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segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

BRAZ CORTEZ...UM TEMPINHO PRA CONVERSA: COISA DA MINHA TERRA ..."ESTRANHA FRAGRÂNCIA"...

 


Estranha fragrância...


> As gerações mais novas não imaginam quão 

> provincial era a nossa Campos Sales há 50 anos. Basicamente

> duas ruas, as atuais, Julio Norões e Bárbara de Alencar,

> sem uma pedra de calçamento. A praça da Matriz e a Hélio

> Lima, o bar Caracol, na” bomba”, e  o de Miguel

> Cortez ( meu pai) na praça da Matriz. Um recém instalado

> posto de gasolina de Antonio Cassimiro, e a ponte sobre o

> riacho caldeirão se constituíam em atrações para 

> as visitas e   passeios das moças 

> “soçaites” ao final da tarde!

>

> Festas na cidade, longe uma das outras, ocorriam na

> Prefeitura, ou no próprio bar do Sr:  Miguel,

> transformado em clube. No interior do município os

> “forrós”, então chamados de “sambas” eram raros.

> Quando havia, eram animados por sanfoneiros da região, que

> dentre muitos, se destaca o famoso Chico Triunfo, que tanto

> tocava bem quanto bebia muito. A noticia de “samba”

> corria os quatro cantos do município, de boca em boca e, ao

> contrário de hoje, tinha início logo ao escurecer e

> findava com o raiar do sol, sob tênue  iluminação de

> candeeiros  e puxado a muita bebida “quente”,

> preferentemente, conhaque “São João da Barra” e a

> “Rabo de Galo” ( mistura de cachaça com  o vermute

> Cinzano).

>

> Anunciada há muitos dias, só se falava num “samba” que

> iria acontecer nos “Inhamuns”,  reduto da

> tradicional e importante família Feitosa, conquanto

> envolvia dois atrativos extras:  o toque do sanfoneiro

> Chico Triunfo e a relativa segurança proporcionada pela

> respeitada família. O deslocamento se dava através de

> cavalos, à pé, e os mais abastados, de jeep, meio de

> transporte, com os quais a cidade contava com três ou

> quatro exemplares, um dos quais, à época, de aluguel,

> pertencia ao saudoso Toinzinho Simão, era sempre

> requisitado para o transporte dos sanfoneiros, em face da

> responsabilidade e pericia demonstradas pelo proprietário e

> “choufer”, submetido a várias horas de viagem em

> estrada da pior qualidade.

>

> Tudo pronto. Veículo revisado e abastecido com bebida para

> o sanfoneiro e auxiliares e na comitiva, o sempre presente o

> também saudoso Salim Simão, comerciante e pessoa muito

> querida na cidade e  irmão do Sr: Toinzinho. 

> Saíram cedo,  e no declínio do sol estavam sendo

> recepcionados por muito festeiros espalhados pelo terreiro

> da casa.

>

> Ao escurecer, sob gritos de alegria dos presentes, 

> ecoou serra a dentro o ronco dos 120

> baixos   interpretando conhecida melodia do

> Rei do Baião. E logo a espaçosa sala de barro batido e

> aguado se encheu  de pares dançando. Donzelas 

> rodopiavam fogosas no salão. O cheiro do perfume barato

> misturava-se ao aroma da bebida evaporada. Era  muito

> suor e muito mais alegria. Chico Triunfo caprichava Tocava

> Luiz Gonzaga, intercalando alguma marchinha de campanha

> política O cheiro forte do cigarro brabo tomava conta do

> salão.

>

> Lá pras tantas, uma desavença. No terreiro escuro, salvo o

> espaço correspondente à porta, iluminado pela tênue luz

> das lamparinas  da sala,  lâminas de facas,

> espelhavam no preto da noite. E eis que de repente,

> estampidos de rabo-de-égua (pistola calibre 22 de dois

> tiros) cortam o silêncio da encosta da serra, provocando

> incontrolável alvoroço.

>

> Salim,  a esta altura e logo na primeira

> escaramuça,  marcou lugar para se abrigar. Era

> deficiente físico e por isso, precavido, marcara uma cerca

> próxima para se proteger que ao transpor  com

> dificuldade, escorregou numa vara lisa de marmeleiro, indo

> cair da outro lado , no exato  momento em que novo

> tiro, agora de espingarda lazarina ressoa sobre sua cabeça.

>

>

> Contidos os brigões, após alguns minutos, volta a sanfona

> a tocar. Salim, porém, trêmulo e em estado de choque grita

> desesperado pelo seu irmão. – Toinzinho!.....

> Toinzinho!!!.... E este ao responder e buscando localizar o

> autor dos gritos,  foi se aproximando no escuro.

> Próximo da “vítima” interroga – O que foi

> Salim?  - E Salim aos berros:  -  Meu irmão,

> meu irmão,  diga-me logo.....  sangue fede a

> m...........? E Toinzinho, de pronto – Fede, sim porque?

> –   E Salim ainda deitado...... pois corra

> logo e me socorra com pressa ... me leve pra Dr: Meton 

> pois estou todo ferido!!!


 Braz Cortez.

Um comentário:

  1. O professor Braz não escreve, desenha com as letras, a história de nossa querida Campos Sales. ZW.

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