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sexta-feira, 21 de junho de 2024
Brasil tem déficit habitacional de mais de seis milhões de domicílios; veja ranking de estados
Problema predomina em casas com renda mensal de até R$ 2.640, chefiados por mulheres e pessoas pretas ou pardas.
Por Rafaela Mansur, g1 Minas — Belo Horizonte
Ocupação Fábio Alves, no Barreiro, em Belo Horizonte — Foto: Danilo Girundi / TV Globo
O Brasil tem um déficit habitacional de 6,2 milhões de moradias, o que representa 8,3% do total de domicílios ocupados no país, segundo dados de 2022 divulgados pela Fundação João Pinheiro (FJP) este ano. Em números absolutos, o indicador cresceu 4,2% em comparação com 2019.
🏠 O déficit é maior no Sudeste (2,4 milhões) e no Nordeste (1,7 milhão) e se concentra, principalmente, fora das regiões metropolitanas (3,9 milhões).
🏠 São Paulo e Minas Gerais, estados que têm as maiores populações, aparecem no topo da lista, com falta de 1,2 milhão e 556 mil habitações, respectivamente (veja ranking mais abaixo).
🏠 Já o déficit relativo, isto é, em relação ao total de domicílios ocupados, é maior no Amapá (18%) e em Roraima (17,2%).
🏠 O problema predomina em domicílios com renda mensal de até R$ 2.640 (74,4%), chefiados por mulheres (62,6%) e pessoas pretas ou pardas (66,3%).
"O déficit é entendido como as habitações que não atendem às necessidades habitacionais mais básicas. É um indicador que demonstra a incapacidade de acesso da população à habitação com o mínimo de serviços adequados", explicou o coordenador de habitação e saneamento da FJP, Frederico Poley, destacando que os números não incluem a população em situação de rua.
O indicador aponta para a necessidade de substituição ou construção de habitações devido a:
grande precariedade de domicílios, o que inclui os improvisados (nos quais geralmente não é possível distinguir cômodos e faltam serviços básicos, como água, energia elétrica e saneamento) e rústicos (construídos com materiais precários);
ônus excessivo com aluguel (domicílios cujo gasto com aluguel supera 30% da renda);
existência de coabitação (famílias habitando cômodos e unidades domésticas conviventes, com adensamento excessivo).
Diferenças regionais
🏠 No Brasil, a situação que mais contribui para o déficit habitacional é o aluguel, responsável por 52,1% do total de moradias em falta (veja no gráfico abaixo).
🏠 O problema predomina nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
🏠 Em nove estados do Norte e do Nordeste, a habitação precária é mais presente.
🏠 Já a coabitação é o componente mais expressivo no Amazonas.
"Principalmente do Norte de Minas Gerais para cima, pesa muito a questão de infraestrutura, água, luz, enfim, a parte de infraestrutura urbana. E mais ao Sul, a questão do ônus excessivo com aluguel, mais concentrada em domicílios com renda de até dois salários mínimos. Quando a pessoa gasta muito com aluguel, ela deixa de gastar com outras necessidades", disse Poley.
Déficit habitacional no Brasil
Componentes do déficit de moradias
Habitação precária: 1.682.654Coabitação: 1.289.879Ônus excessivo com aluguel: 3.242.780
Fonte: FJP
Segundo o pesquisador, de maneira geral, os dados demonstram a importância de investimentos em políticas habitacionais.
"A política habitacional, entre as políticas sociais de saúde, educação e assistência social, é mais pobre, muitas vezes esquecida, e é tão importante quanto as outras", destacou.
Dez estados com mais déficit habitacional, em números absolutos
São Paulo - 1.250.419
Minas Gerais - 556.681
Rio de Janeiro - 544.275
Bahia - 440.355
Pará - 357.625
Maranhão - 319.543
Paraná - 289.326
Rio Grande do Sul - 258.275
Ceará - 227.693
Pernambuco - 221.115
Inadequação
🏠 Do total de domicílios duráveis urbanos no Brasil (excluídos os rurais, improvisados, rústicos e cômodos), 26,5 milhões apresentam pelo menos algum tipo de inadequação, o que corresponde a 41,2%.
A inadequação está relacionada a características que prejudicam a qualidade de vida dos moradores e demandam melhorias, como carência de infraestrutura urbana e ausência de banheiro exclusivo.
🏠 Em números absolutos, São Paulo (3,7 milhões) e Rio de Janeiro (2,5 milhões) são os estados com mais domicílios inadequados.
Brasil chegou a um déficit habitacional de 6,2 milhões de moradias em 2022
Pesquisa
A FJP é responsável pelo cálculo do déficit habitacional do Brasil em parceria com a Secretaria Nacional de Habitação, do Ministério das Cidades.
O levantamento dos dados de 2022 teve como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).
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