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domingo, 22 de março de 2020

Automedicação contra coronavírus pode levar à falta de remédios para outras doenças



Testes positivos com remédios contra a malária e outras doenças provocaram uma busca em farmácias, deixando quem realmente precisa sem medicação; especialistas alertam sobre os riscos.
Por G1
20/03/2020 14h57  Atualizado há um dia


Coronavírus: Anvisa alerta que automedicação pode representar grave risco à saúde
A pandemia da Covid-19 traz o risco da automedicação. Um remédio que é usado contra malária e outras doenças foi testado com sucesso no tratamento do coronavírus, na França – mas em um grupo pequeno, de 20 pacientes. As informações são do Jornal Hoje.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta que não há estudos conclusivos sobre o uso do medicamento para o tratamento do coronavírus. E o pior: quem precisa do remédio, não está achando.
A hidroxicloroquina sumiu das prateleiras depois que estudos da França, China e dos Estados Unidos apresentaram bons resultados em pacientes com o novo coronavírus.
Giuliana Bastos tem lúpus, uma doença autoimune que causa inflamações. Ela precisa tomar um comprimido por dia para evitar que a doença se manifeste, mas tem somente cinco.
"Eu mobilizei absolutamente todas as minhas redes sociais, todas as farmácias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas, estou mobilizando um monte de gente pra me ajudar a achar o remédio e absolutamente ninguém encontra esse remédio", afirma.
"Fomos a três farmácias e em nenhuma encontramos o medicamento."
O remédio também é indicado para quem tem malária.
A hidroxicloroquina foi testada em um grupo pequeno, 20 pacientes de Covid-19 na França. A droga se mostrou eficaz na redução da quantidade de vírus nas secreções respiratórias. Mas os autores não avaliaram o impacto na letalidade ou na gravidade da doença.
Nas farmácias, a informação é que muitas pessoas decidiram estocar a hidroxicloroquina pra usar caso sejam contaminadas pelo novo coronavírus.
Mas os pesquisadores alertam: o remédio ainda está em testes, e é cedo pra garantir a eficácia dele no tratamento da infecção. Além de prejudicar quem realmente precisa desse medicamento.
O presidente da Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas, Flávio Emery, reforça o alerta. Ele lembra que esse remédio é específico para tratamento das chamadas doenças autoimunes, como o lúpus, e o que o uso indevido é muito perigoso.
"Você tem o risco inicial de cegueira, de lesão forte na retina, de problemas hepáticos, de anemia e, mais importante ainda registrar, problemas cardiovasculares graves", disse.
"A partir do momento que eu paro de tomar o remédio, eu também posso estar em leito de hospital, eu posso também estar precisando de cuidados médicos que é o grande problema hoje no nosso país", disse Giuliana, que tem indicação médica e depende desse remédio há 17 anos.

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