SISTEMA FECOMÉRCIO CEARÁ

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SISTEMA FECOMÉRCIO CEARÁ 75 ANOS

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Aeroporto de Juazeiro do Norte é 3º, e o de Sobral o último entre os do interior do Nordeste


Escrito por Igor Pires

Legenda: O Aeroporto de Juazeiro do Norte é administrado pela Aena
Foto: Divulgação

Igor Pires



O aeroporto de Juazeiro do Norte voltou a ser o 3º mais movimentado do interior nordestino em maio de 2024, ultrapassando o aeroporto de Petrolina (PE). No período, o equipamento movimentou 39.864 passageiros entre embarque e desembarque, voltando a superar o competidor pernambucano, que teve 39.284 registros.


Em abril passado, Juazeiro já havia superado por Petrolina (38.165 x 37.158). Os números são da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

Ainda, em 12 meses, o Aeroporto de Juazeiro do Norte decresceu levemente na comparação entre maio de 2024 e maio de 2023: -1,7%.

Em junho de 2024, as perspectivas de aumento de passageiros são ainda melhores, dado o incremento recente de voos para o período junino.


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Aeroportos do Ceará são destaques negativos

Um rol de aeroportos cearenses continua, porém, com os piores resultados do Nordeste, conforme a tabela abaixo: (Iguatu, Crateús, São Benedito e Sobral). Dentre os 4 maus exemplos, Sobral continua sendo o mais gritante de como os órgãos públicos não têm correspondido com a grandeza do Aeroporto moderno que custou cifras de R$ 70 milhões.




Legenda: Movimentação dos 32 aeroportos do interior nordestino com voos comerciais (Maio de 2024)
Foto: Fonte: Anac



O novo aeroporto de Sobral fora entregue em abril de 2022, com a homologação apenas em janeiro de 2023.


Como Sobral já dispunha de voos com a Azul Conecta, as operações foram passadas para o novo aeródromo com voo inaugural no final de fevereiro de 2023.

De lá para cá, voos com ocupação próxima a zero. O aeroporto, que já nasceu completamente pronto para operações com jatos comerciais médios como o Airbus 320, Boeing 737-800 e Embraer 195, passou completamente longe de seduzir qualquer operador aéreo.

Assim, vem perpetuando sua irrelevância há quase 1 ano e meio.

Nordeste afora, regiões como Feira de Santana e Caruaru, dos maiores centros do Nordeste, possuem muita demanda, mas não possuem “aeroporto” para operações nacionais.

Sobral tem um excelente projeto, está operacional, possui uma região próxima a 500 mil habitantes, de PIB per capita maior que o do Cariri e não sabe se vender. É preciso ação.

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

Quase 70% das cidades cearenses podem ter prefeitos candidatos à reeleição em 2024


Em outubro, 126 prefeitos cearenses podem concorrer a um segundo mandato à frente do Executivo municipal
Escrito por Luana Barros

Legenda: Em 126 cidades, prefeitos podem tentar a reeleição nas eleições de 2024
Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE




No calendário eleitoral, faltam menos de três meses para o dia das eleições municipais em 2024. Em pouco menos de um mês — durante o período de convenções partidárias — partidos e coligações devem bater o martelo sobre quem será o candidato às prefeituras dos 184 municípios cearenses.

Em quase 70%, o escolhido pode ser quem já ocupa a cadeira de prefeito. Ao todo, 126 prefeitos cearenses podem tentar a reeleição em 2024 — equivalente a 66,8% dos gestores municipais do Estado. A informação é de levantamento do Diário do Nordeste com base em dados do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE).


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Especialistas ouvidas pelo Diário do Nordeste pontuam as vantagens de quem pretende concorrer à reeleição para a prefeitura, mas também elementos que podem atrapalhar a tentativa de conquistar o segundo mandato consecutivo como prefeito.

"No Brasil, prefeitos em exercício de mandato lideram as pesquisas eleitorais em 12 das 26 capitais, mostrando que a competição pode ser bastante desigual", cita a cientista política e professora de Direito da Universidade de Fortaleza (Unifor), Mariana Dionísio.

"Essa tendência se explica por dois motivos específicos: primeiro, o discurso do continuísmo, que justifica o pedido por maior tempo aos eleitores para a execução de planos de governo. Segundo, os altos investimentos da máquina pública, utilizada durante o processo eleitoral para aumentar as chances de reeleição dos incumbentes que pretendem a manutenção do cargo", explica.

Professora de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Monalisa Torres pontua o discurso de "know-how" — ou seja, o saber-fazer — como um trunfo para quem pretende tentar a reeleição.

"As próprias obras que ele realizou na Prefeitura, ao longo da sua gestão, o colocam num cenário favorável em relação aos seus concorrentes. Ele tem know-how, tem obras a serem entregues, tem, a depender do tamanho do município, a possibilidade de utilizar recursos públicos para propaganda do governo, que de alguma forma também o beneficiará", elenca.

QUAIS OS DESAFIOS PARA A REELEIÇÃO?

A avaliação da gestão municipal é, ressalta Torres, ponto fundamental para medir as chances de reeleição de um gestor. Segundo ela, "há uma tendência muito maior à reeleição, sobretudo quando temos uma avaliação positiva acima de 50%". "A partir de 40%, quanto maior for a avaliação do prefeito, melhor serão as chances de ele ser reeleito", afirma.

O contrário, no entanto, também é válido. "Nos casos em que a avaliação positiva é menor do que 40%, quanto menor for essa avaliação, menos chances o prefeito tem de se reeleger", assegura.

"E isso fica muito mais problemático em municípios mais complexos, maiores, com mais problemas em que o gestor ou a gestora teve sérios problemas de responsividade, de capacidade de atender a demandas do seu eleitorado e quando também há uma certa dificuldade de manter uma relativa maioria no Legislativo", explica.


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Mariana Dionísio cita ainda outros motivos que podem dificultar uma candidatura a reeleição: "se o governador não está alinhado à disputa para a eleição do candidato a prefeito, ou se a máquina pública não possui recursos suficientes para patrocinar a campanha, provavelmente haverá ampliação da distância entre o cargo e o pretenso incumbente".

"Mas há um ponto comum: a percepção de aceitação pública a um candidato. Quanto menor for a rejeição dos eleitores a um nome ou sigla, maiores são as chances de adesão à campanha e sucesso nas urnas", completa.
DESISTÊNCIA OU IMPEDIMENTO À REELEIÇÃO

Dentre as 10 maiores cidades do Ceará, os prefeitos podem tentar a reeleição em sete delas. Apenas em Sobral, Crato e Iguatu os atuais prefeitos — Ivo Gomes, José Ailton e Ednaldo Lavor, respectivamente — estão encerrando o segundo mandato no comando da Prefeitura.

Contudo, em Caucaia, o atual prefeito Vitor Valim (PSB) desistiu de tentar a reeleição. Em janeiro de 2024, ele disse anunciou a decisão. Na época, ele explicou que a morte da filha Sofia Valim, de 19 anos, o motivou a tomar essa decisão.

"A perda da minha filha realmente me fez reprojetar, enxergar a vida de uma forma diferente. E me impressiona realmente a maldade humana, a perversidade, o jogo baixo da política. Por uma decisão pessoal, decidi não me candidatar, e as pessoas maldosas não respeitam esse momento", disse.

O escolhido como candidato governista à Prefeitura de Caucaia foi Waldemir Catanho (PT), ex-secretário da Articulação Política do Governo Elmano de Freitas (PT).


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Em Baturité, o prefeito Herberlh Mota (Podemos) também pode deixar de concorrer a reeleição, mas por um motivo bem diferente. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, no final de maio, tornar Mota e o vice-prefeito de Baturité, Francisco Freitas, inelegíveis.

Na mesma ação, foram cassados os mandatos do deputado federal Eduardo Bismarck (PDT) e do suplente de deputado estadual Audic Mota (MDB), que também se tornaram inelegíveis por oito anos. O grupo é acusado de abuso do poder político e de autoridade nas eleições de 2022.

"Ainda não foi publicado o acórdão, nós estamos aguardando. Mas tenho certeza, com muita fé em Deus, na Justiça, que nós iremos reverter esse equívoco. Acredito que foi um equívoco, até porque foi num plenário virtual, nós não tivemos nem direito dos nossos advogados de apresentarem defesas orais, então acredito que tudo isso será revertido", disse o prefeito em entrevista ao Diário do Nordeste.

Ele confirmou a pré-candidatura à reeleição para outubro. "Tudo que a gente tem feito vem impactar diretamente a vida das pessoas, a qualidade de vida, o bem-estar social e nos credencia, nos garante que a gente possa concorrer mais uma vez nas próximas eleições para estar dando continuidade a esse trabalho", completou.
SAÍDA DO PREFEITO ELEITO

Em duas cidades cearenses, o processo sucessório sofreu mudanças nos últimos anos. Em Pacatuba e Tianguá, os eleitores reelegeram quem já estava no comando da Prefeitura nas eleições municipais de 2020. Contudo, após serem alvos de investigação, nenhum dos dois prefeitos conseguiu encerrar o mandato.

Nas eleições de 2020, Carlomano Marques (MDB) foi reeleito prefeito de Pacatuba. Em 2023, ele foi alvo de operação do Ministério Público do Ceará para apurar a prática de crimes contra a administração pública e licitatórios na Prefeitura.

Além de ser afastado do cargo, ele teve a prisão temporária decretada em abril do ano passado. Ao ser informado, ele passou mal e foi internado. O prazo venceu antes do fim do internamento e a escolta policial foi retirada da unidade de saúde. Ele não chegou a retornar para a Prefeitura de Pacatuba, mesmo depois dos 120 dias determinados por decisão judicial. O vice-prefeito eleito da cidade, Rafael Marques (PSB), assumiu a Prefeitura de forma interina desde o início do afastamento.

Em fevereiro deste ano, Carlomano Marques renunciou ao cargo de prefeito e Rafael Marques assumiu o comando do Executivo municipal de forma definitiva. Para 2024, Rafael é pré-candidato à reeleição — tendo o tio e agora ex-prefeito Carlomano Marques como oposição.


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Câmara Municipal de Tianguá cassa mandato do prefeito Luiz Menezes




Em Tianguá, o prefeito eleito Luiz Menezes (PSD) foi cassado pela Câmara Municipal de Tianguá, em janeiro de 2024, acusado de "sumiço" da gestão municipal. A suspeita de que o gestor estaria ausente da Prefeitura começou ainda em 2023. Menezes estava passando por um tratamento de saúde que exigia a presença dele em Fortaleza. Em setembro do ano passado, ele se tornou alvo de investigações do Ministério Público do Ceará e, em dezembro, foi afastado do cargo pela Justiça.

Alex Nunes (PSB), eleito vice-prefeito em 2020, assumiu a Prefeitura de Tianguá e é pré-candidato à reeleição.

‘Estadão Analisa’: Andreazza comenta descriminalização da maconha e revisão de multas da Lava Jato


O programa diário traz uma curadoria dos temas mais relevantes do noticiário, deixando de lado o que é espuma, para se aprofundar no que é relevante


Por Redação
26/06/2024 | 06h37


No “Estadão Analisa” desta quarta-feira, 26, o colunista Carlos Andreazza fala sobre a mais recente decisão do Supremo Tribunal Federal de descriminalizar a maconha no Brasil. Andreazza traz uma análise aprofundada sobre as implicações sociais e jurídicas da decisão, além de comentar o recente desabafo e autocrítica do ministro Luiz Fux em seu voto.

Outro tema de destaque é a renegociação de multas nos acordos de leniência das empreiteiras envolvidas em escândalos de corrupção, como a Lava Jato. Além disso, Andreazza também aborda a principal medida arrecadatória do governo, que, segundo ele, “teve adesão zero até o momento”. Andreazza analisa os motivos do fracasso inicial dessa política fiscal e as possíveis estratégias do governo para reverter essa situação.

Sobre o programa

Acompanhe Estadão Analisa com o colunista Carlos Andreazza, de segunda a sexta-feira às 7h, com uma curadoria dos temas mais relevantes do noticiário.

Novo Ensino Médio mudará rotina da comunidade escolar







A aprovação da reforma do ensino médio pela Comissão da Educação do Senado representa mais um passo para mudanças bastante significativas não apenas na rotina de profissionais da educação e de alunos, mas também para as famílias desses estudantes e para as comunidades. Para que seja de fato implementado e garanta a qualidade e equidade na educação, será necessário o empenho e articulação dos entes federados, assim como da comunidade escolar e de universidades, visando a formação de professores para o novo currículo.

Como o texto aprovado do PL 5.230/23 na comissão é um substitutivo, ele terá de retornar à Câmara dos Deputados, caso se confirme a aprovação no plenário do Senado. O texto aprovado prevê a ampliação da carga horária mínima total destinada à formação geral básica (FGB), das atuais 1,8 mil horas para 2,4 mil. A carga horária mínima anual do ensino médio passa de 800 para 1 mil horas distribuídas em 200 dias letivos.


Há a possibilidade de essa carga ser ampliada progressivamente para 1,4 mil horas, desde que levando em conta prazos e metas estabelecidos no Plano Nacional de Educação (PNE), respeitando uma distribuição que seja de 70% para formação geral básica e 30% para os itinerários formativos – disciplinas, projetos, oficinas e núcleos de estudo a serem escolhidos pelos estudantes nos três anos da etapa final da educação básica.

Segundo o substitutivo aprovado, da relatora do PL no Senado, Dorinha Seabra (União-TO), a partir de 2029, as cargas horárias totais de cursos de ensino médio com ênfase em formação técnica e profissional serão ampliadas, de 3 mil horas para 3,2 mil; 3,4 mil; e 3,6 mil quando se ofertarem, respectivamente, cursos técnicos com carga específica de 800 horas, 1 mil horas e 1,2 mil horas.
Língua espanhola

Entre os destaques apresentados pela parlamentar no relatório figura a inclusão da língua espanhola como componente curricular obrigatório, além do inglês. Outros idiomas poderão ser ofertados em localidades com influências de países cujas línguas oficiais sejam outras, de acordo com a comunidade escolar (professores, técnicos administrativos, estudantes e pais ou responsáveis).


A ampliação da carga horária e a inclusão da língua espanhola entre as disciplinas a serem ministradas são pontos positivos da reforma, segundo a professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Catarina de Almeida Santos. Ela chama atenção para alguns problemas que podem decorrer da forma como serão implementadas.

“O texto aprovado pela comissão do Senado apresenta alguns avanços, ainda que insuficientes, na comparação com o texto enviado pela Câmara”, disse a educadora à Agência Brasil. “Trazer o espanhol de volta é algo positivo, se levarmos em consideração nossa identidade continental. Mas é preciso estabelecermos uma divisão clara das cargas horárias, uma vez que horas dedicadas a espanhol são horas a menos para outros conteúdos”, disse ela ao destacar ser necessário, também, que haja clareza, no novo ensino médio, com relação não apenas à carga horária de cada disciplina, mas também aos conteúdos que serão apresentados.

Segundo a educadora, o substitutivo manteve brechas especialmente relativas à educação profissional, uma vez que não ficou claro quais seriam as disciplinas que vão compor tais áreas. “É preciso dizer as áreas do conhecimento e, dentro delas, definir disciplinas e carga horária. A nova legislação precisa apresentar e detalhar isso; pegar as áreas de conhecimento e dizer o que vai compor em termos de disciplinas”.


Diretor de Políticas Públicas da ONG Todos Pela Educação, Gabriel Corrêa diz que a obrigatoriedade da língua espanhola no ensino médio será provavelmente um ponto de discordância, quando a matéria retornar à Câmara.

“É possível que a Câmara não acate todas mudanças feitas pela senadora Dorinha no texto. Antevejo discordância de alguns com relação à obrigatoriedade do espanhol no ensino médio. O problema, talvez, seja colocá-lo na parte comum, como mais uma disciplina obrigatória, porque implicaria na diminuição da carga horária de outras disciplinas importantes”, disse.

A solução, segundo ele, seria a de colocar o espanhol como disciplina opcional, em vez de obrigatória. “Se as escolas já funcionassem em tempo integral, não haveria esse problema, porque a carga horária seria maior”, complementou ao lembrar que essa obrigatoriedade foi publicamente criticada pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação – o que certamente será usado como argumento pelos contrários.

Itinerários formativos

Criados com o objetivo de aprofundar áreas de conhecimento ou de formação técnica profissional – levando em conta a importância desses conteúdos para o contexto local e as possibilidades do sistema de ensino –, os itinerários formativos terão carga horária mínima de 800 horas nos três anos de ensino médio.

Na avaliação de Catarina de Almeida, da UnB, o aumento da carga horária do técnico profissionalizante acabaria por resultar na diminuição da formação básica, o que, segundo ela, não seria bom.

“Levando em consideração o atual quadro de professores e a infraestrutura limitada das escolas, o correto seria não fazer essa divisão [entre áreas de conhecimento e técnico profissionalizante], e sim focar exclusivamente em uma formação básica, comum a todos. Isso, na verdade, significa os dois tipos para todos. Ao separar o processo, teremos estudantes com menos informação do básico”, argumentou.


Se for para implementar com essa divisão, que seja, na avaliação dela, aumentando a carga horária total. Nesse caso, ela sugere que se postergue a implementação das novas regras. “A pressa pode atrapalhar a perfeição. Se o Brasil está atrasado nessa reformulação, ficará ainda mais com a necessidade de, depois, ter de fazer mais uma reforma. Isso prejudicaria mais gerações. O melhor é centrar esforços em uma reforma robusta que possa ficar por muito tempo”.

Com relação aos itinerários formativos, a grande preocupação manifestada por parlamentares durante a tramitação do texto foi a de resultarem em conteúdos e atividades de pouca relevância para a formação do estudante. Foi inclusive citado o caso de uma aula dedicada a ensinar estudantes a prepararem brigadeiro gourmet.

A ideia proposta prevê que os itinerários têm de estar articulados com as quatro áreas de conhecimento previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC): linguagens e suas tecnologias, integrada pela língua portuguesa e suas literaturas, língua inglesa, artes e educação física; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias, integrada pela biologia, física e química; e ciências humanas e sociais aplicadas, integrada pela filosofia, geografia, história e sociologia.


As diretrizes nacionais que aprofundarão cada uma das áreas do conhecimento ficarão a cargo do Ministério da Educação (MEC), em parceria com os sistemas estaduais e distrital de ensino.
Tempo integral

O projeto em tramitação no Senado aponta para a importância do tempo integral, e isso certamente constará na lei, segundo Gabriel Corrêa, da ONG Todos pela Educação. Enquanto isso não acontece, o Senado propôs a ampliação da carga diária atual, de 5 horas, no caso dos estudantes que optarem por curso técnico. Já a Câmara defende cargas horárias iguais para os dois grupos – técnico profissionalizante e áreas de conhecimento.

“Há alguns problemas com relação ao tempo integral. Um deles é que as redes [de ensino] das secretarias de educação terão de ofertar estrutura para alunos ficarem mais tempo na escola, o que resulta em mais trabalho, recursos e contratações de professores. Outro ponto está relacionado ao risco de os estudantes optarem por uma frente, apenas pelo fato de ficarem menos tempo em sala de aula. Em outras palavras, desestimularia a escolha pelos cursos técnicos, caso a carga horária diária deles seja maior”, argumentou o diretor.


A ONG Todos pela Educação defende que não haja essa distinção entre as duas frentes, até porque mais carga atrapalha a oferta do poder público para a expansão da rede. “O ideal é que todos tenham a mesma carga horária, independentemente do caminho a ser escolhido. Com isso, a escolha é em função da vocação e dos interesses, e não da preguiça de fazer menos aulas. Por fim, isso pode confundir os estudantes, levando-os a acreditar que uma maior carga horária indicaria maior relevância”.
Notório saber

Um outro ponto polêmico do texto substitutivo aprovado na comissão do Senado é o que trata da possibilidade de algumas aulas serem ministradas por pessoas sem diploma de licenciatura específico para a disciplina, mas que tenham notório saber e experiência comprovada no campo da formação técnica e profissional. Algo similar já ocorre, por exemplo, quando engenheiros dão aula de matemática.

Segundo a relatora Dorinha Seabra, a atuação desses profissionais de notório saber será “em caráter excepcional, mediante justificativa do sistema de ensino e regulamentação do Conselho Nacional de Educação (CNE).”


Essa possibilidade preocupa a educadora Catarina de Almeida Santos, da UnB. Segundo ela, esse tipo de situação implica risco de, ao autorizar aulas ministradas por pessoas de notório saber, a nova legislação coloca à frente das salas de aula pessoas leigas, em vez de profissionais habilitados da área. “A meu ver, notório saber não tem relação com saber prático”.

Essa possibilidade foi também criticada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). “Um ponto considerado negativo foi a permanência do notório saber, embora o texto aponte para a normatização nacional e excepcional da contratação desses profissionais para atuarem no itinerário da formação técnico-profissional”, ponderou a entidade.
Esforço conjunto

A relatora Dorinha Seabra disse à Agência Brasil que, para ser implementada de forma adequada, a nova proposta vai requerer esforço do estado e do governo federal, para melhorar a estrutura das escolas. Em especial, as estruturas de laboratórios e bibliotecas.


“Será necessário um aprofundamento em relação às disciplinas básicas. Quando se trata da educação profissional, requer uma estrutura ainda maior de investimento em laboratórios e livros; em atividades extras. Temos um grande desafio, a exemplo dos profissionais e de funcionamento das escolas”, disse.

Dorinha acrescentou que o aumento de carga horária vai requerer mais dedicação também de alunos e professores. “O tempo integral fica no foco de todo conjunto, [passando por] ampliação da carga horária e permanência na escola”.

Ainda segundo a senadora, o olhar do novo do ensino médio tem que estar cada dia mais inserido no seu espaço; na sua localidade. “Requer a participação da comunidade nesses espaços coletivos de formação e leituras em relação ao meio em que está inserido, bem como aos espaços no mundo do trabalho.”


A ONG Todos pela Educação alerta que “sem o apoio do governo federal ao estado, e dos estados às escolas, o abismo entre escolas públicas e privadas permanecerá mesmo com o país tendo sua legislação melhorada.”

A aprovação pelo Legislativo, segundo Corrêa, é apenas um primeiro passo para novos desafios. “Na sequência teremos outros desafios, até que consigamos, de forma gradual, fazer as mudanças que melhorarão o ensino médio do país. Será uma fase complexa e não rápida, tomando pelo menos os anos de 2025 e 2026”, afirmou.

Segundo ele, os desafios para a implementação das novas regras passam pela preparação de infraestruturas, profissionais, materiais e pelas avaliações que são necessárias para identificar o que pode ser melhorado.


“Além disso, será necessário estabelecer uma nova comunicação [das autoridades] com estudantes e famílias sobre as mudanças que virão. Apoiar os estudantes inclusive para que eles apoiem a escola. Não adianta o poder público se preparar e as comunidades não se apropriarem desse modelo”, complementou.

Além de campanhas midiáticas, será necessária muita atuação no ambiente escolar, no sentido de preparar professores e diretores. “Serão momentos de debates sobre projetos de vida e opções disponibilizadas pelo ensino médio. Não é apenas o governo chegar e expor suas intenções. Será necessário ouvir, dialogar e envolver o jovem nesse processo de escolha. Não será algo fácil. Por isso precisaremos de uma coordenação muito boa entre MEC e secretarias estaduais/distrital de educação”.
Aulas noturnas

Outra sugestão apresentada no relatório da parlamentar é a obrigatoriedade de os estados manterem pelo menos uma escola com ensino médio regular noturno em cada município, caso haja demanda comprovada.


O relatório prevê, ainda, formação continuada de professores, de forma a garantir que eles estejam preparados para as novas diretrizes e metodologias, “com foco em orientações didáticas e reflexões metodológicas, assegurando o sucesso das transformações propostas para o ensino médio.”
Ministro

O ministro da Educação, Camilo Santana, comemorou pelas redes sociais a aprovação do substitutivo na comissão do Senado. Em tom de agradecimento aos parlamentares, ele destacou, entre os avanços, a manutenção das 2,4 mil horas, conforme proposto pelo governo federal, para a formação geral básica e fortalecimento da formação técnica de nível médio.

Segundo ele, esta foi uma vitória para a educação e para a juventude do Brasil. “Prevalece o interesse maior, que é comum aos que trabalham por um país de mais oportunidades: a construção de um ensino médio capaz de contribuir para tornar a escola pública mais atrativa, gratuita e de qualidade para todas e todos”, disse.


(*)com informação da Agência Brasil

Queimadura causa 14 mil internações no SUS de crianças e adolescentes







Pesquisa da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) revela que nos últimos dois anos, foram registradas em torno de 14 mil hospitalizações no Sistema Único de Saúde (SUS) de crianças e adolescentes devido a acidentes com queimaduras. Em 2022, foram 6.924 casos e, em 2023, 6.981. Em média, o SUS registra cerca de 20 hospitalizações diárias por queimaduras na faixa etária de zero a 19 anos. O levantamento abrangeu somente os casos graves, com indicação de acompanhamento hospitalar.

A sondagem aponta que crianças de 1 a 4 anos de idade são as maiores vítimas, totalizando 6,4 mil internações, em 2022 e 2023. Em seguida, aparecem as faixas de cinco a nove anos (2.735 casos); de 15 a 19 anos (1.893); de dez a 14 anos (1.825); e os menores de um ano (1.051).


De acordo com a SBP, o ranking de internações por queimaduras nos estados é liderado pelo Paraná, com 1.730 registros, seguido por São Paulo (1.709), Bahia (1.572), Rio de Janeiro (1.126) e Minas Gerais (1.006). Por regiões, houve aumento de hospitalizações no Norte, que evoluíram de 570, em 2022, para 575, em 2023; no Nordeste (de 1.899 para 2.038), no Sudeste (de 2.093 para 2.124) e no Sul (de 1.573 para 1.607). Somente na Região Centro-Oeste registrou queda nas internações no período pesquisado, de 789 para 637.

Em relação a óbitos por queimaduras, o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde aponta que no período mais recente disponível, correspondente aos anos de 2022 e 2021, cerca de 700 crianças e adolescentes foram vítimas desse tipo de acidente.
Descuido

As queimaduras costumam acontecer em crianças pequenas, na maioria dos casos, como consequência do descuido dos adultos, destacou o presidente da SBP, Clóvis Francisco Constantino. Segundo ele, a vigilância constante dos pais e responsáveis é indispensável diante de várias situações no dia a dia que podem representar risco. Mas, “se houver prevenção, é completamente possível evitar esses acidentes”, manifestou.


Embora o perigo das queimaduras em crianças e adolescentes ocorra durante todo o ano, a presidente do Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento às Causas Externas na Infância e Adolescência da SBP, Luci Pfeiffer, destacou que a atenção deve ser redobrada durante os festejos juninos que se estendem de junho até agosto, em muitos municípios.

Ela ressaltou, entretanto, em entrevista à Agência Brasil, que “o cuidado com a criança deve ser sempre. A gente fala que até o quarto ano de vida, 80% das queimaduras acontecem dentro da cozinha. Por isso, os cuidados da criança pequena são passivos, ou seja, mesmo que eu não esteja cuidando, a criança não vai chegar ao risco”.

Segundo a médica, uma precaução é colocar um portão na cozinha. Crianças não podem entrar na cozinha quando estão sendo preparadas comidas no fogão ou no forno. “A queimadura no forno de palma de mão é horrorosa, porque dá sequelas para toda a vida, porque a criança não tem desenvolvimento motor para tirar a mão, primeiro porque ela gruda e, depois, ainda não tem atividade motora para ficar de pé e sair correndo. Ela fica ali, queimando a mão”, destacou.

Fogos e fogueiras

Luci Pfeiffer alertou que durante os festejos juninos, sob a desculpa das comemorações, ocorre uma desproteção ainda maior com crianças e adolescentes. Lembrou que em várias cidades ainda são vendidos fogos de artifício em ruas e estradas para pessoas de qualquer idade. “O dano do fogo de artifício não é só a queimadura que pode acontecer, mas é algo terrível quando foguetes, também chamados rojões em algumas localidades, são acesos e podem estourar para trás, provocando a perda da mão. Não é só a queimadura. A explosão leva à perda da mão da criança e de adultos também. Isso acontece muito nessa época do ano”.

A pediatra deixou claro que fogos de artifício não são brinquedos e não devem ser manuseados por crianças e adolescentes. E quem for manusear deve acender os fogos à distância e com todas as medidas de proteção. “Por isso, o nosso alerta: uma queimadura é uma dor para a vida inteira, porque é a dor do momento, depois a dor da cicatriz e, muitas vezes, a incapacidade que ela provoca”.

Outra coisa é a fogueira. As músicas falam em pular a fogueira. Luci advertiu, porém, que fogo queima a roupa, queima a pele, deixa cicatrizes. Fogueiras têm de ser cercadas, para que nenhuma criatura chegue perto. Destacou que na atualidade, com o uso de celulares, pode ocorrer que alguém venha correndo, tropece e caia na fogueira. “São danos irreparáveis”. Sublinhou também que nessa época festiva de São João, soltar balões é uma atividade proibida no Brasil, pelos incêndios que pode provocar e pelas queimaduras que podem causar em quem manuseia esses artefatos.


As principais orientações da SBP para evitar acidentes com queimaduras podem ser conferidas no site da SBP.



(*)com informação da Agência Brasil

Asteroide 'assassino' do tamanho do Everest se aproximará da Terra dia 27



Imagem: Getty Images

Na próxima quinta-feira, 27 de junho, um enorme asteroide conhecido como “assassino de planetas” fará sua maior aproximação com a Terra dos últimos 125 anos. Medindo entre 1,7 a 3,9 quilômetros de largura (segundo o site SpaceReference.org), o 2011 UL21 é uma montanha do tamanho do Monte Everest viajando a 93 mil quilômetros por hora.


Embora classificado como "potencialmente perigoso", pela sua capacidade de destruição em escala planetária, o 2011 UL21 passará a 6.641.274 quilômetros do nosso planeta. Orbitando o Sol uma vez a cada 3,09 anos, o objeto espacial é maior do que 99% dos asteroides próximos da Terra (NEAs) conhecidos, segundo a Agência Espacial Europeia (ESA).Descubra: Como identificar cometas e asteroides no céu noturno?

Comparado a outros "assassinos gigantes" que já passaram pela Terra, o asteroide 2011 UL21 é um pouco modesto, medindo cerca de dez vezes menos do que a maior rocha espacial que já atingiu nosso planeta, o asteroide Vredefort (que formou a cratera gigante do mesmo nome), e pelo menos cinco vezes menor do que a famosa rocha que exterminou os dinossauros.
Como observar a passagem do asteroide 2011 UL21 pela Terra?


Será possível acompanhar à maior aproximação do UL21 de 2011 por meio de uma transmissão ao vivo realizada pelo Projeto Telescópio Virtual (VTP), que espelhará a visão do asteroide pelo Observatório Astronômico Bellatrix de Ceccano, na Itália. Mas fique atento, pois a transmissão começará às 17h (horário de Brasília) do dia 27 de junho, e a aproximação ocorrerá cerca de 15 minutos depois.Saiba também: Segundo a NASA, há 14 mil asteroides ameaçadores não detectados no espaço

Nos dias 28 e 29 de junho, o asteroide também estará visível no céu noturno, com uma luminosidade semelhante à de Proxima Centauri, podendo ser visualizado apenas com o uso de um telescópio.

Ver o 2011 UL21 é uma oportunidade única, pois o asteroide só estará tão próximo da Terra em 2089, quando passará novamente a cerca de 2,7 milhões de quilômetros do planeta, o que é pelo menos 2,5 vezes mais perto do que a atual aproximação, conforme o Laboratório de Propulsão a Jato da NASA.
Outro objeto para comemorar o Dia do Asteroide

O asteroide 2024 MK foi descoberto na semana passada.Fonte: ESA

Surpreendentemente, o que era para ser um evento único acabou recebendo um reforço na semana passada, quando o asteroide batizado como 2024 MK foi descoberto pelo observatório ATLAS da África do Sul, a caminho da Terra. A rocha estimada em 160 metros de diâmetro fará um "rasante" em relação ao nosso planeta, passando a menos de 300 mil quilômetros, o que representa 80% da distância da Lua.

Animação da Agência Espacial Europeia (ESA), mostra a trajetória do asteroide 2024 MK.Fonte: ESA

Embora seja classificado como Asteroide Potencialmente Perigoso (PHA), e esteja na lista de risco de impacto da NASA e da ESA, o 2024 MK fará uma aproximação "segura" com a Terra, segundo a agência espacial europeia. O asteroide recém-descoberto será visível nos céus do Brasil, apenas por meio de instrumentos ópticos, na noite de sábado (29), véspera do Dia do Asteroide.

Mantenha-se atualizado com todos os eventos celestes aqui no TecMundo, não esqueça de compartilhar a matéria em suas redes sociais! Se desejar, aproveite para entender, como a gravidade da Terra pode destruir asteroides 'assassinos'.

Câmaras e Conselhos Empresariais, Fecomercio e Câmara dos Deputados realizam audiência pública sobre a reforma tributária, em Fortaleza



Uma audiência pública, que vai discutir a regulamentação da reforma tributária, será realizada, na próxima sexta-feira (28), às 10h, em Fortaleza. Cinco impostos devem ser substituídos por um, o Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Nesse sentido, a taxa de referência para impostos sobre consumo foi definida em 26,5%.



A reunião, organizada pelas Câmaras e Conselhos Empresariais Fecomércio-CE e Câmara dos Deputados, será mediada pelo presidente da CACE, Everton Fernandes, com a participação dos dois únicos representantes do Ceará no Grupo de Trabalho (GT) da Reforma Tributária: os deputados federais Luiz Gastão (PSD-CE) e Moses Rodrigues (UNIÃO-CE).



O encontro vai reunir representantes de diversos setores produtivos como Conselho Regional de Economia, Conselho Regional de Administração, Conselho Regional de Contabilidade, Federação das Indústrias do Estado do Ceará, Federação da Agricultura do Estado do Ceará, Secretaria da Fazenda, além da Associação de Bares e Restaurante, Sindicato do Comércio Varejista e Lojista(capital e interior), Associação Cearense de Supermercado, Sindicato das Empresas de Conservação e Ordem dos Advogados do Brasil.

SERVIÇO

Audiência Pública sobre a Reforma Tributária

Local: Senac Aldeota

Av. Desembargador Moreira, nº 1301

Horário: 10h às 12h

COLUNA DO CARLOS... LEMBRANÇAS...


 

Compensação da desoneração da folha salarial terá dinheiro de repatriação de recursos no exterior





O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), antecipou, nessa terça-feira (25), que o Ministério da Fazenda já acenou positivamente para aceitar as propostas apresentadas pelo Senado como fontes de compensação para a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores e dos municípios com até 156 mil habitantes.


Os Municípios deixarão de recolher, em 2024, para os cofres da Previdência Social, pelo menos, R$ 9 bilhões. Os municípios recolhem, desde o mês de janeiro, uma alíquota de 8% – antes, a contribuição era de 20%. No Ceará, das 184 cidades, 179, com população inferior a 156 mil moradores, são beneficiadas com a desoneração da folha salarial. Apenas quatro municípios – Fortaleza, Caucaia, Maracanaú, Sobral e Juazeiro do Norte, não são beneficiadas com a redução da alíquota previdenciária.

ORIGEM DO DINHEIRO PARA COMPENSAÇÃO


De acordo com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, os recursos para compensação das perdas de receita com a desoneração salarial serão originários da repatriação de recursos no exterior, da atualização de ativos no Imposto de Renda e de um “refis” de multas de agências reguladoras. Outra fonte dessa receita será a taxação de importações de até US$ 50. .


Segundo Pacheco, o Palácio do Planalto já deu sinais positivos sobre essas medidas: “O Ministério da Fazenda já concorda que devemos usar essas propostas como fontes de compensação”, destacou o presidente do Senado, ao observar que ainda não está definido se o texto será encaminhado por meio de projeto de lei ou de uma Medida Provisória (MP).


O presidente do Senado disse, ainda, haver uma “perspectiva concreta” de que esse projeto seja votado no plenário do Senado antes do fim do recesso, assim como a proposta de renegociação das dívidas dos Estados.

Preço de arroz e feijão sobe mais que cerveja e cigarro, produtos na mira do ‘imposto do pecado’


Inflação de alimentos básicos para a população sofreu reajustes maiores do que bebida alcoólica e tabaco depois de 2016, mostra estudo


Por Daniel Weterman

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BRASÍLIA – O preço do arroz e do feijão subiu mais que o da cerveja e o do cigarro nos últimos anos, mostra estudo do economista e professor da Strong Business School, Valter Palmieri Júnior. A tributação desses produtos, por sua vez, irá mudar com a reforma tributária proposta pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e em discussão no Congresso Nacional.

O levantamento foi desenvolvido para a ACT Promoção de Saúde, organização que atua em defesa da saúde e da alimentação saudável, e considerou diferentes comparações entre os custos desses produtos para o consumidor final.

Os números mostram que o cigarro teve um aumento de preço maior que os alimentos até 2016. Depois desse ano, porém, o fumo deixou de ter reajustes maiores e a situação se inverteu. A partir de 2017, o preço mínimo do cigarro estabelecido pela legislação, que é de R$ 5,00 o maço, não foi mais corrigido. Em compensação, os alimentos passaram a ter elevações maiores nos custos para o consumidor brasileiro.


Entre janeiro de 2017 e abril de 2024, o arroz sofreu um aumento de 99,5% nos preços, enquanto a cerveja sofreu aumento menor, de 36,3%, e o cigarro enfrentou uma inflação ainda mais baixa, de 28,8%. Foto: Evelson de Freitas/Estadão

Entre janeiro de 2017 e maio de 2024, o arroz quase dobrou de preço (aumento de 99,5%), enquanto o índice geral do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 45% no período. A cerveja sofreu aumento menor, de 36,3%. O cigarro, por sua vez, subiu menos: 28,8% no período.

“Quando o arroz e o feijão sobem, não é fácil ter um substituto mais barato no prato e uma família mais pobre consome mais esses alimentos proporcionalmente à renda. O aumento de preço prejudica muito o poder de compra dessas famílias”, diz o economista. “O cigarro e a cerveja, por outro lado, são produtos cuja tributação não paga os custos sociais que eles geram para a saúde pública.”


Para se ter uma ideia do peso sobre o consumidor final, em 2016, com o valor de 30 maços de cigarros, equivalente a R$150, se comprava 57,4 quilos de arroz. Hoje, só dá para 32,5 quilos. Ou seja, o preço do arroz em comparação ao tabaco pesa mais no bolso do consumidor do que no passado.

A proposta de reforma do governo incluiu arroz e feijão na cesta básica, sem cobrança de impostos para o consumidor. Bebidas alcoólicas e o cigarro, por sua vez, entraram no Imposto Seletivo, apelidado de “imposto do pecado”, com tributação maior. A intenção é desonerar alimentos consumidos pelos mais pobres e tributar mais itens que fazem mal à saúde e ao meio ambiente, para reduzir o consumo.
A Câmara pretende votar o primeiro projeto da regulamentação da reforma tributária, que define os produtos taxados pelo Seletivo, em julho, antes do recesso parlamentar. Já as alíquotas desse tributo serão definidas posteriormente, em outro projeto de lei.

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Reforma tributária: entenda ponto a ponto a proposta de regulamentação enviada pelo governo


Em relação à cerveja consumida no domicílio, houve um aumento de 32,8% nos preços entre 2017 e 2023. No mesmo período, o aumento do preço da alimentação no domicílio foi de 54,4%. Essa discrepância sugere um aumento maior no custo-benefício da cerveja, um produto nocivo à saúde, em relação aos alimentos, que podem ser essenciais à saúde e à vida humana, diz a pesquisa.

Em abril de 2024, um arroz de 5 quilos custava R$ 35, enquanto uma caixa de 12 latas de cerveja era vendida a R$ 41,88. Se os preços tivessem a variação trocada, o arroz custaria R$ 16,57 e a cerveja teria um preço de R$ 88,41. O feijão de 1 quilo, por sua vez, diminuiria de R$ 10,29 para R$ 7,73.

“As pessoas precisam ter a liberdade de consumir o que desejam, mas o preço dos produtos tem que ser justo no sentido de cobrir os custos sociais e ambientais que geram em termos de saúde pública”, afirma Valter Palmieri Júnior.

O presidente-executivo do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), Márcio Maciel, diz que o produto brasileiro já paga a carga tributária mais alta da América Latina e o setor não consegue absorver novos aumentos sem impactar a produção.

“É fundamental, nesse momento de cenário de aumento da inflação (para o setor), que seja mantida a carga tributária atual, por meio da tributação progressiva por teor alcoólico, pois ela permite ao setor produtivo ter mais previsibilidade e, assim, projetar novos investimentos que ampliarão a oferta de produtos, reduzindo a inflação, além de gerar emprego e renda ao País”, diz Maciel.

O projeto enviado pela equipe econômica prevê a taxação pelo Seletivo proporcional à quantidade de álcool da bebida – o que desagrada o setor de destilados.

Procurada, a Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo) não quis se manifestar.

Por que o arroz e o feijão subiram mais do que a cerveja e o cigarro?

A evolução dos preços está diretamente relacionada às condições de produção desses itens no País, de acordo com o economista. Os produtos rurais passaram a ter mais incentivos e lucratividade para produzir grãos como soja e milho do que para plantar feijão e arroz ao longo do tempo. Além disso, os custos para se produzir tabaco e cerveja foram mais leves, mesmo com a tributação mais alta em relação a outros países.

O custo de fabricação de alimentos aumentou 80,3% entre 2016 e 2024, enquanto o custo para a produção de cigarros subiu menos, 24,1%. “A produção de tabaco no Brasil é a mais barata do mundo. E, sem a tributação, o cigarro do Brasil seria o mais barato do mundo. Na cerveja, o custo de produção também é baixa e a indústria consegue alterar a composição a depender dos custos”, diz o autor do estudo.

Para o pesquisador, a reforma tributária proposta no Congresso minimiza esses problemas, mas não é suficiente, pois é preciso mexer nas condições da produção para que os alimentos saudáveis sejam realmente mais vantajosos para os agricultores e para os consumidores finais. “A tributação é um dos componentes do preço, mas é preciso incentivar a produção e alterar esses incentivos para o produtor rural. É preciso tornar esses produtos mais baratos, mas a lucratividade de quem está produzindo não pode diminuir.”

Brasil lidera entre 31 países onde população relata presença do tráfico de drogas na vizinhança


Estudo obtido pela Coluna do Estadão verifica a percepção da população sobre crimes e aplicação da lei



Por Roseann Kennedy

Não é a toa que o tema segurança pública pauta os debates políticos no País. Seis em cada dez brasileiros (61%) relatam ter visto ou ouvido falar sobre crimes ligados ao tráfico de drogas em suas vizinhanças, de acordo com o estudo Global Advisor Crime, feita pela Ipsos em 31 países, e obtido com exclusividade pela Coluna do Estadão. O índice está 24 pontos acima da média identificada no levantamento e põe o Brasil na liderança. Na sequência estão Chile (60%) e Colômbia (54%). Na outra ponta da lista, Israel (15%), Polônia e Nova Zelândia (ambas com 22%).

O estudo, que verifica a percepção da população sobre crimes e aplicação da lei, pode servir de base para gestores enxergarem os desafios sociais à frente. A classificação mostra uma piora em relação aos dados de 2023, quando o Brasil aparecia em terceiro lugar, atrás apenas de Tailândia e Chile. Pelo levantamento atual, a maioria dos cidadãos diz que a pobreza e o desemprego são as maiores causas para a criminalidade no Brasil. Educação vem em seguida.

”Mesmo que as pessoas não sejam especialistas nesses assuntos, elas sabem dimensionar os fatores que mais impactam para algumas questões nas vidas delas”, observa Priscilla Branco, gerente de reputação corporativa e opinião pública da Ipsos no Brasil.

A pesquisa ouviu 23.800 pessoas em 31 países, sendo aproximadamente mil no Brasil, de 22 de março a 5 de abril. Aqui a margem de erro é de 3,5 p.p..


Pesquisa mostra percepções geracionais sobre a violência

O levantamento também mostra a percepção sobre a ineficácia na aplicação da lei e ambiente político corrupto como preocupações comuns, revelando variações notáveis entre as faixas etárias. Globalmente, pobreza e o desemprego são vistos como os principais fatores por todas as gerações, com 55% dos Millennials e da Geração Z os destacando como os principais culpados.

Os Boomers, no entanto, também apontam o abuso de drogas e álcool (47%) e a quebra de valores tradicionais (43%) como causas predominantes. Já a Geração Z enfatiza a educação precária (38%) como um motor de crime, mais do que qualquer outra geração.

Junho Violeta: Fortalecendo os Laços de Amor e Respeito com os Idosos



Escrito por Rosemary Pontes

Legenda: Rosemary Pontes é professora


O Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, celebrado em 15 de junho desde 2011, é uma importante data que destaca a necessidade de prevenir e combater qualquer tipo de violência direcionada a esse grupo, o qual é mais vulnerável. É um momento também para sensibilizar a sociedade sobre a importância do cuidado e respeito com os idosos.

Nesse contexto, a relação entre avós e netos no ambiente familiar vai muito além de meros laços pessoais; ela desempenha um papel crucial no desenvolvimento emocional, social e cognitivo das crianças. Valorizar e fortalecer esse vínculo não só beneficia os mais jovens, que recebem a transmissão de valores, tradições e histórias de suas raízes familiares, mas também é uma fonte de apoio fundamental para os idosos, contribuindo para uma vida mais ativa e saudável, estimulando a saúde emocional e mental.

No entanto, mesmo diante de tantos benefícios, é importante reconhecer que conflitos podem surgir nessa relação familiar, especialmente no que se refere à educação das crianças. Esses conflitos podem evoluir para diferentes formas de violência, tais como abusos físicos, psicológicos, sexuais e financeiros, bem como negligências que muitas vezes passam despercebidas pelos sistemas de saúde e segurança, tornando-se muitas vezes algo naturalizado e aceito como parte da dinâmica familiar. Sinais de abuso ou negligência podem ser sutis ou mascarados por condições médicas comuns na terceira idade.

Para combater efetivamente esses tipos de violências, é essencial promover uma cultura de respeito, empatia e diálogo dentro das famílias, no ambiente escolar e na sociedade como um todo. A conscientização sobre os direitos dos idosos, a importância do envelhecimento ativo e saudável, e a valorização da experiência e sabedoria que os mais velhos possuem são passos fundamentais para construir uma sociedade mais inclusiva e justa para todas as idades.

A sociedade como um todo precisa estar envolvida nesse processo de conscientização e proteção. Isso inclui desde as escolas, que podem incorporar temas relacionados ao respeito e cuidado com os idosos em seus currículos, até empresas e organizações que podem promover ambientes de trabalho inclusivos para pessoas mais velhas. O voluntariado também desempenha um papel vital, proporcionando interação social para idosos que possam estar isolados.

Devem ser fortalecidos diariamente os laços de amor e respeito com os idosos, reconhecendo sua contribuição para a nossa sociedade e garantindo que sejam respeitados e cuidados em todos os momentos de suas vidas, resguardando que eles não são os pais das crianças, mas sim uma rede de apoio. Os papéis devem estar bem definidos para que a harmonia familiar prevaleça, em elos que vão ficar para toda a vida.

Rosemary Pontes é fundadora do Colégio Universo

terça-feira, 25 de junho de 2024

Polêmicas da calvície: carecas têm mais testosterona? Boné atrapalha? Veja 10 mitos sobre os calvos



Alopecia androgenética, como também é chamada a condição, é a perda de cabelo que ocorre somente devido a fatores genéticos e hormonais, mas muitos mitos giram ao seu redor.


Por Roberto Peixoto, g1




Patrick Ribeiro, participante do Casamento às Cegas — Foto: Reprodução/Netflix



Um participante do reality show "Casamento às Cegas", da Netflix, chamou a atenção dos telespectadores por nunca tirar o boné. Em um dos episódios, outra participante revela que ele é calvo. Patricik Ribeiro decidiu falar sobre o assunto ao responder perguntas no Instagram.



“Pergunta de milhões: É uma forma de preconceito debochar de uma condição genética como a calvície, sendo que quem tem não escolheu e sofre com isso? Não é como em outras condições genéticas que não se enquadram no padrão social de beleza?”, escreveu ele.




Ele também contou que a calvície é um problema que o incomoda e que o boné traz mais confiança. "Se você tem algum acessório, qualquer coisa que te faça sentir mais seguro e melhor com você mesmo, não tem por que não usar. Se tem tanta mulher que é baixinha e usa salto para se sentir mais confiante, e eu uso um boné para me sentir mais confiante, qual o problema nisso?", questionou.



Patrick Ribeiro, participante de Casamento às Cegas — Foto: Reprodução/Instagram




👉 Abaixo, veja a explicação sobre 10 mitos sobre calvície e o que, de fato, contribui para a saúde capilar, de acordo com os especialistas.


Raspar a cabeça faz o cabelo cair mais rápido.
Lavar o cabelo diariamente pode contribuir para o processo.
Sempre usar um secador facilita a calvície.
Usar boné faz o cabelo cair permanentemente.
Homens calvos têm mais testosterona.
Mulheres nunca podem ser calvas.
A calvície é transmitida geneticamente pela família da mãe.
"Se ficou grisalho, não ficará calvo."
Alguns alimentos podem impedir ou prevenir a calvície.
Shampoo antiqueda evita a calvície.




Antes, é importante entender que há diversos tipos de queda de cabelo, sendo que, neste texto, iremos nos concentrar na alopecia androgenética, também conhecida como calvície.


E, como explica o dermatologista Paulo Müller Ramos, especialista no tratamento de doenças dos cabelos e em transplante capilar, o ideal é procurar atendimento médico especializado para definir o diagnóstico.



"Isso é fundamental, pois os tratamentos variam muito a depender da causa", diz.




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1. Raspar a cabeça faz o cabelo cair mais rápido.




❌ Mito


O mito de que raspar a cabeça afeta o crescimento dos cabelos é um dos mais comuns, mas é infundado. Isso porque a raspagem não interfere no desenvolvimento dos folículos pilosos, estruturas da pele responsáveis por produzir cabelo.


Cortar ou raspar o cabelo só tira os fios da parte de cima, enquanto os folículos embaixo da pele permanecem intactos e continuam seu ciclo de crescimento normalmente.


Além disso, a calvície genética é caracterizada pela rarefação e diminuição dos folículos pilosos.


Um fator-chave relacionado a esse tipo de alopecia é a DHT (dihidrotestosterona), um hormônio sexual mais presente nos homens (veja infográfico abaixo), que estimula o desenvolvimento das características masculinas.


Esse hormônio tem o poder de encurtar o ciclo de vida dos cabelos em pessoas com predisposição genética para a calvície, ou seja, aquelas que têm familiares próximos com a doença, como pais ou avós. Isto é, não é a quantidade de DHT que interfere na sua calvície, mas sim essa predisposição.


Por que algumas pessoas são calvas? — Foto: Luisa Rivas/Arte g1



No entanto, como ressalta Leonardo Abrucio Neto, dermatologista da BP – a Beneficência Portuguesa de São Paulo, é importante lembrar que um processo inflamatório intenso pode, sim, danificar a raiz do cabelo se essa raspagem for demasiada (com força), “acelerando o processo de alopecia”, criando áreas onde o cabelo não cresce mais.


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2. Lavar o cabelo diariamente pode contribuir para o processo.




❌ Mito


A frequência adequada de lavagem do cabelo depende do tipo de couro cabeludo, e não interfere na quantidade de fios que perdemos rotineiramente.


Se o couro cabeludo for oleoso, é necessário lavar o cabelo com mais frequência, até mesmo diariamente.
Se esse tecido que recobre o crânio for seco, lavar o cabelo todos os dias pode não ser necessário e a lavagem a cada dois dias será suficiente.






“Estima-se que o normal é perder aproximadamente 100 fios de cabelo por dia. O sinal de alerta é a pessoa perceber que está perdendo mais fios que o habitual”, diz Carolina Milanez, médica dermatologista do Hospital Heliópolis, em São Paulo.




A frequência ideal de lavagem do cabelo depende do tipo de couro cabeludo da pessoa — Foto: Pexels


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3. Sempre usar um secador facilita a calvície.




❌ Mito


Na realidade, o uso frequente do secador de cabelo pode tornar os fios mais finos, mas não leva à calvície.


Por outro lado, usar o secador de cabelo em alta temperatura, especialmente próximo ao couro cabeludo, pode tornar os fios frágeis e, com o uso excessivo, danificar o cabelo e o couro cabeludo.


Portanto, é aconselhável usar o secador a uma distância segura (cerca de 15 cm), por menos tempo e em temperaturas mais baixas para evitar danos.


"O que deve ser feito é evitar danos aos fios, evitando o calor excessivo e a tração durante a secagem. Portanto, o ideal é minimizar o uso do secador, protegendo os cabelos e, ocasionalmente, optando pelo ar frio ou deixando-os secar naturalmente", alerta a cosmetóloga Paula Chagas.


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4. Usar boné faz o cabelo cair permanentemente.




❌ Mito


Usar boné não causa calvície e não há nenhuma evidência concreta neste sentido.


No entanto, conforme explica Abrucio Neto, o uso frequente de chapéus ou outros acessórios semelhantes pode aumentar a temperatura do couro cabeludo e agravar a dermatite seborreica, o que, por sua vez, pode tornar o tecido mais inflamado e contribuir um pouco para a queda de cabelo temporária.


Mas isso não tem relação alguma com a forma de queda de cabelos geneticamente determinada e permanente.


⚡ Agora, existem muitos outros tipos de queda que são temporários e podem ser desencadeados por várias razões, incluindo essas doenças dermatológicas, estresse e deficiências nutricionais, como no caso da alopecia areata, uma doença autoimune.


Usar boné não causa calvície. Não há nenhuma evidência concreta neste sentido. — Foto: Pexels



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5. Homens calvos têm mais testosterona




❌ Mito


Homens calvos NÃO têm níveis mais elevados de testosterona.


A calvície está, de fato, relacionada à testosterona, mas aqui não é a quantidade produzida que importa e, sim, a sensibilidade do nosso corpo a ela.


Como mencionamos no começo do texto, a DHT, uma substância derivada da testosterona, desempenha um papel fundamental na perda de cabelo. Isso ocorre devido à ação de uma enzima conhecida como 5-alfa redutase, que converte a testosterona em DHT e resulta na diminuição dos folículos capilares.


E alguns homens têm uma predisposição que os torna mais sensíveis à DHT do que outros.


Na verdade, o que acontece é que o homem tem mais tendência genética a ter calvície porque o fio dele tem uma avidez maior pela testosterona. Então, o nível sérico (a concentração no sangue) da testosterona não muda nada.

— Violeta Tortelly, dermatologista do Departamento de Cabelos e Unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)


Resumindo: embora a testosterona tenha um papel na calvície, a diferença entre calvos e não calvos não está na quantidade de testosterona produzida, mas, sim, na forma como a testosterona é recebida nos folículos capilares.


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6. Mulheres nunca podem ser calvas




❌ Mito


A calvície NÃO é uma exclusividade dos homens, e algumas mulheres também podem experimentá-la.


No caso da alopecia androgenética, embora seja menos frequente em mulheres do que em homens, a conversão de testosterona em DHT ocorre em ambos os sexos, levando à perda de cabelo.


Além disso, existem outras formas de queda que afetam as mulheres, como a alopecia areata.


“As mulheres produzem uma menor quantidade de testosterona. Então, não ocorre a conversão da testosterona em di-hidrotestosterona, que é o hormônio que causa afinamento dos fios de cabelo. Portanto, a rarefação capilar na mulher é bem menor do que no homem, que apresenta maior produção do hormônio”, diz Abrucio Neto.


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7. A calvície é transmitida geneticamente pela família da mãe




❌ Mito


Na verdade, a alopecia androgenética é autossômica e poligênica, o que significa que a condição pode ser transmitida tanto pela mãe quanto pelo pai.


Ou seja, a calvície é influenciada por diversos genes, que podem ser herdados de ambos os lados da família. Portanto, para avaliar suas chances de perda de cabelo, é importante considerar todos os parentes das famílias materna e paterna.



“Às vezes, a herança vem até mesmo dos avós, bisavós”, diz Milanez.




A alopecia androgenética é autossômica e poligênica, o que significa que a condição pode ser transmitida tanto pela mãe quanto pelo pai. — Foto: Pixabay


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8. ‘Se ficou grisalho, não ficará calvo’




❌ Mito


Não há relação científica entre cabelos grisalhos e calvície. Ambos têm influência genética, mas cabelos grisalhos podem surgir mais cedo em situações de estresse, doenças do couro cabeludo (como alopecia areata), vitiligo e condições inflamatórias (como tireoidite). Maus hábitos, como alimentação inadequada e tabagismo, também podem desempenhar um papel.


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9. Alguns alimentos podem impedir ou prevenir a calvície




❌ Mito


A alopecia androgenética é uma condição genética, e não existem alimentos que possam preveni-la. Embora uma dieta saudável possa contribuir para a saúde dos cabelos, ela não tem o poder de evitar a perda de cabelo de origem genética.



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10. Shampoo antiqueda evita a calvície




❌ Mito


Aqui é importante entender que o shampoo tem uma função principal de limpar o couro cabeludo e os fios, e seu contato com a pele é bastante breve. Portanto, não há tempo suficiente para que ele penetre na pele e atue nas causas da queda de cabelo, que ocorrem no interior da pele. Consequentemente, shampoos antiqueda não são eficazes para combater a perda de cabelo.


Por isso, a dermatologista Carolina Milanez resume: “não há como prevenir a alopecia androgenética nem a alopecia areata. O melhor é procurar ajuda o quanto antes para ser acompanhado".

Reforma tributária: equipe econômica avalia propor taxação de jogos de azar com 'imposto do pecado'



A CCJ do Senado Federal aprovou, na última semana, um projeto que libera os jogos de azar no Brasil, como bingo, jogo do bicho e cassino. Presidente Lula afirmou que, se o Congresso aprovar o projeto, ele vai sancionar a proposta.


Por Alexandro Martello, Lais Carregosa, Thiago Resende, g1 e TV Globo — Brasília

A equipe econômica está avaliando propor a taxação de jogos de azar com o imposto seletivo, conhecido como imposto do pecado.


Esse tributo já foi aprovado no âmbito da reforma tributária, mas o texto ainda precisa ser regulamentado. Debates sobre a regulamentação estão ocorrendo nas últimas semanas, no Congresso Nacional.



"É uma demanda de alguns deputados e nós estamos avaliando se faz sentido ou não. De novo, é a mesma questão que vem no caso do cigarro. Você tem que tributar sim, faz mal para a saúde, todo mundo sabe. Mas se você errar na mão, você estimula muito contrabando [jogo irregulares]. Então, a questão é saber como e se se faz sentido essa tributação e calibrar isso de forma adequada. A gente tá fazendo junto com a Secretaria de Apostas lá do Ministério [da Fazenda]", disse o secretário extraordinário do Ministério da Fazenda para a reforma tributária, Bernard Appy.




O secretário acrescentou que ainda não há nenhuma posição definida pelo Ministério da Fazenda. "Mas, a pedido dos parlamentares, a gente tá fazendo essa avaliação sim [de taxar com o imposto do pecado]", declarou ao g1 e à TV Globo.


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De acordo com a emenda constitucional, aprovada no fim de 2023, o imposto do pecado incidirá sobre a produção, extração, comercialização ou importação de bens ou serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente.


Senado puxa freio, e PL dos jogos de azar deve passar por outra comissão


Na regulamentação do texto, será detalhado o que poderá ou não ser alvo do imposto do pecado e as alíquotas do tributo.


Até o momento, o governo e os estados propuserem a incidência sobre cigarros, bebidas alcoólicas, açucaradas, carros e petróleo.


No caso de vício, os jogos de azar poderiam ser classificados como prejudiciais à saúde.
De acordo com estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2016 a perda global anual dos apostadores foi estimada em US$ 400 bilhões.
A dependência pode acarretar problemas de saúde mental, cognição e relacionamentos, além de levar à falência e à criminalidade.
Em 2021, a Comissão de Jogos do Reino Unido estimou a prevalência do distúrbio do jogo compulsivo em 0,4% da população.

Vício em jogos de azar também exige tratamento; psiquiatra em MS fala sobre o assunto




Comissão do Congresso Nacional




A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal aprovou, na última semana, por um placar apertado, um projeto que libera os jogos de azar no Brasil, como bingo, jogo do bicho e cassino.


Entenda o projeto sobre jogos de azar




O texto, que já foi aprovado pela Câmara, ainda terá de ser debatido e analisado pelo plenário principal do Senado. Se o conjunto de senadores não promover alterações à proposta e aprová-la, o projeto seguirá para a sanção de Lula.


Pela proposta, somente maiores de 18 anos poderão jogar. Haverá proibição, por exemplo, para jogadores que se declararem ludopatas (pessoas diagnosticadas com compulsão por jogos de azar) ou forem interditados judicialmente.



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na última sexta-feira (21) que, se o Congresso aprovar o projeto que libera que cassinos, bingos e jogo do bicho, ele vai sancionar a proposta.



"Se o Congresso aprovar e foi feito um acordo entre os partidos políticos e for aprovado, não tem por que não sancionar. Não acho que é isso que vai resolver o problema do Brasil. Essa promessa fácil de que vai gerar 2 milhões de empregos, que vai desenvolver, não é verdade também", declarou Lula, na ocasião.

Festa Junina: a origem da celebração pagã que virou religiosa e 'caipira' no Brasil



As festas pagãs das antigas civilizações foram incorporadas pelo catolicismo e deram origem às festas juninas, que no Brasil acabariam sendo reinventadas com um sotaque próprio.

Por Edison Veiga




Festas pagãs das antigas civilizações foram incorporadas pelo catolicismo e deram origem às festas juninas. — Foto: Luciano Ferreira/PCR via BBC



Para um brasileiro, pode ser difícil entender como as estações do ano são capazes de influenciar o imaginário e a própria organização da sociedade.


Mas em países de clima temperado ou frio, onde primavera, verão, outono e inverno são mais demarcados, é contagiante a alegria com que o verão é celebrado, depois de meses de dias curtos, temperaturas frequentemente negativas e poucas possibilidades de interação social.


É por isso que desde os tempos mais antigos, as primeiras civilizações europeias já tinham festas específicas para celebrar tanto a chegada da primavera — a volta da vida desabrochando — quanto o solstício de verão — o ápice do sol, o dia mais longo do ano.



E, segundo pesquisadores, são esses dois tipos de celebração, depois abraçados pelo catolicismo, que explicam a origem das festas juninas, que no Brasil acabariam sendo reinventadas com um sotaque próprio.


"As origens são mesmo as antigas festas pagãs das antigas civilizações, ligadas aos ciclos da natureza, às estações do ano. Sociedades antigas realizavam grandes festividades, com durações longas, até de um mês, sobretudo nos períodos de plantio e de colheita", contextualiza o pesquisador de culturas populares Alberto Tsuyoshi Ikeda, professor da Universidade de São Paulo e consultor da cátedra Kaapora: da Diversidade Cultural e Étnica na Sociedade Brasileira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).



"A primavera era bastante comemorada, como o reingresso da vida mais dinâmica, o rebrotar da natureza e das atividades depois do período do inverno, sempre de muita dificuldade, luta pela sobrevivência e recolhimento", comenta ele.




Se nessa época do ano o que se via era a explosão da natureza, a vida social espelhava isso. "Os grupos humanos realizavam grandes festividades dedicadas à própria natureza, muitas vezes rendendo homenagens aos antigos deuses relacionados à natureza, à vida animal, à vida vegetal de um modo geral. Eram festas comunitárias com muita alegria, muita alimentação e reunião de pessoas em grande número: foi o que deu origem às festas juninas que a gente conhece no Brasil e em outras partes do mundo."



Autora do livro Festas Juninas: Origens, Tradições e História, a socióloga Lucia Helena Vitalli Rangel, professora na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), explica que a origem das festas juninas está nos "rituais de fertilidade agrícola" de diversos povos — da Europa, do Oriente Médio e do norte da África.



"Os [mitológicos] casais férteis Afrodite e Adonis, Tamuz e Izta, Isis e Osíris eram homenageados nesses rituais, pois representavam a reprodução humana, numa época de evocação da colheita", afirma.




"Eram rituais para que a colheita fosse farta e para abençoar o próximo período agrícola. Era período de congraçamento, de partilha e estabelecimento de alianças entre as comunidades. Eram rituais de fartura e abundância em todos os sentidos, no âmbito alimentar e na relação entre as famílias: casamentos, batizados e compadrio."


Na festa junina contemporânea, estão presentes algumas das figuras mais populares do catolicismo. — Foto: GETTY IMAGES via BBC



"No hemisfério norte o solstício de verão era o auge do período ritual e do trabalho agrícola coroado pela colheita", acrescenta a socióloga.


Vale ressaltar o óbvio, para que não fique um certo estranhamento ao leitor menos atento: no hemisfério norte, origem de tais celebrações, as estações do ano são invertidas em relação ao hemisfério sul, onde está o Brasil.



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Apropriação cristã




Mas onde então entram os santos nessa história? Na festa junina contemporânea, estão presentes algumas das figuras mais populares do catolicismo — e isso acabou impregnado de tal forma na celebração que a religiosidade se misturou ao folclore e às tradições populares, transcendendo os ritos normatizados pela Igreja Católica.



O primeiro dos santos juninos é Antônio (? - 1231), frade franciscano de origem portuguesa que ficou conhecido pelo que fez na Itália no início do século 13. Com fama de milagreiro, foi canonizado pela Igreja onze meses depois de sua morte — trata-se de um recorde até hoje não superado na história do catolicismo.


No imaginário popular, Antônio se tornou o bonachão santo das coisas perdidas, sobretudo nos países europeus, e o casamenteiro, principalmente em Portugal e no Brasil. Simpatias, promessas e orações específicas marcam a devoção a ele. E sua presença nos festejos juninos geralmente está ligada a essas tradições — a Igreja fixou o 13 de junho, data da morte dele, como dia consagrado ao santo.


Em 24 de junho, o catolicismo celebra o nascimento de João Batista (2 a.C - 28 d.C.). É o santo máximo das comemorações juninas — há versões que apontam que originalmente eram "festas joaninas" e não festas juninas; e, sobretudo no nordeste brasileiro, a Festa de São João é um evento de dimensões impressionantes.


Festas juninas acabariam sendo reinventadas no Brasil. — Foto: GETTY IMAGES via BBC



Personagem de historicidade controversa, João Batista é apontado como primo de Jesus Cristo e aquele que o batizou.


Em seu livro 'O Ramo de Ouro', o antropólogo escocês James Frazer (1854-1941) diz que ocorreu um processo histórico "de acomodação", deslocando para a figura de São João Batista a comemoração do solstício de verão.


Por fim, o mês de junho ainda tem a data do martírio de São Pedro (? - 67 d.C) e São Paulo (5 d.C. - 67 d.C.), dois dos pioneiros do cristianismo. Pedro foi um dos 12 apóstolos de Jesus e acabou depois considerado o primeiro papa do catolicismo.


Paulo de Tarso, por sua vez, é reputado como um dos mais influentes teólogos da história. Parte significativa dos textos que compõem o Novo Testamento da Bíblia é atribuída à sua pena. É dele, portanto, a autoria de parcela considerável da ressignificação de Jesus Cristo após sua morte na cruz — em outras palavras, é possível dizer que Paulo é responsável pela transformação de Jesus em um mito.


Uma observação necessária: apesar de a Igreja celebrar em conjunto a memória do martírio de Pedro e de Paulo, por tradição este último nem sempre é associado aos festejos juninos.



À medida que o catolicismo foi se transformando em religião do status quo, sobretudo a partir da cristianização do Império Romano, no ano de 380 d.C., diversos rituais tratados como pagãos acabaram sendo abraçados e apropriados pela Igreja. "A Igreja Católica não pôde desmanchar essas práticas", reconhece Rangel.


Com os rituais de primavera e verão, não foi diferente. "Várias dessas festividades foram adaptadas", conclui Ikeda. "Aos poucos passaram a ser tratadas como festas em honra aos santos juninos."



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"Mas é importante notar que mesmo dentro do ciclo cristão, esses santos estão ligados tematicamente com aquelas mesmas ideias, os mesmos princípios das festividades [dessa época do ano] das antigas civilizações", pontua o pesquisador.





Santo Antônio, por exemplo, é o casamenteiro — em uma leitura lato sensu, poderia ser encarado como o santo da família, da unidade familiar, da reprodução humana. "São João também está ligado, sobretudo nos interiores do Brasil, a essa questão dos relacionamentos afetivos. Tradicionalmente, faz-se muito casamento no Dia de São João", diz Ikeda.


"Ele também traz a característica da fartura [que remete aos períodos de plantio e de colheita, em oposição aos rigorosos invernos], dos alimentos, das bebidas, aquilo que chamamos na antropologia de repasto ritual ou repasto cerimonial", afirma o pesquisador.


De modo geral, na leitura proposta por ele, todos os santos juninos estão ligados aos ciclos da natureza — fogo, água, fertilidade, abundância. Está aí São Pedro e a ideia de que ele é quem controla o tempo. "Vejo uma relação entre eles e os antigos rituais, uma relação ainda presente. Embora a gente não perceba mais, eles têm essa ligação com os elementos fundamentais da existência humana", comenta.


Nas festas populares essas forças da natureza se fazem representadas, muito além da mesa farta. Os mastros juninos que são erguidos representam a potência dos troncos, das árvores que resistem ao inverno. A fogueira é a luz: ilumina, aquece, afugenta animais ferozes, assa os alimentos.



Na releitura contemporânea, portanto, as festas juninas "guardam as reminiscências das ancestrais aglomerações festivas", conforme frisa Ikeda.




Tradição brasileira




Tradições regionais guardam suas especificidades também nas festas juninas. — Foto: Luciano Ferreira/PCR via BBC


Paçoca, pamonha, pipoca, bolo de fubá, canjica, curau, pé de moleque, maçã do amor. Vinho quente e quentão. Brincadeiras de pular fogueira e dançar a quadrilha. Chapéu de palha, camisa xadrez, calça com remendos. Bombinhas e rojões, fogos de artifício. Bandeirinhas coloridas penduradas em varais de barbante.


No Brasil, as festas juninas foram reinventadas e se tornaram uma exaltação das raízes caipiras. E muito além da religiosidade, tornou-se tradição, folclore. Como se o ciclo se fechasse: o que nasceu como ritual gregário, de celebração social, e depois foi apropriado por uma religião dominante, acabou na cultura popular sendo devolvido ao sentido original — ou seja, a festa pela alegria de festejar.



Não à toa, a folclorista Laura Della Mônica registrou em seu livro Os Três Santos do Mês de Junho que "respeitar as festas e orações dedicadas a cada um dos três santos do mês de junho, segundo a tradição, é obrigação e dever de todos nós, pelo menos culturalmente". O "todos nós" é o brasileiro. Porque mesmo nascida no Velho Mundo, as festas juninas assumiram uma identidade própria em território nacional.



"A colonização da América colocou novamente a questão [da apropriação cultural] para os jesuítas e todos os religiosos que se instalaram no continente sul-americano", pontua a socióloga Rangel.




"No caso do Brasil, houve uma coincidência do calendário. No inverno seco, o solstício de inverno marca o período dos trabalhos agrícolas mais importantes. Do mesmo modo que, para os povos do hemisfério norte é o período de rituais de fertilidade, [a festa por aqui também vem] com as mesmas características, congrega as famílias na evocação da abundância."


As tradições regionais guardam suas especificidades, como era de se esperar em um país de dimensões continentais. "Sempre foram festas e rituais populares", salienta Rangel.


"No Brasil temos expressões regionais muito fortes: o São João nordestino, o Boi Bumbá da região norte, o Boi de Mamão no sul, Cavalhadas no centro-oeste e as festas do Divino Espírito Santo e muitas regiões, particularmente no estado de São Paulo."



A pesquisadora comenta que "conforme os padres vão chegando nas paróquias, começam a interferir nas comemorações". É quando vem o sincretismo: a festa popular também é festa católica, a quermesse organizada pela igreja também tem os rituais populares.



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"Até hoje as paróquias, as igrejas, realizam festas juninas. Só não estão realizando neste período em função da pandemia de covid. Mesmo que as maiores festas estejam predominantemente tendo somente o caráter festivo, mais comercial, de exploração pelo ganho financeiro, as igrejas continuam fazendo comemorações aos santos juninos", pontua Ikeda.


"Embora muitas pessoas não católicas também participem das festas, embora predomine uma visão genérica que as festas juninas não guardam mais relação com a religiosidade, há ainda um relacionamento das igrejas com esses santos juninos."



Para ele, a evolução da festividade consiste no fato de que "toda aglomeração possibilita o incentivo ao comércio". "E a alimentação está neste centro, na busca mesmo do repasto cerimonial e festividades, danças e músicas que sempre estiveram ligados aos antigos rituais."


Ikeda lembra que a as festas populares têm uma importância antropológica por serem "práticas gregárias que ciclicamente comemoram a própria constituição, a própria existência das comunidades enquanto coletividade, a reunião de grupos humanos que preservam uma história comum".


"No caso da feste junina, esse vestir-se de caipira, simbolicamente, é um instrumento de importância até emocional e psicológico para as pessoas se sentirem com a identidade ligada ao passado, aos pais e avós que praticavam aquilo, comemorando de forma parecida", analisa o pesquisador.


"Assim, a prática possibilita a guarda de uma continuidade ao longo do tempo."




Suspensão sanitária




Nunca é demais enfatizar: com a pandemia de covid-19 ainda fora de controle, seria uma péssima ideia realizar qualquer tipo de festa neste período — se quer comemorar, faça em casa somente com seu núcleo familiar.


Então, 2021 será o segundo ano consecutivo em que o Brasil não terá, ao menos de modo ostensivo, a tradição das festividades com bandeirinhas coloridas. Doutora em História das Ciências da Saúde e autora do livro A Gripe Espanhola na Bahia, a historiadora Christiane Maria Cruz de Souza afirma que esse cancelamento não ocorreu nem na epidemia de 100 anos atrás.



Isto porque a gripe chegou ao Brasil bem depois dos festejos de 1918. E, no ano seguinte, a epidemia estava controlada. "A gripe espanhola não teve nenhuma interferência no São João. Os primeiros registros da doença apareceram em setembro de 1918 e a doença foi se extinguindo aos poucos. Em Salvador, ele não avançou para o ano de 1919. Houve alguns surtos, em lugares mais remotos, até 1920, mas sem caráter epidêmico."


É de se supor, inclusive, que as festividades de 1919 tenham sido ainda mais animadas. "Passada a epidemia de gripe espanhola, tudo o que as pessoas queriam eram esquecê-la", afirma Souza.


Em 20 de junho de 1919, entretanto, surgiram os primeiros registros indicando uma epidemia de varíola na capital da Bahia.



"Começaram a aparecer um caso aqui, outro ali, mas ainda sem a força suficiente para poucos dias depois interditar os festejos de São João", nota a pesquisadora.




"As autoridades sanitárias demoraram muito para reconhecer que ocorria uma epidemia terrível de varíola. Autoridades públicas só costumam reconhecer a existência de uma epidemia quando se torna inevitável devido ao acúmulo de adoecimentos e mortes, quando o número de doentes e mortos ultrapassa a normalidade esperada para os casos da doença. Isso demora um tempo."



Rangel ressalta, inclusive, que até a primeira metade do século 20, as festas juninas eram muito menores, restritas a familiares e pequenos grupos comunitários. Muito menos do que os eventos de hoje em dia. "Eram festas de arraial, de quintais, de quermesses", diz.

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