Em todos os pontos, o ato foi considerado pacífico, sem registro de confusões, segundo os órgãos de segurança
01:00 · 26.05.2018 / atualizado às 01:09 por Márcio Dornelles - Repórter
Um grupo de 70 caminhoneiros acenava e gritava no acostamento do quilômetro 14 da BR-116, no município de Itaitinga, na última sexta-feira (25). Representavam, pelo menos, outros 300 motoristas que estavam estacionados no posto localizado em frente. Faziam um revezamento no controle do ponto, permitindo a passagem de motocicletas, veículos de passeio, de emergência, ônibus e caminhões com carga viva. Transportadores de outros conteúdos nem se aproximavam do trecho, exatamente porque sabiam da interdição.
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Assim como em Itaitinga, motoristas autônomos de outros 19 locais de rodovias federais mantinham o mesmo rigor na fiscalização, mesmo cientes do decreto assinado pelo presidente Michel Temer, autorizando o uso das Forças Armadas em todo o País. No fim da tarde de ontem, não havia confirmação de quando agentes federais poderiam intervir, tampouco interesse dos condutores de cessar o movimento.
"Vamos ficar aqui até uma definição disso aí, porque hoje não tem condições. Uma bagunça danada, aumenta a hora que quer (o combustível)", disse o carioca Lenir Amaral, à beira da estrada.
Já Mateus Keller, natural de Mato Grosso do Sul, convocava motoristas comuns para se juntarem ao ato. "A ideia é continuar até a população vir para a pista também. Isso não é só coisa nossa, é de todo mundo", completou o motorista.
Apesar da mobilização, a Polícia Rodoviária Federal informou que uma equipe foi ao local e conseguiu liberar a via no quilômetro 21. A estrada mais afetada no Ceará foi a BR-116.
Ao todo, antes do início das liberações, 11 trechos da Rodovia Santos Dumont acumulavam caminhoneiros e reclamações sobre a constante alta no preço dos combustíveis. A outra rodovia que teve ponto liberado foi a BR-222, na altura do quilômetro 5, em Caucaia. As duas intervenções da PRF foram informadas às 20h da sexta-feira.
Um dos pontos mais críticos era o quilômetro 70 da BR-116, em Chorozinho. Ainda resistiam na região aproximadamente 800 caminhões, ocupando 6 quilômetros de acostamento da via nos dois sentidos. O trânsito apresentou lentidão ao longo do dia, especialmente no final da tarde. A maioria dos condutores, inclusive de veículos de passeio, buzinava, em apoio ao movimento dos profissionais autônomos. A interdição do km 45 da BR-116, em Pacajus, também foi liberada na sexta.
Na Grande Fortaleza, os protestos foram mapeados em Itaitinga, Eusébio, Caucaia, Maracanaú, Pacajus, Aquiraz e Chorozinho. Já no Interior, a PRF confirmou pontos em Russas, Tabuleiro do Norte, Alto Santo, Brejo Santo e Penaforte na BR-116; Tianguá, Sobral e Umirim na BR-222; Canindé e Tauá na BR-020; Aracati na BR-304; e Itapipoca na BR-402.
Em todos os pontos, o ato foi considerado pacífico, sem registro de confusões.
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, em Brasília, afirmou que 419 pontos nas rodovias foram liberados no período da tarde de sexta, representando 45% dos 938 locais interditados. "As obstruções que continuam, todas elas são parciais, o que aponta para a adesão crescente dos senhores caminhoneiros ao acordo que foi fechado no Palácio do Planalto", declarou.
Pedido
A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) divulgou nota, na sexta, pedindo que os caminhoneiros retirassem as interdições nas rodovias. O pedido foi feito após ameaça do presidente Michel Temer, que autorizou os agentes de segurança a usarem da força para desobstruir as rodovias.
Já o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, divulgou vídeo afirmando que as lideranças que participaram de reunião em Brasília na última quinta-feira não se comprometeram a encerrar imediatamente as paralisações.
"Não concordamos com o que o senhor (Temer) falou e lamentamos essa condução que está sendo feita pelo governo, tentando dividir a categoria", disse.
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