Faltando pouco mais de vinte dias para a troca de gestão nos municípios onde as eleições assim determinaram, as equipes que representam os futuros governantes em meio ao processo de transição correm contra o tempo para poder conhecer e estudar ao máximo o estado em que vão receber as prefeituras e já precisam planejar as ações iniciais.
Para o especialista em Gestão Pública, Karlo Medeiros, ainda há tempo para as equipes aproveitarem o período da transição de governo para identificar os principais “gargalos” a serem enfrentados. Ele destaca que é importante conhecer bem os programas que estão em andamento nas prefeituras, principalmente aqueles que são fruto de parceria com o governo federal, que apresentam os maiores financiamentos para ações em áreas essenciais como saúde e educação.
Ele diz que é importante conhecer esses programas, analisar seus indicadores, observar quais não estão indo bem e, assim, poder fazer os questionamentos certos aos representantes das gestões atuais.
“Essas perguntas certas vão ajudar a encontrar as causas dos problemas e iniciar a gestão de uma maneira mais orientada, mas assertiva. Caso contrário, chega o dia 1º de janeiro e é como se (a nova gestão) ainda estivesse no processo de transição, como se estivesse ainda no processo de conhecer. É preciso esgotar esse conhecimento antes dessa virada, para a partir do dia 1º de janeiro já iniciar a execução das ações”, explica Karlo Medeiros.
O processo de transição de governo nos municípios cearenses é monitorado de perto pelo Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE-CE) e envolve o trabalho conjunto de equipes que representam a gestão atual e a seguinte.
Conforme o TCE Ceará, o processo envolve a necessidade de passagem de informações e responsabilidades da gestão atual para a nova equipe eleita, por meio da formação de uma comissão de transição de mandato, visando garantir a continuidade dos serviços públicos, especialmente os de natureza essencial, e a transparência nas ações do município. A transição de governo só termina com a posse do prefeito eleito, em 1º de janeiro de 2024.
Em Fortaleza, por exemplo, as equipes do prefeito eleito, Evandro Leitão (PT), e do atual prefeito, José Sarto (PDT), entraram em choque sobre o repasse de dados da gestão, havendo interferência do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE). Equipes concluíram na semana passada série de reuniões setoriais, mas a transição continua.
Início das novas gestões
Já em relação ao início das novas gestões nos municípios, Medeiros destaca a importância de haver um planejamento para que seja possível obter bons resultados, por exemplo, no período dos primeiros 100 dias de governo, apontado tradicionalmente como um “teste” para os novos gestores. Ele cita como primeiro passo que o novo governo, alinhado com aquilo que foi apresentado na campanha eleitoral, defina metas e objetivos para esse período inicial.
“São muitos os problemas pequenos a serem resolvidos que, se não tiver uma organização muito grande, essas situações do dia a dia consomem totalmente a agenda dos gestores e perde-se o controle daquilo que é objetivo a ser alcançado”.
Um segundo passo seria acompanhar periodicamente o andamento das ações para saber se esses objetivos estão perto de serem atingidos. “Se a expectativa é nos 100 primeiros dias alcançar um determinado resultado, é razoável que a cada 30 dias se monitore os indicadores para saber se a coisa está caminhando naquela direção e, principalmente, identificar quais são as dificuldades”.
Por fim, ele aponta como terceiro e último passo nesse processo a capacidade de a gestão poder aprender com os primeiros “erros” ou “dificuldades” que surgem no começo do novo governo.
“Se tiver uma rotina de compartilhamento de solução de boas práticas, isso ajuda muito. Às vezes um problema que está sendo enfrentado e é resolvido em uma secretaria pode se repetir em todas as outras, mas se aquele que resolveu primeiro compartilhar tanto o problema como a solução, já ajuda os outros gestores”.
(Por Igor Magalhães)
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