mastigando pausadamente as palavras,  -- meu Deus quanta maldade!!! – e emendando, -- bote uma lapada de pinga pra mim--....e postando uma moeda na mesa “emborcou” a “Onofrina” de um gole só. Campos Sales perdeu de 11 a 1, mas Orlando saía  de peito “ lavado”!!!

Brazcortez/

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