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domingo, 20 de outubro de 2024

A superexposição de crianças nas redes sociais: um perigo real



Escrito por Lidiane Moura Lopes
Legenda: Lidiane Moura Lopes é professora do MBA em Direito Digital da Faculdade INBEC




Atualmente, é incontestável que o surgimento das redes sociais transformou pessoas comuns em figuras públicas conhecidas pelo compartilhamento de suas rotinas diárias. A exposição em si não é um problema, desde que feita de forma consciente e autorizada pelo titular da imagem, conforme prevê a Constituição Federal de 1988. No entanto, quando se trata da superexposição de crianças, o cenário se torna mais preocupante.


Vivemos em uma era de cibercultura, onde influenciadores digitais desempenham papéis significativos. Porém, este mesmo espaço virtual também abriga práticas criminosas, como é o caso da “deepweb” e, principalmente, da “darkweb”. O perigo real emerge quando os limites de exposição são ultrapassados.

A prática de “sharenting”, termo originado da junção de “share” (compartilhar) e “parenting” (parentalidade), se refere à superexposição de crianças na internet pelos próprios pais. O que pode parecer inofensivo e até mesmo carinhoso, pode na verdade gerar sérios problemas. Crianças frequentemente expostas a câmeras, muitas vezes demonstrando desconforto, estão sendo privadas de sua privacidade.

A “darkweb” é um submundo virtual onde crimes hediondos são cometidos, e crianças podem ser expostas a situações de cunho sexual. Uma simples postagem, quando tratada por programas de inteligência artificial mal-intencionados, pode ser transformada em conteúdo pornográfico. Além disso, a superexposição pode fornecer a criminosos informações detalhadas sobre a rotina da criança.

A legislação existente, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, é uma ferramenta importante, mas insuficiente sozinha. É imperativo que programas de políticas públicas sejam ampliados para conscientizar a sociedade sobre os riscos da superexposição infantil na internet. A vida virtual, muitas vezes percebida como segura e inofensiva, pode esconder perigos muito mais reais do que se imagina. Pais e responsáveis precisam estar cientes desses riscos e adotar medidas para proteger a privacidade e segurança de suas crianças, evitando que a inocência de um momento compartilhado se transforme em um pesadelo perpétuo. A conscientização e a educação são as chaves para um uso responsável e seguro das redes sociais, garantindo um futuro mais protegido para nossos pequenos.

Lidiane Moura Lopes é professora do MBA em Direito Digital da Faculdade INBEC

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