Período tem diversos fatores climáticos que favorecem a queda nos termômetros
Escrito por Theyse Viana
Legenda: Temperaturas médias são historicamente mais baixas no início do segundo semestre do ano no Ceará, inclusive em Fortaleza
Foto: Kid Júnior
O tempo mais ameno sentido pelos cearenses em alguns municípios pode se manter durante este mês e seguir em agosto. No período, diversos fatores favorecem a queda nos termômetros, que têm registrado mínimas abaixo de 18°C no interior do Estado.
O monitoramento diário da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) mostra que inclusive cidades localizadas em regiões de sertão, como Parambu e Aiuaba, nos Inhamuns, tiveram temperaturas mínimas em torno de 15°C, neste mês.
Foi de Aiuaba, aliás, a marca de menor temperatura do ano no Estado, no dia 1º de julho, quando registrou 13,7°C.
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Na primeira quinzena deste mês, além de Aiuaba, as 4 cidades cearenses com menores temperaturas mínimas registradas foram Parambu (14,5°C), no Sertão dos Inhamuns; São Benedito (15,1°C) e Viçosa do Ceará (15,4°C), na Serra da Ibiapaba; e Tejuçuoca (16,6°C), na região do Litoral Oeste.
Considerando as mínimas identificadas pela Funceme nas cidades do Estado, Fortaleza aparece na lista de mais altas.
Foto: Reprodução/TV Verdes Mares
A temperatura mínima mais alta registrada nos últimos 15 dias foi em Jaguaribe, no Vale, com 23,5°C (a máxima na cidade, para se ter ideia, foi de 35,6°C). A capital cearense aparece em seguida, com mínima de 22,9°C na estação meteorológica da Praia do Futuro.
Alto Santo (21,5°C), também no Vale do Jaguaribe, teve a terceira temperatura mínima mais alta dos 15 primeiros dias de julho, lista completada por Fortaleza (na estação do Itaperi, com 21,3°C) e Redenção (20,9°C), no Maciço do Baturité.
O Diário do Nordeste buscou um meteorologista da Funceme para explicar por que as temperaturas caíram no Ceará, após a quadra chuvosa, principalmente em municípios mais afastados da capital.
ALTITUDE E INVERNO
Há várias justificativas possíveis para a queda nas temperaturas nas cidades cearenses neste período, conforme explica o meteorologista Lucas Fumagalli, pesquisador da Funceme. Elas vão desde a posição geográfica até o histórico mensal da localidade.
Lucas frisa que “valores em torno de 15°C são esperados para julho e agosto no Ceará, principalmente em cidades mais altas”.
“Localidades com 15°C estão em altitudes mais elevadas. Nossas estações de Parambu e Aiuaba, por exemplo, estão cerca de 500 metros acima do nível do mar, o que favorece as temperaturas mais baixas”, destaca.
O especialista frisa, ainda, a influência dos fatores meteorológicos no cenário, como “presença de ar mais seco” e a ocorrência do inverno no hemisfério sul, “quando há menos incidência de radiação solar em comparação ao Hemisfério Norte”.
Apesar de temperaturas mais baixas não serem uma realidade frequente no Ceará, Lucas pontua que os termômetros, historicamente, caem no sétimo mês do ano. “Em regiões como Guaramiranga, a média histórica é de 17,4°C de mínima em julho e 17,3°C em agosto”, ilustra.
“Em Barbalha, por exemplo, a temperatura média mínima em julho é 19,6°C, e em agosto, 19,5°C. Em Fortaleza, é de 22,8°C em julho, e 22,9°C em agosto”, destaca o meteorologista.
Legenda: Guaramiranga está entre os municípios mais "frios" neste período do ano
Foto: Mateus Ferreira/SVM
Lucas analisa ainda que quanto mais longe do mar – em distância e em altitude –, mais “fria” é a cidade. Por isso, as mínimas em na capital cearense, apesar de caírem, continuam mais altas do que no interior do Estado.
“Fortaleza está ao nível do mar, sofre bastante influência do oceano, que acaba fornecendo calor, por ter temperatura maior à noite e madrugada”, informa o meteorologista.
Apesar disso, a temperatura máxima média deve ficar menor do que no restante do ano. “A média de máxima é mais baixa em Fortaleza, de 30,5°C em julho e 30,6°C em agosto. Mas, em agosto, a sensação térmica começa a aumentar. É um período mais seco”, aponta.
TEMPORADA DE VENTOS
Legenda: Ventos atingem maiores velocidades no segundo semestre no Ceará
Foto: Natinho Rodrigues/SVM
Outro fator climático notado pelos moradores da capital a partir do segundo semestre é a intensidade dos ventos. O meteorologista Lucas Fumagalli informa que “é normal que isso aumente em julho, atingindo o máximo em agosto e setembro”.
“As maiores velocidades dos ventos ocorrem na faixa litorânea e em serras, com valores máximos entre 50 e 60km/h. Isso é influência de um ciclone subtropical, sistema de alta pressão no meio do Oceano Atlântico Sul, que organiza esses ventos alísios, nessa época do ano”, explica.
Nessa terça-feira (16), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um aviso de perigo potencial por “vendaval”, válido para todos os 184 municípios cearenses. A velocidade dos ventos pode chegar a 60 km/h.
O instituto recomenda que, “em caso de rajadas de vento, a população não se abrigue debaixo de árvores, pois há leve risco de queda e descargas elétricas; e não estacione veículos próximos a torres de transmissão e placas de propaganda”.
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