Testes positivos com remédios contra a malária e outras doenças
provocaram uma busca em farmácias, deixando quem realmente precisa sem
medicação; especialistas alertam sobre os riscos.
Por G1
20/03/2020
14h57 Atualizado há um dia
Coronavírus: Anvisa alerta que automedicação pode representar grave
risco à saúde
A
pandemia da Covid-19 traz o risco da automedicação. Um remédio que é usado
contra malária e outras doenças foi testado com sucesso no tratamento do
coronavírus, na França – mas em um grupo pequeno, de 20 pacientes. As
informações são do Jornal Hoje.
A
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta que não há
estudos conclusivos sobre o uso do medicamento para o tratamento do
coronavírus. E o pior: quem precisa do remédio, não está achando.
A
hidroxicloroquina sumiu das prateleiras depois que estudos da França, China e
dos Estados Unidos apresentaram bons resultados em pacientes com o novo
coronavírus.
Giuliana
Bastos tem lúpus, uma doença autoimune que causa inflamações. Ela precisa tomar
um comprimido por dia para evitar que a doença se manifeste, mas tem somente
cinco.
"Eu
mobilizei absolutamente todas as minhas redes sociais, todas as farmácias do Rio
de Janeiro, São Paulo e Minas, estou mobilizando um monte de gente pra me
ajudar a achar o remédio e absolutamente ninguém encontra esse remédio",
afirma.
"Fomos
a três farmácias e em nenhuma encontramos o medicamento."
O
remédio também é indicado para quem tem malária.
A
hidroxicloroquina foi testada em um grupo pequeno, 20 pacientes de Covid-19 na
França. A droga se mostrou eficaz na redução da quantidade de vírus nas
secreções respiratórias. Mas os autores não avaliaram o impacto na letalidade
ou na gravidade da doença.
Nas
farmácias, a informação é que muitas pessoas decidiram estocar a
hidroxicloroquina pra usar caso sejam contaminadas pelo novo coronavírus.
Mas os
pesquisadores alertam: o remédio ainda está em testes, e é cedo pra garantir a
eficácia dele no tratamento da infecção. Além de prejudicar quem realmente
precisa desse medicamento.
O
presidente da Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas, Flávio Emery,
reforça o alerta. Ele lembra que esse remédio é específico para tratamento das
chamadas doenças autoimunes, como o lúpus, e o que o uso indevido é muito
perigoso.
"Você
tem o risco inicial de cegueira, de lesão forte na retina, de problemas
hepáticos, de anemia e, mais importante ainda registrar, problemas
cardiovasculares graves", disse.
"A
partir do momento que eu paro de tomar o remédio, eu também posso estar em
leito de hospital, eu posso também estar precisando de cuidados médicos que é o
grande problema hoje no nosso país", disse Giuliana, que tem indicação
médica e depende desse remédio há 17 anos.
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