Escrito por Ana Alves
Legenda: O volume diário de transações do Pix atingiu um novo recorde, com um total de 224,2 milhões de transações em um único dia
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Ana Alves
Os brasileiros têm adotado cada vez mais o sistema de pagamento Pix, conforme indicado por um levantamento do Banco Central.
O volume diário de transações do Pix atingiu um novo recorde no dia 5 de julho, com um total de 224,2 milhões de transações em um único dia. Esse número superou o recorde anterior, registrado em 7 de junho, de 206,8 milhões de transações.
A adesão massiva ao Pix também é evidenciada pelo fato de que mais de 400 milhões de transações foram realizadas em um intervalo de 48 horas, entre quinta-feira (6) e sexta-feira (7) de julho de 2024.
Esses números reforçam a importância e a conveniência do Pix como uma opção.
A popularidade do Pix tem sido impulsionada não apenas pela sua rapidez, mas também pela sua ampla disponibilidade e facilidade de uso.
Além disso, o sistema tem contribuído para a inclusão financeira, atingindo 71,5 milhões de brasileiros que não utilizaram o TED (Transferência Eletrônica Disponível) e sendo utilizados por 133 milhões de pessoas e 11,9 milhões de empresas.
Porém, juntamente com a facilidade surgem os golpes. E o mais recente e quase “crime perfeito” é o Golpe do PIX ERRADO. Isso mesmo. Vamos entender como funciona.
Qual o golpe do Pix?
Os golpistas iniciam o processo fazendo uma transferência para a conta da potencial vítima.
Como uma das chaves do Pix é o número de telefone celular, não é difícil para o golpista obter um número telefônico e realizar uma transferência via Pix.
Logo após a transferência, o golpista entra em contato com a vítima através do número de telefone, seja por ligação ou mensagem no WhatsApp, por exemplo.
Uma vez estabelecido o contato, o criminoso tenta convencer a vítima de que a transferência foi feita por engano e utiliza técnicas de persuasão para que o suposto beneficiário devolva o dinheiro.
Na tentativa de convencer a vítima, é uma das chaves para o sucesso do golpe: a pessoa mal-intencionada solicita a devolução do dinheiro para uma conta diferente daquela que realizou a transferência inicial.
Desconfiada, a vítima verifica se o dinheiro realmente entrou na sua conta, conferindo o extrato bancário.
É então que ela é levada ao erro, pois o dinheiro de fato está na conta. Quando se convence de que recebeu dinheiro indevido e decide fazer um Pix para a conta indicada como forma de devolver o dinheiro, ela acaba não dando certo.
Como a vítima perde dinheiro?
O prejuízo ocorre porque, enquanto tenta convencer a vítima, o golpista se aproveita de um mecanismo criado para evitar o golpe: o Mecanismo Especial de Devolução (Med).
Esse mecanismo exclusivo do Pix foi desenvolvido para facilitar as devoluções em casos de fraude, aumentando as chances de a vítima recuperar os recursos. Os criminosos acionam o procedimento, alegando terem sido enganados pela própria vítima.
A transação alegada é analisada. No entanto, quando os bancos envolvidos percebem que a vítima recebeu o valor e, em seguida, a transferência para uma terceira conta, entendem isso como um sinal de golpe.
Isso resulta na restrição de retirada do dinheiro do saldo da pessoa enganada. Assim, o golpista, que já havia recebido o dinheiro de volta de forma voluntária, obteria mais uma devolução, prejudicando a vítima.
Quando a pessoa percebe que caiu no golpe, ela também pode ativar o mecanismo de devolução. No entanto, a conta que recebeu o dinheiro transferido "de boa fé" pode já estar sem saldo, não tendo recursos disponíveis para reembolsá-lo.
Como se proteger do golpe?
Caso alguém tente te passar este golpe, você deve tomar os seguintes cuidados:Verificar na conta bancária se o recurso realmente entrou;
NUNCA restituir o pix em conta diferente da enviada a você;
Utilizar o “botão DEVOLVER” que os bancos disponibilizam nas operações do Pix;
Se não entender, pedir ajuda a pessoas de confiança;
Não agir por impulso e ter consciência do que está fazendo.
Quando se recebe um Pix por engano, o Banco Central orienta seguir o seguinte procedimento: basta acessar a transação que você deseja devolver no aplicativo do seu banco e efetuar a devolução.
A ferramenta Pix possui a opção "devolver", que é diferente de fazer outra transferência. Esse procedimento, acionado pelo cliente do banco, estornará o valor recebido para a conta que realmente originou o Pix inicial.
É importante ressaltar que não existem normas do Banco Central ou do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre devoluções em caso de engano ou erro do pagador.
No entanto, o Código Penal, de 1940, trata da apropriação indébita, o que significa que a pessoa que recebeu o Pix por engano e não o devolveu pode estar cometendo um crime.
Caso você tenha caído em um golpe e tenha recebido um Pix por engano, é possível ativar o mecanismo de devolução.
No entanto, é importante considerar que a conta que recebeu o dinheiro transferido pode já estar zerada, sem saldo para restituir o prejuízo.
Portanto, ao receber um Pix por engano, a melhor opção é entrar em contato com o seu banco e resolver com cautela.
Ana Alves
@anima.consult
emaildaanaalves@yahoo.com.br
Economista, Consultora, Professora e Palestrante
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.
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