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domingo, 16 de maio de 2021

Universidade do Ceará pede para testar em humanos vacina contra covid-19




A Universidade Estadual do Ceará (Uece) pediu autorização à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para iniciar testes em humanos de uma vacina contra a covid-19 desenvolvida pela instituição. Com pesquisas iniciadas em abril de 2020, o imunizante apresentou eficácia superior a 90% nas fases pré-testes, quando é aplicada em camundongos.


Batizada como 2H120 Defense, a vacina cearense tem valor estimado de R$ 0,04 por dose e a imunização completa com duas doses. Caso o custo se confirme e receba as devidas autorizações de uso, será a vacina mais barata a ser usada no Brasil.


Se for autorizada pela agência, a universidade conduzirá o estudo clínico em três fases, conta Ney Carvalho, pesquisador do Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular (LBBM) da Uece.

Na primeira, recrutará cerca de 100 pessoas adultas, com idade entre 18 e 60 anos, que não apresentem comorbidades.
Para a segunda, selecionará pessoas acima de 60 anos com comorbidades.
Para a última fase, não há um número específico de pessoas, mas deverão ter múltiplos perfis e ser de diversas partes do Brasil.
"Para esses testes, selecionaremos pessoas saudáveis que ainda não tenham tomado outras vacinas contra a covid-19", conta Izabel Florindo, professora imunologista e coordenadora do LBBM.


Vacina veterinária


A 2H120 Defense utiliza um modelo de coronavírus aviário já disponível no mercado e que, enfraquecido, não causa contaminação em humanos. O vírus atenuado é o que provoca a bronquite infecciosa aviária e já foi utilizado na formulação de vacina, mas para uso em aves, não para humanos.


Na fase pré-clínica, o imunizante foi testado em 60 camundongos, divididos por grupos que receberam a vacina por meio intranasal, subcutânea e oral.


Apenas depois da fase clínica é que os fabricantes ou pesquisadores podem pedir uso emergencial ou aprovação definitiva da vacina.


Apoio do governo estadual


O governador Camilo Santana (PT) usou suas redes sociais para apoiar a vacina da universidade estadual. Ele trava uma disputa para a Anvisa liberar o uso emergencial da Sputnik V. Em março, o governo cearense assinou contrato para adquirir 5,87 milhões de doses do imunizante russo.


A documentação necessária foi enviada pela UECE no último domingo (10). Técnicos da agência e da instituição de ensino se reuniram nesta quinta-feira (13) para discutir o projeto de desenvolvimento clínico do "potencial imunizante vacinal contra SARS-Cov-2", confirmou a Anvisa. A entidade aguarda documentos entregues de forma física para iniciar a análise.


Custo baixo


A expectativa dos pesquisadores é que, quando finalizada, a vacina cearense seja uma das mais baratas ofertadas no país. Com valor estimado de R$ 0,044 por dose, a imunização completa ocorrerá após a segunda dose.


O custo por dose da Coronavac é de US$ 3,16 e o da Pfizer, de US$ 12.


Segundo Ney Costa, o valor é baixo porque os pesquisadores querem ter uma concentração de vírus por frasco suficiente para fornecer 250 doses. Além disso, cada recipiente, estima, custará R$ 11.


"Esta é uma estimativa superficial considerando o preço de mercado desta vacina na área veterinária, sem considerar os aspectos de vias de aplicação, dispositivos por métodos de aplicação ou profissional", afirma. A universidade não informa, porém, o volume do frasco.


Se este valor se confirmar, seria necessário gastar pouco mais de R$ 21 milhões para imunizar toda a população brasileira.


Outras vacinas
Além do projeto da UECE, outras iniciativas estão em desenvolvimento no Brasil, como a da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto em parceria com a Farmacord e a PDS, em fase pré-clínica, e as das universidades federais de Minas Gerais e Rio de Janeiro, que estão em fase inicial de desenvolvimento.


Atualmente, apenas quatro imunizantes são aprovados pela Anvisa para uso no Brasil:

Coronavac,
Pfizer,
Oxford/AstraZeneca e
Janssen.
Com exceção da Janssen, as demais estão incluídas no PNI (Programa Nacional de Imunização), sendo que AstraZeneca e Pfizer já tiveram o registro definitivo autorizado pela Anvisa.
A última a receber autorização para testes em humanos foi a indiana Covaxin, liberada nesta quinta-feira (13).


A russa Sputnik V não obteve aprovação da Anvisa e a americana Moderna não entregou documentação, mas foi aprovada pelas agências americana e europeia.


Estão em contato com a Anvisa os fabricantes de outras candidatas, como Syneos Health, CanSino, Dasa/Covaxx, Institute of Medical Biology of Chinese Academy of Medical Sciences e Clover.

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