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quarta-feira, 1 de maio de 2024

30 anos sem Senna: infográfico especial mostra passo a passo do acidente fatal em Ímola


Maior nome do automobilismo brasileiro morreu durante o GP de Ímola de 1994 após falha no carro e batida na Curva Tamburello

Por Marcos Antomil

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As manhãs de domingo para os fãs de automobilismo nunca mais foram as mesmas depois de 1º de maio de 1994. Ligar a televisão à espera de ouvir o “tema da vitória” e ver a bandeira brasileira no lugar mais alto do pódio tornou-se um hábito. O País tinha motivo para se orgulhar em um momento de crise econômica e social lastreada por uma hiperinflação. A morte do tricampeão mundial Ayrton Senna ao vivo chocou o mundo todo.

Em Ímola, na Itália, foi colocado um ponto final em uma história que indicava ter novas páginas a serem escritas. Precedida por uma série de alterações de regulamento que eliminaram componentes eletrônicos - que auxiliavam a pilotagem, como a suspensão ativa, controle de tração e o freio ABS, e tornaram o esporte mais perigoso dada a manutenção da potência dos motores -, aquela temporada deixou cicatrizes profundas na Fórmula 1, especialmente no fim de semana em que acidentes fatais voltaram a dar um tom mórbido à categoria máxima do automobilismo após mais de 11 anos.
Como foi o acidente


1. Preocupação nos boxes


MARCOS MÜLLER/ESTADÃO

Durante o treino de sexta-feira, no Autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, o brasileiro Rubens Barrichello, da Jordan, sofreu um grave acidente ao tentar contornar a Variante Baixa. Seu carro decolou ao subir na zebra, acertando a barreira de pneus e capotando. Barrichello ficou desacordado, foi socorrido e ficou fora do restante do GP. No dia seguinte, o austríaco Roland Ratzenberger, da Simtek, se acidentou na curva Villeneuve, bateu numa barreira de concreto e morreu.

A morte de Ratzenberger chocou os pilotos. Senna cogitou não correr, de acordo com sua então namorada Adriane Galisteu. O próprio médico da F-1 que atendeu Senna naquele fatídico domingo, Sid Watkins, também sugeriu que o tricampeão não corresse. Mas o piloto da Williams, assim como os demais colegas, foram para a pista no domingo, com mudanças importantes, sob a liderança de Senna, previstas para a etapa seguinte, como o limite de velocidade nos boxes. Outra reivindicação foi a retirada do carro de segurança da volta de apresentação sob a justificativa de que sua lentidão fazia com que os pneus não aquecessem corretamente antes da largada.

2. Acidente na largada


MARCOS MÜLLER/ESTADÃO

Ayrton Senna, com a Williams, partiu na pole position do GP de San Marino, com Michael Schumacher, da Benetton, em segundo. Na largada, o primeiro acidente. O português Pedro Lamy, da Lotus, acertou a Benetton do finlandês JJ Lehto, que ficou parado. Pneus que se soltaram do carro do lusitano acertaram quatro espectadores que estavam nas arquibancadas e ficaram feridos.

3. Safety car na pista


MARCOS MÜLLER/ESTADÃO

O safety car, então, entrou na pista enquanto os carros e detritos eram recolhidos na pista. A uma velocidade muito mais baixa, os pneus perdem temperatura, diminuindo a aderência. Outra consequência possível era a diminuição da pressão dos pneus, causando um rebaixamento da altura do carro. Na sexta volta, o safety car foi recolhido para os boxes, e os carros voltaram a acelerar.

4. Schumacher pressiona


MARCOS MÜLLER/ESTADÃO

Depois da relargada, Senna se sustenta na liderança da prova em Ímola, com Michael Schumacher em segundo lugar e pressionando o brasileiro em busca da primeira colocação.

5. Senna bateu!


MARCOS MÜLLER/ESTADÃO

Na sétima volta, às 14h12 no horário da Itália, Senna, ainda em primeiro lugar, não consegue contornar a curva Tamburello, passa reto e bate a mais de 200km/h no muro. Pedaços do carro se espalharam pela pista e, imediatamente, a direção da prova acionou a bandeira amarela e, em seguida, interrompeu a corrida com bandeira vermelha.
MARCOS MÜLLER/ESTADÃO

A principal causa do acidente foi a quebra da barra de direção do carro de Senna. O brasileiro havia questionado a Williams pela falta de espaço para mexer o volante dentro do cockpit sem que as mãos batessem nas laterais. A alternativa encontrada foi aumentar a barra de direção em 5 cm com uma emenda, feita com um tubo de diâmetro menor - cerca de 4mm -, que foi soldado. Essa emenda rompeu, o que causou a perda de direção e, consequentemente, o acidente fatal.
MARCOS MÜLLER/ESTADÃO

O socorro demorou a chegar para Senna. Depois de mais de um minuto apareceram os primeiros paramédicos para auxiliá-lo. A batida provocou a quebra da barra de suspensão direita do carro, responsável por conectar o monocoque à roda. Esse braço, chamado de “push rod”, ao se soltar acertou o capacete do brasileiro, na direção da viseira, perfurando o material e provocando um afundamento na parte frontal da cabeça de Senna. O impacto tão forte fez a cabeça se chocar com a parte de trás do cockpit, levando a uma fratura da base do crânio com perda encefálica.

6. Tentativa de reanimação


MARCOS MÜLLER/ESTADÃO

Houve muita dificuldade do corpo médico para retirar o capacete de Senna e, posteriormente, seu corpo de dentro do cockpit. Então, foram feitas tentativas de reanimação, uma vez que não havia sinais vitais. Também foi realizada uma traqueostomia para melhorar o fluxo de ar. Muito sangue ficou espalhado no chão. A morte cerebral não poderia ser detectada por falta de equipamentos próprios para essa averiguação. O coração de Senna voltou a bater, mas não havia esperanças.

7. A caminho do hospital


MARCOS MÜLLER/ESTADÃO

Depois de concluídos os primeiros socorros, Senna foi levado em um helicóptero UTI ao Hospital Maggiore, de Bolonha, distante cerca de 50 quilômetros do Autódromo Enzo e Dino Ferrari. Com a saída do helicóptero da pista e cerca de 50 minutos após a colisão, os carros se realinharam para um novo procedimento de largada. Michael Schumacher ganhou a prova.

8. Anúncio da morte


MARCOS MÜLLER/ESTADÃO

Senna ainda apresentou batimentos cardíacos e respiração por algum tempo, mas não havia mais atividades cerebrais. Ele chegou ao hospital em coma profundo, com choque hemorrágico - causado pelo rompimento da artéria temporal superficial -, além do traumatismo craniano. Às 13h05 (de Brasília), a médica Maria Teresa Fiandri leu um boletim sobre o estado de Senna. Àquela altura, foi anunciada a morte cerebral após o eletroencefalograma não detectar mais atividades cerebrais. Mas a ventilação mecânica prosseguiu como orientava a lei italiana. Às 13h40 (de Brasília) do dia 1º de maio de 1994, o coração de Senna parou de bater, e sua morte foi anunciada pela mesma médica, no saguão do hospital, às 14h05 (de Brasília).
Depoimentos



Personalidades importantes, entre jornalistas e pilotos, revelam ao Estadão suas memórias sobre aquele dia 1º de maio de 1994.




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O funeral



O corpo de Ayrton Senna foi liberado do IML local para voltar ao Brasil dois dias após sua morte. A Força Aérea Italiana transportou o caixão do piloto brasileiro para a capital francesa, Paris, e depois ele seguiu em um voo comercial para o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. A chegada ao País aconteceu às 6h14, do dia 4 de maio.






O caixão seguiu em cortejo pelas ruas da capital paulista sobre um caminhão do corpo de bombeiros.





Estima-se que mais de um milhão de pessoas se aglomeraram nas ruas para se despedir do ídolo máximo. Outras 250 mil foram à Assembleia Legislativa de São Paulo, onde o corpo foi velado por mais de 22 horas.





O corpo de Ayrton Senna foi enterrado na manhã do dia 5 de maio, no Cemitério Parque Morumby, em São Paulo.






O que mudou em 30 anos



Uma série de mudanças em aspectos de segurança foi executada na Fórmula 1 desde a morte de Ayrton Senna. Conjuntos do carro foram aperfeiçoados para evitar que novos acidentes fatais ocorressem. Em 30 anos, a categoria teve somente um acidente que levou à morte de um piloto, o francês Jules Bianchi, no GP do Japão de 2014, que introduziu outras alterações.

Atualmente, os carros possuem estruturas que protegem o corpo do piloto, da cabeça aos pés. O bico, as laterais do cockpit e a traseira têm reforços capazes de absorver o impacto em caso de batida. Materiais como as fibras sintéticas kevlar e zylon tornaram mais seguro correr de Fórmula 1.


Além da tradicional barreira de pneus, a F-1 incorporou há alguns anos uma nova barreira, chamada “TecPro”, agilizou seu procedimento de atendimento a pilotos acidentados, aumentou áreas de escape e proteção nas pistas mundo afora.


Uma reivindicação de Senna na véspera de sua morte foi a limitação da velocidade dos carros nos boxes. A ideia foi colocada em prática depois e, atualmente, é de 80 km/h, com algumas exceções, como Mônaco, em que o pit lane é mais estreito, e o limite passa a 60 km/h.

Por causa do gravíssimo acidente de Jules Bianchi em Suzuka, a Fórmula 1 criou um safety car virtual (VSC, sigla em inglês). Caso haja algum acidente ou problema na pista de menor grau, os carros diminuem o ritmo de volta em 30% a 40% para evitar que permaneçam em alta velocidade mesmo sob bandeira amarela.


O Autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, passou por transformações no traçado. Um dos mais velozes e perigosos, ele voltou a fazer parte do circo da Fórmula 1 durante a pandemia de covid-19, em 2020, após 13 anos fora do calendário. O circuito alterou a curva Tamburello, onde Senna morreu, para uma chicane, obrigando frenagem dos carros. A curva Villeneuve, onde Ratzenberger sofreu o acidente fatal também se tornou uma variante.


Entre os principais equipamentos obrigatórios de um piloto de Fórmula 1 está o Hans (“head and neck support” que significa “apoio de cabeça e pescoço”), desde 2003. Ele fica preso ao capacete e sustenta a cabeça e o pescoço do piloto para que não aconteça o mesmo que passou com Senna com o impacto do braço da suspensão do carro, que acertou seu capacete e provocou uma fratura da base do crânio.


Capacete e célula de sobrevivência foram aperfeiçoados para resistir a maiores impactos e reduzir os danos ao piloto em caso de acidente. As laterais do carro foram elevadas. Anteriormente, o piloto ficava com os ombros expostos fora do cockpit, agora a proteção é maior. O macacão tem como uma das principais missões impedir que o piloto se queime se o carro incendiar, luvas e sapatilhas seguem o mesmo padrão.


Uma das mais importantes medidas de segurança foi a adoção do Halo após muitos testes e motivada principalmente pelo acidente de Felipe Massa, na Hungria, em 2009, em que foi atingido na cabeça por uma mola solta do carro de Rubens Barrichello. O item se tornou obrigatório apenas em 2018 e já salvou algumas vidas na Fórmula 1, entre elas de Romain Grosjean e do heptacampeão Lewis Hamilton.


EDITOR DE ESPORTES GUSTAVO FALDON; REPORTAGEM MARCOS ANTOMIL; MOTION DESIGN MARCOS MULLER; INFOGRÁFICOS EDMILSON SILVA E MAURO GIRÃO; EDITORA DE INFOGRAFIA REGINA ELISABETH SILVA, EDITORES-ASSISTENTES DE INFOGRAFIA ADRIANO ARAUJO E WILLIAM MARIOTTO

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