Uma professora de Fortaleza transferiu mais de R$ 5 mil para os criminosos, na expectativa de receber um valor de um processo trabalhista, iniciado há 13 anos
Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Legenda: Golpistas utilizavam mensagens no aplicativo WhatsApp para ludibriar as vítimas
Foto: Arquivo Diário
Nos últimos cinco dias, o advogado Marcelo Magalhães já foi contactado por mais de 100 clientes sobre uma mensagem atribuída a ele que anunciava que um pedido judicial havia sido aceito pela Justiça e que uma quantia em dinheiro seria paga. Uma notícia aguardada há anos, por essas pessoas. Entretanto, o advogado não tinha enviado as mensagens, nem os processos tiveram um desfecho. Tratava-se de um golpe. A Polícia Civil do Ceará (PCCE) investiga o caso.
Uma professora de Fortaleza, que não quis ser identificada, transferiu mais de R$ 5 mil para os criminosos, na última segunda-feira (2), na expectativa de receber um valor de um processo trabalhista, iniciado há 13 anos. "Eles me mandaram uma mensagem pelo WhtasApp, tinha a foto do doutor Marcelo Magalhães e os dados do escritório, eu acreditei que fosse ele. Não vi que não era o mesmo número (do telefone). Eles mandaram uma mensagem dizendo que eu ia receber um valor de uma causa trabalhista e que o alvará ia ser expedido pela Justiça", relata.
Eles disseram que o valor que eu pedi, R$ 127 mil, seria liberado. Mas, para isso, a Justiça cobrava uma taxa de Imposto de Renda, referente a 27,5% do valor total. Para não retirar esse valor, ele tinha que ir ao cartório, até disse o nome, e pagar certidões cartoriais, para isentar o IR. Eu paguei R$ 2.496."Professora de Fortaleza
Identidade preservada
Não satisfeitos o suficiente, os golpistas entraram em contato com a professora por outro número de telefone, ainda na segunda-feira (2), identificando-se como um auditor do Banco Central (Bacen). O contato cobrou o pagamento de R$ 7,5 mil de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), para liberar o suposto valor da ação judicial. A mulher informou que não tinha esse dinheiro e voltou a falar com o falso advogado.
Em pouco tempo, o falso advogado convenceu a professora de pagar o suposto IOF parcelado, com a primeira parcela equivalente a 35,2% do Imposto. Então, a vítima transferiu mais R$ 2.640 - totalizando R$ 5.136. A professora tenta reaver o valor transferido com as instituições bancárias, mas já recebeu a negativa do banco onde foi feita a primeira transferência, em razão do valor já ter sido sacado.
"Estou me sentindo muito envergonhada. Não só pelo dinheiro, mas por eu ser uma pessoa tão alerta com tanta coisa e cair em um golpe desses, e por não ter me atentado de entrar em contato direto com o advogado", lamenta a professora.
Polícia Civil investiga estelionato
O advogado Marcelo Magalhães, que atende em todo o Ceará em áreas como Trabalhista, Direito do Consumidor, Direito Civil e Família e Sucessões, afirma que recebeu ligações e mensagens de mais de 100 clientes que desejavam confirmar que a mensagem que receberam sobre o deferimento de um processo judicial era verídica. O advogado registrou um Boletim de Ocorrência (BO) na Delegacia Eletrônica, da Polícia Civil do Ceará, pelo crime de estelionato.
A Polícia Civil confirmou, por nota, que "apura as circunstâncias de um crime de estelionato, registrado nesta terça-feira (3), por meio de um Boletim Eletrônico de Ocorrência (BEO), na Delegacia Eletrônica (Deletron). O caso foi transferido para o 2º Distrito Policial (DP) que segue apurando o fato".
Marcelo Magalhães apontou para erros da mensagem que era vinculada ao seu nome: "Colocaram o nome do meu irmão, que nem advogado é, e de um advogado que não trabalha comigo desde 2017 como integrantes do meu escritório". "Jamais pediremos quaisquer valores para a liberação de alvarás, isso é golpe", alertou o advogado, em publicação nas redes sociais.
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