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sábado, 22 de junho de 2024
‘Você sai uma pessoa totalmente diferente quando se aproxima da morte’, diz Luciano Szafir
Ator, que enfrentou uma série de problemas de saúde, usou bengala para disfarçar dor em gravações de ‘Onde Há Vida, Há Esperança’
Por Paula Bonelli
Luciano Szafir interpretou o papel do português Barão de Serra Negra, dono das terras em que o imigrante italiano Santo Cereser trabalhou ao chegar no Brasil. A história do patriarca da família fundadora da Sidra Cereser é retratada no filme Onde Há vida, Há Esperança, que teve pré-estreia hoje, no Maxi Shopping, em Jundiaí, fechada para convidados e sessões amanhã e domingo, 23. Esse é o primeiro longa que o ator faz na sua volta ao cinema após passar por experiência de quase morte durante a pandemia de covid-19.
Nas filmagens que ocorreram em 2022, em Jundiaí, ele ainda lidava com algumas questões em decorrência da doença. O ator relatou que contracenou sentindo dor e que utilizou uma bengala que o ajudou a suportar o ritmo das gravações. O pai de Sasha Meneghel teve uma embolia pulmonar em 2021, entrando num espiral de problemas de saúde. Ele conversou com a coluna sobre os desafios que passou. Confira a seguir:
Luciano Szafir no filme 'Onde Há vida, Há Esperança' Foto: Rodrigo Rodrigues Studios
Como foi gravar um filme após o que aconteceu com você?
O desafio foi apenas físico, pois eu estava sentindo muita dor, com uma prótese infectada e tive infecção hospitalar, então foi bastante complicado. Rodrigo foi muito paciente (o diretor Rodrigo Rodigues), ajustou meu personagem e alterou a cena inteira para que eu pudesse atuar apoiado em uma cerca, além de utilizar uma bengala. Por ser um personagem mais velho, a dor de certa forma me ajudou a criar a postura dele, sua forma de andar e se mover...
Fale um pouco sobre os problemas de saúde que enfrentou.
Tive muita coisa: enfrentei alguns episódios de quase morte, tive 87% do pulmão tomado, arritmia e parada cardíaca, uma embolia pulmonar e para tratá-la foi usado o máximo possível de anticoagulante. O meu intestino reagiu de uma maneira muito forte e rompeu. Aí eu tive que colocar bolsa de colostomia e eu fui intubado... Foram momentos bem difíceis.
Quais são as sequelas hoje?
Atualmente, tenho muita sequela psicológica. A gente percebe que pode ir embora a qualquer momento, então, foram muitas inseguranças, mas no fundo também foi um presente por mais doido que soe isso. Foi a coisa mais importante que aconteceu comigo. Você sai uma pessoa totalmente diferente dessa experiência, quando se aproxima da morte. Passa a dar valor realmente ao que vale a pena. Não é que me transformei numa pessoa tão espiritualizada assim, não virei uma Madre Teresa, mas com certeza sou uma outra pessoa. Eu me incomodo muito menos com as coisas do dia-a-dia que me perturbavam antes. Essa é uma frase que quase sempre penso: E se hoje for o último dia? Isso me ajuda a reagir melhor em tudo, a responder alguém de uma maneira mais branda, calma, por exemplo. Realmente, presto atenção e vivo mais o presente.
Você saiu dessa com vontade de fazer o quê?
Eu saí com vontade de beijar e abraçar meus filhos, estar com a minha mulher, ver minha família e fazer coisas corriqueiras, como tomar um copo de água, um banho sozinho e caminhar na grama. São pequenas coisas que, na verdade, são gigantes. É o que sentimos falta na hora final.
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